domingo, 15 de setembro de 2013

Entre o amor e a magia


Entre o Amor e a Magia
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Entre o Amor e a Magia
Suh Chaves Linhares
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Capítulo 1
São seis da manhã em SunsetFalls. Olho pela janela e vejo que o tempo está nublado, tempo preguiçoso, a vontade de ficar na cama é enorme, mas preciso levantar...meu teste de História Medieval está a minha espera.
Tomo meu banho e pego um iogurte e sai correndo pela porta do meu dormitório, no corredor encontro vários alunos correndo como eu. Tenho sorte do meu dormitório ficar localizado apenas cinco minutos do prédio principal da Universidade Estadual de SunsetFalls e assim posso ir caminhando, apreciando a bela paisagem do Campus.
A UESF fica na região sul de SunsetFalls, próximo as áreas rurais. É bastante arborizada com carvalhos, cedros e pinheiros. É comum os alunos ficarem sentados embaixo de suas sombras com seus livros ou simplesmente batendo um papinho com os amigos antes e depois das aulas.
Os prédios são enormes, com colunas em estilo jônicos e grandes porta de carvalho. As escadarias são revestidas por mármores brancos e as paredes dos prédios são de coloração vermelha e branca...As cores da universidade.
Chego cinco minutos adiantados para o meu teste de História Medieval, e antes de entrar na sala encontro meu namorado encostado próximo à porta da minha sala. Ele é Matthew Campbell,
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o astro do time de basquete e herdeiro do escritório de advocacia Campbell & Associados. Matt tem 1,95 de altura, corpo atlético, cabelos negros e olhos azuis...Um deus grego, por onde passa as meninas suspiram. Sempre achei que formamos um belo casal.
- Bom dia minha linda!
- Bom dia meu amor!
- Tenho uma proposta: Que tal fugirmos das aulas de hoje? Vamos para o rio Cristalino apreciar a natureza, e ai? Topas?
A tentação é grande, Matt com seus planos de fuga...
- Não posso Matt, vou ter teste de História Medieval agora - Meu coração está em pedaços ao ver sua cara de decepção.
- Também tenho teste de direito ambiental Alice, mas não ia me importar de perder para passar um tempo com você. – Seu tom de voz é agressivo e isso me irrita.
- Você sabe que não gosto de faltar às aulas Matt, não tenho pai influente para interceder por mim e também não posso arriscar perder minha bolsa!
- Ok Alice, depois não diga que avisei...Vá para seu teste e espero que seja tão divertido quanto sair comigo! – Sai sem me dar um beijo.
- Matt! Não vá, você tem que me entender!
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- Vou procurar alguém para me fazer companhia, já que você nunca pode! – E vai embora.
Fico olhando Matt ir embora, chocada com as palavras que ele acabou de dizer. Matt já me magoou com suas palavras várias vezes, mas essa foi demais! Matthew tem várias qualidades, mas essa sua arrogância me tira do sério, é sempre assim: tudo tem que ser do jeito dele, na hora que ele quer e onde ele quiser...Típico de garoto mimado.
Matthew sempre teve tudo que quis: carros, motos, roupas de grife, viagens internacionais. Sairá da universidade com emprego garantido ao lado do pai: o senhor Alexander Campbell II, dono do maior escritório de advocacia da cidade, é um homem muito respeitado, faz parte da alta sociedade de SunsetFalls.
Respiro fundo e entro na sala, encontro minha melhor amiga: Cassandra Lee. Cassandra é um amor de pessoa e muito graciosa: ruiva de cabelos enrolados, olhos verdes e com 1,70 de altura. Um bom contraste comigo: morena de cabelos negros e lisos, olhos castanhos e com 1,70 de altura também. Não há o que negar, somos duas figuras femininas bem charmosas e também engraçadas.
Cassandra é minha amiga de infância, nascemos na cidade de River Green (ganhou esse nome por causa do rio que passa nos limites da cidade), nossas famílias são amigas, sempre estudamos juntas, fomos ao nosso baile juntas, quando digo juntas é formando par...Foi muito engraçado a reação das pessoas. Sempre foram nós
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duas contra o mundo e sempre guardamos os segredos umas das outras, conhecemos uma a outra como se fossemos irmãs gêmeas.
- O que foi que aconteceu? – Disse logo a me ver bufando de raiva.
- Matthew, como sempre. – Digo, me afundando na cadeira da sala de aula.
- Ai Alice, como você aguenta esse cara! Sinceramente, não sei o que você viu nele...Tá, ele é gostosão, mas é muito arrogante, não combina com você. Precisas de um rapaz menos egoísta e sem um ego do tamanho do país!
Cass tinha razão, o ego de Matt é maior que o continente americano.
- Mas ele tem seu lado bom Cass, ele é gentil...
- Só quando você faz as vontades dele. - Me interrompe.
- educado...
-Só quando ele quer. – me interrompe novamente. Já estou olhando torto para ela.
- E ele gosta de mim e também...
- Gosta de você? Tem certeza? Porque se ele gostasse mesmo não seria esse idiota mesquinho e não te deixaria triste do jeito que você está agora. – É impressionante como Cass dá sua opinião sem eu pedir.
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- Dá para você parar de me interromper? Ah, quer saber. Deixa para lá, não estou a fim de conversar. – Olho para porta e vejo o professor entrar com um apilha de papeis na mão.
-Bom dia a todos! - Diz todo sorridente – Hoje nosso tão esperado teste de História Medieval, depois dele só vamos nos ver de novo em dois meses, então, bom teste e boas férias de fim de ano!
Férias de fim de ano, melodia em meus ouvidos.
Concentração Alice, concentração! Esse é meu mantra para não ter que pensar nas idiotices de Matt.
Após duas horas e meia, finalmente entreguei meu teste. Fiquei esperando Cassandra do lado de fora da sala, combinados de sair para comemorar antes de arrumarmos as malas e voltar para casa. Depois dez minutos Cassandra aparece sorridente:
- Esse foi o melhor teste que fiz em toda a minha vida!
- River Green, ai vamos nós!
Saímos e fomos pegar meu carro, que estava no estacionamento do dormitório. É um Ford Focus preto, ganhei da minha avó quando entrei na universidade. Não que a minha família seja rica como a de Matthew, mas temos uma vida confortável. E minha vó reservou um dinheiro para me dar um presente útil e me deu esse carro, nossa...não consigo imaginar como seria minha vida sem ele aqui.
Cassandra e eu saímos do campus em direção a Avenida Boulevard, é lá que tudo acontece: bares, restaurantes, lojas, cinema e garotos.
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Foi passeando pela Praça Vannila que conheci Matt. Foi no segundo ano da faculdade, fui comprar uns livros e acabei dando de contra nele, derrubei seus livros no chão...Fiquei muito envergonhada e pedi desculpas, e foi nesse momento que me apaixonei. Ele com seu sorriso encantador me ajudou a levantar e disse:
- Oi, sou Matthew, mas pode me chamar de Matt. E você é?
- Hã...Sou Alice, pode me chamar de Ali - Não sabia onde enfiar minha cara.
- Pelos livros você estuda na UESF, acertei?
- Sim, estou no segundo ano de história. – Meu coração estava para sair pela minha boca.
- Eu também! Estou no segundo ano de direito.
Retribuo o sorriso.
- Você mora no Campus Ali. – Ele me chamou de Ali, estou sonhando.
- Sim, sim, dormitório Alfa 3
- Legal...Queria morar no Campus, mas sou daqui de SunsetFalls, então fico em casa. Você é de onde?
- River Green.
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- É perto. Vamos tomar alguma bebida no bar? Você já tem idade para isso né. – Ele disse brincando.
- Acho que com 20 anos já estou apta a entrar em um bar. - Retribui o sorriso.
Depois desse dia, Matthew e eu nos encontramos outras vezes e assim que começou nosso namoro. Bons dias aqueles.
E um ano depois, estou eu no mesmo bar com Cass tomando um delicioso suco de laranja com vodca, feliz da vida por ter dois meses de descanso.
- E ai? Ansiosa para por os pés na estrada?
- Estou explodindo de ansiedade Cass! - Caímos na gargalhada. Cass sempre foi maravilhosa comigo.
- E Matthew? Ligou?
- Deixou uma mensagem enquanto estávamos no teste. Disse que vai me encontrar a noite.
- Você sabe minha opinião sobre seu namoro né? Mas você é adulta e sabe se defender.
- Sei sim, mas essas atitudes de Matt estão me deixando louca...preciso ficar um tempo longe dele.
Cassandra me olha espantada:
- É você mesmo? Alice Miller?
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- É sério Cassandra Lee, preciso saber se o que sinto pelo Matt é forte o suficiente para aguentar todas as grosserias e arrogâncias dele.
- Agora sim! Essa é a Alice que conheço!
Rimos e brindamos.
Às 20 horas Matt foi me buscar no dormitório, entramos em seu Audi A4 Preto e fomos a um restaurante elegante de SunsetFalls. Ainda estava sentida com as palavras que ele me disse pela manhã.
- Eles servem um peixe ótimo aqui. – Matt falou para quebrar o gelo.
Sorri sem dá importância ao que ele disse.
- Ali, sei que você está chateada comigo, fui um idiota e egoísta. Sei que amanhã você vai está indo para River Green... Só queria ter mais tempo com você. – Seus olhos eram bem penetrantes.
- Vem comigo Matt! Podemos passar essas férias juntos.
- Você sabe que não posso Alice. Você sabe que durante as férias eu faço estágio no escritório do meu pai!
- Mas você sempre tem uma semana de férias antes do estágio Matt! Porque você não fica comigo durante essa semana? Ah é esqueci! Você sai para velejar com seus priminhos né. – Falei com tom irônico.
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- Alice não começa!
- Não começa você Matthew Campbell! É sempre assim, tudo gira em torno de você, sempre tem que ser do seu jeito, o que é melhor para você. Você não para um segundo sequer para ouvir minhas sugestões, é sempre você, você e você!
- Porque você não fica então!
-Porque minha família não mora aqui! Eu preciso ir vê-los, mas você não entende né Matt, claro... Sua família está bem aqui!
Nem percebemos que nossas vozes aumentaram de tom e todos no restaurante estavam nos olhando.
- Sabe de uma coisa. - Disse eu – Precisamos de um tempo para pensar na nossa relação. Acho que dois meses são suficientes.
Levantei-me da cadeira e fui embora do restaurante. Matt ficou perplexo, jamais ele ia imaginar que eu teria uma reação desse jeito.
Estava indo pegar um táxi quando Matthew apareceu correndo na calçada.
- Ali! Ali! Me espera!
- O que foi Matt?
- Por favor, diga que você falou aquilo em tom de brincadeira? – Matt estava ofegante.
- Você acha que estava brincando?
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- Vamos fazer assim: você fica essa primeira semana aqui comigo e depois você viaja.
- Está vendo, seu egoísmo falando de novo! Já parou para pensar que quero te apresentar para meus pais? Minha avó e meus amigos? Por que eu tenho que abrir mão sempre? Porque você não cede um pouco também?
Matt não responde nada, simplesmente balança a cabeça.
- Você está sendo infantil Alice.
- Penso o mesmo de você. – Entrei no táxi.
Lágrimas rolaram em meu rosto. Sou apaixonada por Matt, mas não sei se estou disposta a aguentar seu egoísmo.
Fico feliz quando chego ao dormitório e vejo Cass dormindo que nem um bebê, não vou precisar dar explicações sobre esta noite. Me jogo na cama e fico olhando para o teto, pensando em mim, em Matthew, na viagem...
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Capítulo 2
Acordo com Cassandra cantarolando pelo dormitório, ela tem motivos para dá pulinhos de alegria: além das férias de fim de ano, ela vai reencontrar o seu namorado, Phillip Olsen. Phil é super legal, muito extrovertido e brincalhão, tem 1,90 de altura, cabelos louros e olhos verdes, ele e Cass foram feitos um para o outro...Parece até magia.
Levanto-me e vou correndo tomar banho, quero logo pegar a estrada e chegar cedo a River Green, estou com muita saudade da
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minha família e dos amigos. E lógico saudades da comida da minha mãe e dos doces da minha avó.
- Percebeu que esta quinta-feira está mais bonita que as outras? – Cass grita perto da porta do banheiro.
- Sim! É porque estamos oficialmente de férias!
- Férias! River Green ai vou eu!
Saio do banho e vou tomar café junto com a Cass. Ela fez panquecas e chocolate quente. Está delicioso...Não é de estranhar, Cassandra herdou o dom da sua família: fazer comidas deliciosas.
Lavamos a louça e fomos colocar as malas no carro, quando estou saindo do dormitório, encontro Matt encostados próximo à entrada.
- Oi.
- Olá. - Respondo sem olhar para ele.
- Quer ajuda Ali?
- Não, obrigada Matthew.
Matt vai atrás de mim e fica parado perto do carro.
- Ali, sei que pisei na bola ontem, por favor, me perdoe.
Não sei o que me deu, talvez seja o frisson das férias...
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- Sabe de uma coisa, já cansei de te perdoar por cada palavra que você solta, já estou cansada de namorar seu ego. – Ele me olha assustado - Sim Matthew Campbell, seu ego. Você é até um cara legal, mas esse seu jeito arrogante esconde o seu lado bom. Estive pensando que é melhor mesmo você não viajar comigo...Vamos ficar longe por dois meses, é tempo suficiente para pensar se esse namoro vale a pena.
Ufa! Desabafei! Me sinto tão leve...
-Alice! O que deu em você? Eu não quero terminar o namoro!
- Nem eu Matt! Mas precisamos desse tempo, EU preciso desse tempo. Não estou disposta a ser tratada com a segunda opção sempre!
- Você nunca foi segunda opção!
- Tem razão. Eu sempre fui a última opção. Ou a sua distração
- Ali...
Cassandra chega com as últimas malas.
- Oi Matt. Alice, já podemos ir.
Essa é minha deixa.
- Boas férias Matt, aproveite bem o passeio de veleiro com seus primos e tenha um bom estágio.
- Ali...Eu gosto de você, não esqueça disso. – Disse sorrindo.
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Espera ouvir outra coisa...não isso.
- Se cuida Matt. E entro no carro.
Cassandra me olha e pergunta:
- Que música você quer ouvir durante a viagem?
Olho para ela e começo a rir. Só Cass para me fazer rir numa situação dessas.
- Vamos ouvir Holiday, adoro o Greenday!
- Ótima escolha!
E saímos rumo a River Green.
Saímos da cidade universitária em direção a Avenida Boulevard, o trânsito estava um pouco lento devido por causa das férias, muito alunos retornando as suas cidades natais. Além disso, a população local fazia as compras de fim de ano. Todas as lojas enfeitadas com motivos natalinos, os restaurantes servido as comidas típicas de dezembro...É um movimento agradável de se ver. SunsetFalls é uma pequena cidade localizada ao norte do estado de Kentucky, assim como River Green. A diferença entre elas é que SunsetFalls é maior e mais movimentada que River Green, ambas ficam entre as cidades de Georgetown e Independence.
Saindo da Boulevard, pegamos a Avenida Sunshine em direção a rotatória que nos dá acesso a Rota 75. É ela que nos leva até River Green. Nossa cidade natal fica a duas horas de carro de SunsetFalls,
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a estrada é bem conservada e a paisagem é linda. Os campos de pastagem predominam na paisagem, muitos rebanhos bovinos e equinos são criados na região, as margens da estrada são encontrados diversos carvalhos imponentes, o cheiro amadeirado se espalha pelo ar.
- Está mais calma? – Pergunta Cassandra
- Estou sim, estou me sentido leve, acho que é o clima. – falo brincando.
- Negativo minha amiga! Você jogou para fora tudo que estava preso nessa sua garganta ai, deixou de ser boba e tomou uma atitude...Por isso essa sensação de leveza.
Cass tem razão, aguentei muito as tolices de Matthew, não sei como não explodi antes.
- Bom - Disse eu – Vamos deixar isso de lado. Já falou com o Phil?
Um sorriso de quinze para três brotou no rosto de Cassandra.
- Sim, sim, sim...Louca para encontra-lo, pular no colo dele e encher de beijos!
Sei que é horrível, mas senti um pouco de inveja do namoro entre Cass e Phil...São tão felizes, mesmo morando longe. Phillip é dois anos mais velho que Cassandra, ele 23 e ela 21 anos. Ele está no quarto ano de engenharia civil na Universidade de Georgetown.
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Pegamos a rotatória que fica a direita da Rota 75, é a rotatória mais florida do Kentucky, estamos entrando em River Green. A atmosfera muda completamente, o ar fica mais leve, os cheiros de carvalhos, ameixeiras, grama, orquídeas, hortênsias e rosas invadem o ar...Dá a sensação que a cidade fica envolta em uma aura de magia...Tá, magia não existe, acho que é a emoção de está chegando em casa.
Depois de 30 minutos, chegamos a rua principal da nossa linda cidade. Ruas limpas e arborizadas. Tudo normal como toda cidade pequena é, os mercados, as farmácias, o bar da esquina, a prefeitura, o prédio do poder judiciário, escolas...enfim, a alma da cidade.
Dobramos a esquerda da Rua Principal, na Rua Safira...Sim, aqui em River Green as ruas tem nomes de pedras preciosas e de flores. Dobramos novamente à direita e entramos na rua em que moramos, a Rua das Violetas. Coberta por árvores frondosas e casas com cerquinhas brancas com flores nas janelas, jardins bem cuidados.
Moro da casa 26 e Cass na casa 28, uma ao lado da outra. Ela estaciona na garagem de casa, pega suas malas e sai saltitando em direção a sua casa.
- Nos vemos mais tarde!
- Ok...Dê lembranças a seus pais! – Digo gritando.
- OK! Faz o mesmo ai!
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Pego as malas e vou na direção da varanda...antes de bater na porta minha mãe a abre.
- Mãe!
- Ali meu bebê!
Essa é Lisa Miller, minha mãe é uma bela mulher de 45 anos, cabelos negros, olhos castanhos, é um pouco mais baixa que eu. Sempre sorridente, sempre feliz, todos os problemas podem ser resolvidos com um bom prato de sopa quente: dor de cabeça, gripe e até briga com namorado. Não sei qual é o segredo, mas quando eu tomava uma tigela de sopa tudo ficava mais calmo.
- Ali, que saudades de você minha filha! Seu pai foi comprar seu sorvete preferido, está quase chegando.
- Mãe que saudades!
Minha casa, o cheiro das plantas, dos móveis, do cheirinho gostoso vindo da cozinha. A varanda sempre bem cuidada, a sala espaçosa com a nossa tv e um belo piano no canto. Depois a sala de jantar, com sua mesa de carvalho, onde todas as datas especiais a família fica reunida, a cozinha é o coração da casa...É onde a magia acontece. Próximo à porta de entrada há a escada que dá acesso aos quartos.
Meu lar, meu amável e adorado lar...Meu refúgio,
Entro abraçada com a minha mãe e vamos para o meu quarto.
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- Nossa...Meu quarto...Quanta saudade.
- Sentimos sua falta filha, todos os dias. - Disse minha mãe me segurando pelos ombros.
- Eu também mãezinha. Vou tomar um banho e desço já para lhe ajudar no jantar.
Ganho um beijo de minha mãe e ela sai em direção as escadas.
Pego uma toalha limpa no armário e vou para o meu banheiro. Ai que falta sinto de um banheiro só meu no dormitório da UESF...Entro na banheiro e me afundo na água...Sim, eu preciso disso mais vezes.
Escuto meu pai chegando, saio do banho e vou me arrumar. Depois de dez minutos desço a escada.
- Pai!
- Ali! Querida você chegou!
Joseph Miller, trabalha na construção civil, tem 1.80 de altura, cabelos e olhos pretos. Para mim, é o homem mais maravilhoso do mundo! Meu pai sempre me levava às margens do rio para pescar, sempre me contava histórias encantadoras.
- Como o senhor está?
Vamos caminhando em direção à cozinha.
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- Bem! Muito bem...Trabalhando muito e pescando muito também. – Fala sorrindo.
- Que tal sairmos para pescar pai? Morrendo de saudade de fazer isso.
Meu pai sorri, ele sempre gostou desses tipos de passeios. Vou em direção ao quintal olhar os canteiros de ervas que minha mãe cultiva, lá tem de tudo: salsa, coentro, cebolinha, manjericão, hortelã...Tem também pimentões e pimentinhas e muitas flores.
Minha mãe sempre fez questão de manter nosso quintal sempre bem arrumado...É lindo de se ver. Nos fundos, tem um solário que meu pai construiu com uma cadeira suspensa...Meu lugar preferido para ler ou ficar pensando.
- Ali! Venha comer...Fiz bolo de chocolate, com recheio e cobertura de chocolate!
Não acredito! Meu bolo preferido! Saio correndo que nem criança.
- Mãe eu te amo! - E dou um beijo em sua linda bochecha rosada.
Meus pais começam a rir...É esse carinho todo que sinto falta, muitas vezes dá uma vontade louca de largar tudo e ficar aqui.
- Como você vai aproveitar as férias Ali? – pergunta meu pai.
- Vou rever meus amigos, passear, pescar, ficar um pouco com a vovó, aproveitar muito vocês...Esse tipo de coisas. Falo sem tirar os olhos da minha fatia de bolo.
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- Sua vovó vem jantar aqui hoje. – Diz mamãe.
- Sério! Saudades da vovó!
Terminei de comer meu bolo.
- Vou dá uma volta por ai.
- Vai sair com Cass? – Pergunta papai
- Hum...a propósito, ela mandou lembranças aos dois, e não, vou passear sozinha. Beijos.
- Não se atrase para o jantar! – Grita minha mãe.
- Tá!
Saio em direção à praça da cidade, lá tem uma sorveteria ótima. Vou a pé mesmo, quero aproveitar cada minuto em River Green...É uma cidade acolhedora, encantadora, onde todos se conhecem, o clima é maravilhoso. Andando pela calçada vou encontrado conhecidos aqui e ali...Fico observando as crianças brincando em seus jardins...Ai que saudade da minha infância.
Chego na praça e vou em direção ao quiosque de sorvete e peço meu sabor preferido.
- Olá Sr. Thomas! Como o senhor está?
- Pequena Alice! Você chegou! Estou bem!
- Cheguei a meia hora...Tem sorvete napolitano?
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- Sim, sim...Como está a faculdade?
- Está ótima!
- Aqui está. Seja bem vinda pequena Alice.
- Obrigada Sr. Thomas!
Sr. Thomas, não importa minha idade, sempre serei a pequena Alice.
Vou andando em direção ao um banco da praça e fico olhando o movimento. Senhoras andando com suas compras, senhores conversando sobre a liga de futebol, crianças passeando e brincando...Tudo normal em uma cidade pequena.
Decido ir à mercearia para levar ingredientes para preparar uma mousse de chocolate para o jantar. Entro, cumprimento os conhecidos e vou buscar o que preciso: chocolate, gelatina sem sabor, leite condensado. Pago minhas compras e saio.
Olho para ver se nenhum tipo de veículo está perto e então atravesso a rua e sigo para a praça...Tudo acontece tão rápido...do nada, surgiu um rapaz com uma bicicleta e...Minhas compras caem para um lado e eu caio para o outro...O rapaz e sua bicicleta vão parar em algum lugar. Levanto-me tentando raciocinar, mas está tudo rodando...
- Você está bem? Desculpe-me, me distrai e quando vi você já estava na minha frente...Foi rápido demais! Me perdoe por favor!
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Um rapaz me levantava do chão. Sua descrição? Um anjo. É isso, só pode ser um anjo.
- Estou bem, acho que machuquei a minha mão, mas estou bem. – Olhos os arranhados em minha mão que estão começando a doer.
- Me perdoe, de verdade, sempre sou cuidadoso, mas me distrai completamente...
- Tudo bem...Me ajuda a pegar as minhas compras, por favor?
- Sim, claro...É o mínimo que tenho que fazer.
Os curiosos foram se dissipando ao ver que eu estava bem.
- Sou Adam Johnson. E você é?
- Alice Miller.
Apertamos as mãos...
- Filha do Sr. Joseph Miller?
- Sim...Conhece meu pai?
- Sim, conheço! Ótima pessoa...ele é amigo do meu pai, sempre vai pescar com ele.
- Você é de River Green? – Pergunto a ele.
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- Sim, mas morávamos fora porque meu pai serviu na Marinha, e constantemente ficávamos mudando, só vinha para cá nas férias. – Ele me falou enquanto andávamos pela praça.
- Hum...Por isso não lembro de você.
- Pois é...Voltamos para a cidade depois que meu pai se aposentou, mas faço faculdade em Georgetown, estou fazendo química...Estou no quarto ano.
- Nossa, legal! Estudo na UESF terminei o segundo ano de história agora.
- História...É uma área bem interessante.
Adam Johnson...Alto, acho que 1,90, corpo atlético, definido. Dá para perceber pela blusa e pela calça...Olhos verde, cabelos louros...Um sorriso lindo e encantador...
Sem perceber, estávamos indo na direção da minha casa.
- E ai? – Diz Adam – O que vai fazer hoje a noite?
- Hã...Vou jantar com meus pais e minha avó. Longe deles esse tempo todo, quero aproveitar o que posso.
- Legal isso...Preciso me redimir com você. Amanhã começa o festival de dezembro...Gostaria de me acompanhar?
Uau! Fui convidada para um encontro...E não é com o meu namorado, meu Deus, Matt! Esqueci completamente dele...
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- Ok, aceito ir com você...Já que você precisa se redimir. – Rimos juntos. Nem percebi que estávamos na frente da minha casa...Chegamos tão rápido.
- Então, amanhã às 18 horas estarei aqui lhe esperando...Foi um prazer lhe conhecer Alice e desculpe novamente.- Ele beija minha mão...Que gentil...
- O prazer foi meu. – Sorrio sem graça.
E ele sai e sua bicicleta na direção da praça.
Capítulo 3
Entro em casa suando frio, meus pensamentos estão loucos...Mas ele só beijou minha mão e me convidou para ir ao festival...Pareço uma adolescente. Sorrio com a minha comparação, vou em direção à cozinha.
- Olá querida, como foi o passeio? – Pergunta minha mãe.
- Foi bom, tomei sorvete, comprei algumas coisas para fazer uma sobremesa e fui atropelada por uma bicicleta.
Minha mãe vira em minha direção com os olhos querendo saltar da face.
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- Calma mãe, só arranhei minha mão.
- Oh Ali, deixa eu ver querida. Foram só arranhões mesmo, vou pegar um unguento que sua vó fez, é ótimo para isso.
Ela sai em direção ao lavabo do corredor.
- Como isso aconteceu Ali?
Vou andando na direção do lavabo e paro na porta:
- Estava saindo da mercearia e de repente fui atropelada...Mas já está tudo ok, o Adam se desculpou pelo ocorrido.
Minha mãe me olha enquanto passa o unguento em minha mão direita.
- Adam? Adam Johnson?
- Sim, ele mesmo...Pelo jeito se conhecem.
- Sim, o pai dele é amigo de infância de seu pai, sempre saem para pescar juntos. É um ótimo rapaz, fico feliz que o tenha conhecido. – Minha mãe me dá uma piscadinha maliciosa.
- Hum...Ele me convidou para ir ao festival amanhã com ele.
Um sorriso brotou da face de minha mãe.
- Que ótimo Ali! Fico feliz e seu pai também ficará.
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- Ei! Muita calma D. Lisa tenho namorado lembra? Só aceitei ir ao festival com ele por causa do acidente, ele queria se redimir, foi isso.
- Redimir? Sei...Também sei que você tem um namorado na faculdade, que por sinal, sempre dá uma desculpa para não vir nos conhecer, Cass disse que ele é arrogante, e tenho um pressentimento que você não está feliz com ele.
Fico sem palavras com a observação da minha mãe, decido ignorar e mudar o rumo da conversa.
- Cadê o papai?
- Foi buscar sua avó. Devem está chegando.
- Vou preparar a mousse de chocolate rapidinho. – E vou pegar os ingredientes na sacola para começar a fazer a sobremesa, ainda bem que é rápida.
- Adam é um rapaz ótimo. É educado, gentil, estuda química em Georgetown e ele é lindo.
Entendi o comentário da minha mãe. Já está pensando em dá uma de cupido.
- Sabia que seu pai o adora?
- É mesmo? Não sabia. – Digo em tom de ironia.
- Tudo tem um propósito Alice...
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Senti um arrepio quando minha mãe disse isso, vai ver foi uma brisa que passou. Terminei a mousse, vou leva-la ao freezer, até a hora do jantar estará pronta.
- Vou tomar um banho e me trocar, não vou demorar.
- Seu pai e sua avó devem está chegando, vou precisar de ajuda para arrumar a mesa.
- Ok, desço em 20 minutos. - Subo as escadas de dois em dois degraus e vou correndo para meu quarto.
Sento na cama para tirar minhas sapatilhas e fico pensando no que aconteceu pela tarde. Adam Johnson me atropelou com sua bicicleta e me convidou para sair, foi gentil, educado...Fazia tempo que não era tratada com toda gentileza assim. Bom, Matt tinha seus momentos, mas a maior parte do tempo ele era arrogante, sempre tudo girando em torno dele. Muitas vezes queria fazer um simples passeio romântico, mas Matt sempre insistia em ir a locais refinados e acabava virando o centro das atenções, com um monte de pessoas o bajulando.
Entro no banheiro e tomo uma ducha rápida, minha mão arde com o contato da água, tento tomar banho com apenas uma mão, mas é difícil. Decido enfrentar o ardor e tomar meu banho.
Enrolo-me na toalha e abro minha mala, preciso arrumar essas roupas no armário. Pego um vestido branco tomara-que-caia com saia rodada, ajusto a faixa preta na cintura e faço um laço nas costas, calço uma sandália com um salto de três cm preto. Penteio
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meu cabelo para traz passo um brilho e desço para encontrar minha família.
Quando estou descendo as escadas, a porta da frente abre, meu pai e minha avó chegaram.
- Vovó! – Vou correndo ao seu encontro.
- Minha querida Ali! Que saudades meu anjo. - E se afasta um pouco para me olhar. – Você está linda meu anjo, linda demais. – E me abraça novamente.
Dona Celina Hutton, mãe da minha mãe. Uma senhora de 60 anos, com bochechas rosada e cabelos grisalhos, vendendo saúde.
- Ai vó, que saudades!
- A cena é linda, mas que tal sentarmos todos na sala? – Diz meu pai.
- Preciso ajudar a mamãe a arrumar a mesa.
- Deixa que eu a ajudo. Vá conversar com sua avó.
E fomos indo para a sala. Sentamos no sofá que fica perto da janela, a brisa da noite está maravilhosa, abro as cortinas para o frescor entrar.
- E as novidades Ali? Ainda está namorando aquele rapaz?
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- Ai vó, estou sim, mas as coisas não estão muito boas entre a gente, eu dei um tempo com ele, para saber se vale a pena a relação continuar.
- Oh Ali! – Ela passa a mão em meu rosto. – Sinto muito querida, queria que você estivesse feliz...Mas não se preocupe, bons ventos estão chegando.
Olho intrigada para minha vó, ela e minha mãe tem o hábito de falar coisas do tipo.
- Como assim vó? Bons ventos chegando?
Minha avó apenas sorri. Minha mãe entra na sala.
- Olá mamãe! – E abraça minha avó. – A senhora vai dormir aqui conosco hoje, já preparei o quarto.
- Lisa, você sabe que não gosto de deixar meu sítio sozinho. – Resmunga minha avó. Ela tem um sítio que fica nas colinas, na região rural de River Green.
- O sítio não estará sozinho, James e Robert estão lá para cuidar dele, a propósito, porque eles não vieram jantar?
James Hutton e Robert Hutton, pai e filho respectivamente. James é o atual marido de minha avó, um senhor de 60 anos também, alto, cabelos grisalhos e olhos azuis. Eles se conheceram quando minha avó foi participar de um festival de flores na cidade Independence, foi amor a primeira vista. Se casaram depois de um ano de namoro. Assim como minha avó, James também é viúvo e tem apenas
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Robert como filho. Ele é a cópia do pai, só que em uma versão mais nova, alto, cabelos negros e olhos azuis, com 35 anos. São pessoas maravilhosas.
-É final da liga de beisebol, e time deles está na final. Pediram desculpas e falaram que vão passar por aqui amanhã.
- Por isso que o papai está arrumando a mesa, seu time não está classificado! – Caímos na gargalhada. Meu pai só faz balançar a cabeça e diz:
- Que tal nós jantarmos hein?
Nos sentamos ao redor da mesa. A conversa fluiu bem, vários assuntos foram abordados: clima, política, filmes, universidade, emprego, e assim vai.
- Hum, vocês sabiam que Adam Johnson convidou Alice para ir ao festival amanhã? – Diz minha mãe com uma cara de inocência enorme.
Olho para ela com um olhar de visão de calor do Superman.
- Mesmo filha? – Pergunta meu pai todo feliz. – Adoro Adam, fico feliz em ouvir isso.
- Calma gente! Ele só está sendo gentil porque ele me atropelou com a bicicleta dele.
- Acasos, adoro os acasos da vida. – Diz minha vó. – Eu lhe disse que bons ventos estavam por vim.
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Meu pai olha minha mão.
- Só foram uns arranhões, Adam, sempre gentil.
- Que tal mudarmos de assunto hein? – Sugiro eu.
Todos riem menos eu.
- Dia 31 de dezembro está chegando...- Diz meu pai.
É mesmo! Com essas loucuras de provas finais e o furacão que é o meu namoro com Matt tinha esquecido da data do meu aniversário.
- Nossa, tinha esquecido disso. – Comento.
- Mas nós não, vamos fazer um almoço especial, você fará 21 anos, é uma idade reveladora. – Diz minha mãe com ar de mistério.
- Como assim? Reveladora? – Pergunto.
- 21 anos é uma idade mágica minha netinha. – Minha avó olha para meus pais – É mágica para todos nós.
- Não vejo nada de especial nisso. – Falo despreocupada.
- No dia você entenderá. - Dessa vez foi meu pai dando uma de misterioso.
- Vou buscar a sobremesa. – Vou ao freezer e volto com a mousse e coloco na mesa.
- Uau! A famosa mousse de Alice Miller. – Fala meu pai todo afoito para comer a mousse.
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- A receita é segredo e não falo para ninguém. – Todos riem, pois sabem que peguei a receita da internet.
A conversa continua, depois de uma hora de jantar começamos a tirar a mesa e lavar as louças. Depois fomos para sala assistir filmes na tv. Nossa, estava com muita saudade dessas atividades em família. Estava cansada da viagem e resolvi me recolher cedo. Dei um beijo de boa noite e cada um e subi para o meu quarto.
O dia foi ótimo, mas estou super cansada. Puxei a mala que estava em cima da minha cama, e só ai que me lembrei do meu celular. Peguei o aparelho que estava na minha nécessaire, tinha 10 chamadas não atendidas e quatro mensagens de texto. As ligações eram todas de Matt, duas mensagens de Cass e duas de Matt.
Primeira mensagem de Cassandra:
“Uau, ia falar com você, mas vi que estava acompanhada por um gatinho, me liga assim que puder.”
Segunda mensagem de Cassandra:
“Me liga antes de dormir...Preciso falar com você”
Primeira Mensagem de Matt:
“Me liga”
Segunda Mensagem de Matt:
“Me liga”
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Peguei o celular e liguei para Cass. Atendeu no primeiro toque.
- Olha quem deu sinal de vida!
- Foi mal Cass, não deu para ligar antes, agora que vi suas mensagens.
- Me conte tudo! Não esconda nada. – Essa Cass não deixa escapar nada.
- O nome dele é Adam Johnson, conheci ele porque fui atropelada pela bicicleta dele, e como forma de se redimir ele me convidou para ir ao festival amanhã com ele. – Confesso que estava ansiosa para o encontro.
- Ah! Alice! Que legal! O Adam é super legal!
- Você o conhece?
- Sim, ele é amigo do meu irmão. Jogam basquete juntos.
Não sabia que Andrew jogava basquete. Andrew é o irmão mais velho de Cass, ele é ruivo, olhos verdes e com 1,90 de altura. Foi minha paixão platônica de adolescente.
- E você já falou com Matt?
- Não, tem 10 ligações dele aqui, mas não estou com paciência para conversar com ele agora, meu dia foi ótimo e não estou afim de estragar com brigas.
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- Ok. Mas não se esqueça de conversar com ele. Mesmo achando ele um idiota completo, ele ainda é seu namorado e merece pelo menos uma explicação. Não sei se vai rolar alguma coisa com Adam, mas mesmo assim seja honesta consigo e com eles dois.
Cassandra podia ser espevitada, mas é bastante madura em relação a sentimentos.
- Como foi o reencontro com Phil?
- Foi ótimo! Morrendo de saudades, passamos o dia todo nas margens do rio, fazendo piquenique. Foi tudo de bom.
- Que legal! Super romântico! Ai, queria ter um romance assim...
- Quem sabe seus desejos se realizem. – Ops, modo mistério ativado em Cass.
-Nossa, você falou que nem minha família. Minha avó e meus pais estavam com um papo todo cheio de mistério, que bons ventos estão chegando...E você fala no mesmo tom.
- Hum...Aguarde e verás. – Cass dá uma risada no outro lado da linha.
- Ai, ai. Vou dormir, estou exausta. Você vai ao festival com Phil?
- Sim, vamos sim. Nos encontramos lá?
- Combinado então. Boa noite.
- Boa noite Ali.
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Me jogo na cama e adormeço rapidamente.
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Capítulo 4
Acordo com um cheiro bom de café da manhã invadindo o ar. Abro meus olhos e fico olhando para o teto do meu quarto. É tão bom estar na minha casa, se sentir confortável, segura, tendo colo de pai, mãe e avó por perto. Meus pensamentos são interrompidos pelo toque do celular, é Matt.
- Ali?
- Oi Matt, bom dia. – Falo sem nenhuma empolgação.
- Finalmente consegui falar com você! Estava preocupado, chegou bem? – Sua voz mostrava irritação.
- Não deu para atender, ontem teve um jantar com toda a família e fiquei ocupada com os preparativos.
- Custava dá uma ligada?
- É o seguinte Matthew, quando sai de SunsetFalls ontem, eu deixei bem claro que era para nós pensarmos na nossa relação, precisamos pensar no rumo que o nosso namoro está tomando. Eu quero um pouco mais de atenção, um pouco mais de consideração.
- Mas eu lhe dou atenção...
- Não dá Matt, sempre fico em último plano.
- Mas você nunca gosta de fazer o que eu gosto!
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- Viu! É isso que eu falo sempre! Tudo gira em torno de você Matthew Campbell, sempre você, tem que ser suas coisas, suas vontades! Você quer que eu mude por sua causa, e isso não é certo!
- Ai Alice, é esse seu jeito que me irrita!
- Te irrita? Eu que estou irritada com seu egoísmo. Já fiz muita coisa para tentar te agradar, mas você quer que eu seja outra pessoa, e isso não serei. – Lágrimas começam a escorrer pelo meu rosto.
- Eu sou assim, você não é a única garota do planeta. Tem várias garotas que dariam tudo para está no seu lugar, sabia Alice Miller?
- Então porque não escolhe uma delas e me esquece de uma vez! Estou cansada de suas atitudes de garoto mimado, para mim é o limite!
- Calma Alice! Desculpa, falei besteira, não queria te deixar assim. – A angústia estava forte em sua voz.
- Não Matt, cansei de verdade. Acabou! Você está livre para escolher entre tantas garotas que corre atrás de você! – Desligo o celular, deixo no silencioso. Matthew liga novamente, mas não atendo.
Como ele pode falar isso para mim? Como pude me apaixonar por alguém que só pensa em si mesmo? Começo a chorar. Choro de raiva, de frustação, de tristeza. Como Matt pode ser tão mesquinho? Quem ele pensa que é para brincar com meus sentimentos?
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Tivemos bons momentos sim. Mas era sempre esse desconforto que imperava em nosso namoro, ele queria que eu fosse uma pessoa que não sou. Queria que eu fosse uma namorada conformada, que estivesse sempre a disposição dele, não passava de uma distração...Como fui boba.
Escuto passos na escada, minha mãe e nem meu pai podem me ver assim, corro para o banheiro e ligo o chuveiro, assim ninguém pode ouvir meus soluços.
Ouço uma batida na porta.
- Ali querida, o café está servido. – Minha avó diz.
- Entrei no banho agora, em dez minutos eu desço vovó.
- Está tudo bem?
Minha avó me assusta, porque ela perguntou isso?
- Estou sim vó! – lágrimas teimam em escorrer no meu rosto.
Depois de dez minutos desço para o café. Faço de tudo para manter uma cara agradável, mas por dentro estou destruída.
- Bom dia! – Sorrio para todos.
- Bom dia minha flor! – Responde meu pai.- Dormiu bem?
- Sim.
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- Ali, você está bem? Seus olhos estão um pouco vermelhos – Pergunta minha mãe.
- Eles começaram a coçar durante a noite, acho que foi alergia.
- Espero que melhore, hoje você vai sair com o Adam, lembra? – Minha avó lembrou.
Caramba! Com todo esse estresse de manhã, acabei esquecendo.
- Ah sim, o festival.
Ao longo do dia fico ocupada com as tarefas de casa, ajudando minha mãe com o almoço, depois ajudando minha avó a regar as plantas e limpando o carro com meu pai. Depois do almoço vou para o meu quarto e ligo para Cass.
- Oi Ali!
- Cass, você pode vir aqui?
- O que aconteceu Alice? – Cass ficou alarmada.
- Terminei com o Matt. – E começo a chorar.
- Estou indo!
Depois de dois minutos, escute a voz de Cass cumprimentando a todos e depois subir a escada correndo. Bate na porta.
- Entra Cass.
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- Ei Ali. – Ela me abraça e parece que uma represa rompe dentro de mim.
- Isso, chora, chora bastante. – Diz Cass.
- Ele nunca ligou para nosso namoro Cass, ele disse que tem um monte de garota que morreria para estar no meu lugar.
- Filho da mãe nojento!
- Como ele pode dizer isso? Eu fiz de tudo para dá certo, mas não aguentava mais.
Cass me olha determinada.
- Alice, sei o quanto Matt significava para você, sei que você está sofrendo. Mas ele não merece nem um pouco essas lágrimas. Então, levante a cabeça e siga em frente.
Balanço a cabeça.
- Hoje teremos uma tarde ótima, vamos sair e nos divertir. Está entendendo? Nada de ficar com cara de dor de barriga ao lado do Adam.
Começo a rir, só Cassandra para levantar meu astral.
- Me ajuda a escolher uma roupa?
- Claro que sim! – Cass sai correndo pro closet. – Ué? Cadê as roupas?
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- Na mala ainda.
- Ai Alice, às vezes dá vontade de te dá umas porradas sabia? – Vai na direção da mala.
- E Phil? Como vai?
- Lindo como sempre. – Cass dá um suspiro e começa a rir.
- Vocês são tão lindos. – E suspiro também. – Será que um dia vou suspirar por alguém do jeito que você suspira pelo Phil?
Cass deixa de mexer na mala e me olha:
- Vai sim Ali. Você vai encontrar um amor que vai te deixar nas nuvens, e você vai perceber isso quando começar a sorrir que nem uma boba, se pegar suspirando pelos cantos.
- Deus te ouça.
- Bons ventos estão chegando Ali. – Ela dá uma piscada para mim.
Tento entender que bons ventos são esses que todos falam? Será que alguma frente fria vem por ai?
- Acho que o tempo vai esfriar. Vou com essas botas pretas de cano alto. O que você acha?
- Vai ficar ótima com uma calça jeans preta e com essa tomara-que-caia branca aqui.
- Tá, gostei. – Vou na direção da mala. – Eu sei que trouxe um casaco de couro sintético, cadê...Achei!
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- Uau! Vai arrasar o coração do Adam! – E começamos a rir.
Ficamos conversando muito tempo sobre várias coisas.
- Caramba! Que horas são? – Pergunto pulando da cama.
- São 16:30. Por quê? –Pergunta Cass.
- O festival Cass! O Adam vai passar por aqui às 18:00, preciso me arrumar.
- Nossa! E o Phil vai passar as 18:15. Estou indo Ali, nos encontramos lá.
Cass sai correndo pela escada e vou correndo para o banheiro.
Capítulo 5
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Estou pronta e ansiosa. Procuro minhas luvas, está um pouco frio, é o inverno chegando. São 17:55, em cinco minutos Adam estará chegando. Dou uma última conferida no visual, gosto do que vejo. Desço as escadas e vou encontrar minha família na sala.
- Uau! Você está linda Ali! – Meu pai fala todo orgulhoso.
- Obrigada pai, você também está um gato.
Todos vão ao festival de inverno de River Green.
- Minha filhinha virou uma mulher linda, né mamãe. – Ai, minha mãe é tão coruja.
- Me lembra você Lisa. – Completa minha avó.
- Vovó, James e Robert vão aparecer para o festival?
- Vão sim minha netinha, estou aguardando por eles.
A campainha toca, vou atender a porta.
- Boa noite Alice, isto é para você. - Adam me entrega um pequeno buquê de violetas.
Nunca tinha ganhado flores na minha vida, Matt nunca me presenteou na verdade.
- Oh Adam, são lindas! Entre.
Levo até a sala.
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- Boa noite senhor e senhora Miller, senhora Hutton. – Cumprimenta Adam com bastante gentileza.
- Boa noite Adam, seja bem vindo! – Meu pai vai em direção a ele e apertam as mãos.
- Boa noite Adam, você está ótimo! – Minha avó não consegue esconder a satisfação em ver que Adam vai sair comigo.
- Aceita um pedaço de bolo Adam? – Pergunta minha mãe.
- Agradeço a cortesia, mas fica para outra hora senhora Miller, combinei de levar Alice ao festival.
- Ok, vou esperar você aqui para comer um bolo conosco. – Minha mãe já está planejando outro encontro ou foi impressão minha?
- Vou adorar visita-los novamente. – Ele vira para mim: - Vamos Alice?
- Vamos. Encontro vocês lá, beijos.
Todos se despendem e saímos.
Na frente da minha casa estava estacionado a pick-up Ford preta de Adam, mesmo a praça ficando apenas dois quarteirões de casa, ele fez questão de me levar de carro.
- Não quero que você se canse em cima desses saltos. – Sorri gentil para mim.
- Bondade sua. – Retribuo o sorriso.
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Entramos no carro e seguimos em direção ao festival.
- Você está linda Alice.
Fico corada, espero que ele pense que minhas bochechas estão vermelhas por causa do blush, nem de blush estou.
- Gentileza sua Adam. – Sorrio sem graça. Meus pais tem razão, ele realmente é encantador.
- Está um pouco frio, mas tenho certeza que a noite vai ser animada.
- Espero que sim, estou precisando me divertir mesmo. – Falo mais para mim do que para Adam.
- Problemas com o namorado?
- Hum...Não quero falar sobre isso, não quero estragar essa noite. – Olho para ele e dou um sorriso sem graça.
- Ok, assunto encerrado. Pronto, chegamos.
Adam desce do carro e corre para abrir a porta para mim. De que conto de fadas esse cara saiu? Nem sabia mais que existia tanto cavalheirismo assim.
- Obrigada.
- O prazer é todo meu.
A praça estava cheia, crianças correndo, casais de todas as idades passeando, vendedores por todo o lado. O festival de inverno de River Green é lindo, a praça fica toda iluminada, o frio não está tão
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forte. Há barracas de tiros, de pegar bichos de pelúcia, barracas com diversos tipos de guloseimas, uma pista de dança e um palco montado para apresentação do prefeito e de alguma banda musical da região.
- Gosta de chocolate quente? – Pergunta Adam.
- Sim, adoro!
Vamos em direção a uma barraca de chocolate, e ele compra dois copos.
- Me conte sobre você Alice.
- Primeiramente me chame de Ali, ok?
- Ok, me conte sobre você Ali. – E sorrimos juntos.
- Não há muito o que contar, você sabe quem são meus pais, onde moro. Terminei o segundo ano de História da UESF, sou apaixonada por história medieval. Minha melhor amiga é Cassandra Lee. Agora é a sua vez.
- Bom, sou Adam, moro a dois quarteirões da sua casa, nossos pais são amigos de infância, meu pai era da marinha e foi por isso que ficamos longe de River Green, estou no quarto ano de química na Universidade de Georgetown. Gosto de massa, de doces, corro de vez em quando e sou romântico.
Começamos a rir da última confissão de Adam. Fomos andando e sentamos em um banco próximo a fonte.
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- Como sabia que eu tinha namorado?
- Uma mulher linda como você dificilmente estaria solteira...E seus olhos estavam tristes demais, para deixar uma mulher tão triste só pode ser assuntos do coração.
Rimos novamente. Adam tem um ótimo senso de humor.
- O nome dele é Matthew Campbell. É aluno de direito, faz parte de uma família aristocrata de SunsetFalls, seu maior problema é o egoísmo. Para ele o mundo tem que girar ao redor do seu umbigo, eu tinha que adequar ao mundo dele, e sempre ficava em último plano. Cass sempre implicou com ele, ela sempre dizia que a única que estava apaixonada na relação era eu, e não ele. E ela tem razão. – Dou um suspiro profundo e continuo: - Resumindo, não aguentava mais as brigas, o egoísmo, a falta de compreensão de Matt. Confesso que estava apaixonada por ele, mas ele não merece nenhum sentimento meu, nem a raiva ele merece. De manhã nós discutimos por telefone e eu terminei o namoro com ele.
Adam escutou tudo, sem me interromper, me olhando nos olhos.
- Desculpa te encher com esse papo de dor de cotovelo.
- Não precisa se desculpar Ali. Você estava precisando por para fora, e fico feliz por ter confiado em mim. Posso dar minha opinião?
- Claro! – Na verdade estou ansiosa, mas tento parecer o mais natural possível.
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- Na minha opinião, você agiu corretamente em terminar o namoro. Não vale a pena investir em quem não nos dá valor. Antes de amar alguém, temos que nos amar primeiro.
- Obrigada Adam, obrigada pelas palavras sinceras.
Nos olhos se encontraram, parecia que o mundo a nossa volta não existia. Seus olhos são envolventes e encantadores.
- Vocês estão ai! – Cass e Phil chegam e nos trazem de volta a realidade.
- Oi! – Me levanto e abraço Cass. Phil e Adam se cumprimentam.
- Adam! – Cass o abraça.
- Ei Cass! Quanto tempo! Phil, meu parceiro!
Fico com cara de ponto de interrogação. Adam percebe.
- Phil e eu somos colegas de quarto em Georgetown.
Hum, é verdade, esqueci que Phil estudava lá também.
- Legal! Adoro essas coincidências loucas da vida. – Diz Cassandra.
Phil olha em direção ao palco:
- Acho que vai começar o pronunciamento do prefeito. Ouvi dizer que vai ter uma banda que veio de Independence tocar a aqui, dizem que é muito boa. – Phil está todo animado. Ele e Cass foram realmente feitos um para o outro.
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- Vamos procurar um bom local na pista de dança. – Diz Cass.
Enquanto nos dirigíamos para o meio da praça, encontro meus pais, minha avó, James e Robert.
- Vô James! – Dou um abraço de urso, adoro James, ele é maravilhoso, em seguida viro para Robert: - Tio Robert! – E outro abraço de urso.
- Nossa! Como você ficou forte mocinha. – Diz Robert.
- Estava com saudades de todos vocês!
- Nós também querida. – Diz James – Quando vai ao sítio, tenho um presente para você.
Fiquei eufórica, parecia uma criança.
- Presente! Diz vô, o que é?
- Não, não. Só no dia do seu aniversário. – James sorri com o biquinho que faço.
- Vá querida, Adam está esperando. – Diz minha mãe. Dou um beijo nele, no meu pai e em minha vó, saio na direção de Adam. Ele acena para todos.
O prefeito começa seu discurso, que durou cerca de 30 minutos. Depois a banda da cidade de Independence sobe ao palco e começa tocar vários estilos musicais, desde pop até o country.
Cass e Phil começam a se balançar, é lindo ver o amor deles.
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- Legal o jeito deles né? – Comenta Adam – Phil só tem olhos para ela.
- É lindo, simplesmente lindo. Queria ter um amor assim.
- A senhorita me dá o prazer desta dança? – Adam todo sorridente faz um reverência. Não resisto e começo a rir:
- Claro que sim, nobre cavalheiro.
E começamos a dançar ao som de música romântica. É tudo tão natural, parece que o conheço há anos, quando na verdade são apenas dois dias. Ele é gentil, educado, sabe como tratar uma mulher. Ao lado dele me sinto segura, confortável e até esqueço os meus problemas com Matt.
Deixo me envolver com a música. Percebo pelo canto do olho que minha família está observando.
- Você dança bem Adam.
- Obrigada Alice, você também.
- A noite está maravilhosa, obrigada. – Fico olhando para seus belos olhos verdes.
- O que foi? – Pergunta Adam todo curioso.
- Nada. – Fico sem graça.
- Você é linda. – Fico surpresa com o modo que as palavras são ditas. Parecia um belo som de harpa aos meus ouvidos.
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Adam passa a mão levemente em meu rosto. Seu toque me deixa arrepiada, fico confusa, seu toque é eletrizante, acho que consigo ouvir as batidas do meu coração.
- Adam, eu...
- Eu sei Ali, eu sei...
Deito minha cabeça em seus ombros e me deixo levar pela música.
São quase 01:00 da madrugada quando Adam me deixa em casa. Meus pais já haviam chegando e estavam dormindo. Minha avó, James e Robert haviam voltado para o sítio.
- Obrigada pela noite Adam, foi maravilhosa.
- Eu que agradeço Ali, estou redimido? – Pergunta sorrindo.
Não resisto e rio também.
- Está sim.
- Posso te encontrar de novo? Sei que você acabou de terminar um namoro, mas gostaria muito de te conhecer melhor.
Meu coração começa a ficar acelerado, tento manter a calma.
- Podemos sim Adam. Também quero te conhecer mais, boa noite. – Dou um beijo em seu rosto, ele beija minha mão.
- Boa noite Ali.
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Saio da pick-up, entro em casa, subo devagar as escadas para não fazer barulho. Entro no meu quarto e me jogo na cama. Minha cabeça está a mil por hora. O que está acontecendo Alice Miller...Será realmente que bons ventos estão chegando?
Capítulo 6
Acordo com minha mãe me sacudindo. Dormi demais, já são uma hora da tarde, meu estômago está roncando muito.
- Boa tarde filha, dormiu bem?
Sorrio sem graça para minha mãe.
- Boa tarde mãe, dormi sim.
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- Bom, seu pai e eu já almoçamos, estamos nos arrumando para ir ao sítio da sua avó, estamos organizando a ceia de natal.
Nossa! Me esqueci completamente! Cheguei em River Green no dia 21 de dezembro e amanhã já é véspera de natal, parece que estou aqui há um mês.
- Não sabia, teria colocado o despertador do celular para acordar mais cedo e ir com vocês.
- Não se preocupe você pode ir amanhã. Bom, o almoço está no forno, fiz lasanha e para sobremesa torta de limão. – Minha mãe me dá um beijo e vai saindo. - Ah! Ia esquecendo, Adam ligou mais cedo, pediu para você retornar. Beijos filha.
Adam ligou! Meu coração bateu tão forte que acho até que minha mãe ouviu também.
- Beijo mãe, mande beijo para todos.
Ele ligou sim ele ligou! Estou me sentindo como uma adolescente de 15 anos, o que está acontecendo com você Alice Miller? Nunca havia sentido isso antes, é uma sensação estranha e agradável ao mesmo tempo, parece que estou flutuando.
Começo a sorrir à toa, corro para o banheiro e tomo um banho super relaxante. Meus pensamentos estão em Adam, no seu sorriso, nos seus lindos olhos. Ele é totalmente encantador, gentil, adorável, parece um príncipe saído de um conto de fadas.
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Termino meu banho, coloco um jeans e um suéter, o frio do inverno está começando a ficar mais forte. Vou almoçar, esquento a lasanha. Como uns três pedaços, isso sempre acontece quando estou em casa, as comidas da minha mãe são tão deliciosas que não consigo resistir. Quando vou em direção à geladeira para pegar um pedaço da torta de limão, o telefone toca.
Meu coração dispara, será que é ele? Corro para sala para atender:
- Alô? - Meu coração vai sair do meu corpo se os batimentos continuarem desse jeito.
- Alice? É Adam! – Sim, é ele. Sua linda voz me deixa embriagada, agora meu coração bate em ritmo tão forte que dá para ouvir em SunsetFalls.
- Oi Adam! Como você está?
- Estou bem Ali e você?
- Estou bem.
- Liguei mais cedo, mas você estava dormindo. Pedi para sua mãe lhe avisar.
- Ela avisou, estava terminando de almoçar e já ia ligar para você.
- Atrapalhei seu almoço?
- Não! Ia comer a sobremesa.
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- Gostaria de passear de barco no rio comigo agora de tarde? Podermos fazer um piquenique nas margens.
Ai meu Deus! Um encontro a dois! Adam e eu, eu e Adam! Sem pessoas ao redor!
- Sim, claro que sim! – Não consigo esconder a minha empolgação.
- Ótimo! Passo ai em 15 minutos, até logo!
- Até logo!
Desligo o celular e fico estática olhando para o telefone. Preciso ligar para Cass. Ela atende no primeiro toque.
- É Alice, adivinha quem me ligou?
- Pelo amor de Deus diga que foi o Adam.
- Sim! Ele me convidou para passear de barco no rio!
Cassandra deu um grito que quase me deixou surda.
- O que você está fazendo no telefone?! Vai se arrumar Ali!
- Tá bom! - Minha voz é pura euforia.
- Ali!
- Oi.
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- Aproveite o passeio, não fique pensando muito ou se questionando muito. Você merece ter um príncipe em sua vida. – Cass me conhece muito bem mesmo.
- Obrigada Cass, adoro você!
- Também adoro você! Tchau!
- Tchau!
Adam vai está em casa em 10 minutos, corro para meu quarto. Ainda bem que meu suéter é descente, é preto e vai combinar direitinho com minhas botas de cano alto pretas.
Desço correndo as escadas e pego a torta de limão de minha mãe e coloco em cima da bancada da cozinha, vou leva-la para degustar com Adam. Deixo um recado na porta da geladeira para meus pais:
“Fui fazer um piquenique nas margens do rio com Adam, estarei em casa para o jantar. Beijos, Ali.”
Escuto uma buzina, Adam chegou! Pego a torta e tento parecer um pouco mais calma do que aparento. Saio tranco a porta e vou em direção da pick-up, vejo Cass fingindo que está arrumando a varanda, aceno e ela sorri de volta.
Adam está todo sorridente me esperando encostado na frente da pick-up. Lindo, seu sorriso me deixa entorpecida.
- Oi Ali...Uau! Você está linda!
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Fico sem graça e com o rosto enrubescido.
- Olá Adam! Você está lindo também!
Não sei de onde saio coragem para dizer tal coisa, mas era a pura verdade. Adam estava com uma calça jeans preta, casaco preto, blusa branca e botas pretas. A calça jeans valorizava as suas pernas bem definidas, e mesmo de casaco, era possível observar o quanto seus braços são musculosos.
- Obrigado senhorita, vejo que está trazendo uma tigela, o que será que tem dentro?
- Torta de limão da minha mãe, não está completa, mas ainda tem bastante.
- Adoro torta de limão, vamos?
Faço que sim com a cabeça e entro no carro, Adam dá a volta e entra também. Ele liga o motor e vamos em direção ao rio.
Saindo da rua em que moro, a Rua das Violetas, fomos em direção a Rua Principal. Depois viramos à esquerda e pegamos a Rua Topázio, esta dá acesso à região rural de River Green. É na região rural que fica localizado o Rio Green, ele que dá o nome à cidade, justamente por ele delimitar o limite da cidade desde a porção noroeste até a porção norte da cidade.
As paisagens da Rua Topázio são lindas. São belas fazendas e sítios que dominam a paisagem, com seus rebanhos de gado ou ovelhas. Também há bastantes carvalhos, salgueiros e cedros,
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deixando o ar com um cheiro característico. O Rio Green passa por dentro de algumas propriedades, mas seu curso muda na direção norte da cidade, é justamente nesse ponto que é possível o acesso ao público.
Depois de 10 km a Rua Topázio começa a ser cortadas por vicinais, que são ruas feitas de cascalhos, elas dão acesso a entradas de fazendas e sítios, são cinco vicinais no total, a Rua Topázio termina na Vicinal 05, o fim da Vicinal 05 é na entrada de uma fazenda. Dobramos a direita e entramos na Vicinal 05, assim que entra nesta vicinal já é possível ver o rio com suas margens composta por cascalhos e árvores. Paramos o carro próximo a um pequeno píer que a prefeitura de River Green construiu para o torneio de remo que tem todo o mês de julho na cidade.
Adam e eu descemos da pick-up, essa parte da cidade sempre foi a minha preferida. O clima está ótimo, mesmo estando mais frio que o habitual. Adam foi na traseira da pick-up para retirar o barco a remo.
- Quer ajuda Adam?
- Não Ali, obrigada. Isso é pesado demais, não quero que você se machuque.
- Não sou feita de vidro. – Falo cruzando os braços e olhando sério para ele.
- Já vi que você é uma mulher decidida. – Ele me olha e sorri.
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- Posso pelo menos pegar os remos?
- Vamos fazer o seguinte: eu tiro o barco e os remos e você pega a cesta de piquenique que eu preparei e a sua tigela com a torta.
Ele preparou a cesta de piquenique, quer dizer que ele planejou cada detalhe pessoalmente.
- Ok.
Esperei ele tirar o barco do guincho de trás do carro e empurrar a estrutura de ferro com rodinhas até uma rampa ao lado píer e colocar o barco na água. Eu fui logo atrás segurando a cesta e a tigela. Adam pegou os remos, colocou no barco, subi no pequeno píer e com ajuda dele entrei no barco, em seguida Adam fez o mesmo, sentou e encaixou os remos no suporte lateral do barco. Com remadas precisas e fortes fomos seguindo pelo rio.
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Capítulo 07
Perfeito. É isso que este encontro está sendo, perfeito. Adam é maravilhoso, inteligente, bom papo. Conversamos sobre vários assuntos, desde política até desenhos animados. Fazia bastante tempo que não me divertia assim, é o cenário perfeito: o rio, as árvores, os pássaros que surgiam de vez em quando, o Sol nos aquecendo do frio ameno e Adam.
- Está com fome? – Perguntou Adam?
- Sim, adoraria começar logo esse piquenique. – Começamos a rir.
- Bom, eu fiz sanduiche de atum, suco de limão e trouxe biscoito recheado de chocolate.
Não aguentei e comecei a rir.
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- Eu sei, eu sei, não é um cardápio sofisticado, mas é só o que eu sei fazer. – E começa a rir.
- Estou rindo porque também não sou tão boa na cozinha. Se fosse eu a responsável pela cesta, com toda certeza só viria biscoitos.
E gargalhamos bastante.
- Bom, pelo menos temos a torta de limão da sua mãe!
- Sim, é verdade! Vamos começar pelos sanduiches de atum?
- Escolha perfeita senhorita!
Adam então abre a cesta e me passa um sanduiche embrulhado em papel laminado e depois abre a garrafa de suco e coloca um pouco no copo. Depois faz o mesmo para ele.
- Huumm...Está uma delícia Adam.
- Fico feliz que você gostou, prove o suco, é a minha especialidade, só sei fazer ele. – E dá uma piscadinha para mim.
Começo a rir novamente e provo do suco.
- Tão gostoso quanto o sanduiche.
- É a primeira vez que faço um piquenique em um barco, e você? – pergunta Adam.
- Deixe-me pensar. – Fico batendo os dedos no queixo fazendo um ar pensativo. – É a minha primeira vez também.
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- Alice Miller, você é uma mulher bem espirituosa hein?
- Fico feliz que percebeu isso Adam Johnson.
- A tarde está ótima, perfeita. – Ele olha para o céu.
- Sim, ela está mágica. – E olho para o céu também.
- Você acredita em magia Ali?
- Não, acho apenas superstição.
- Também acho isso. Você faz História na UESF, você sabe sobre a origem da sua família?
- Sinceramente, nunca me perguntei sobre isso, minha avó fala que nossas origens são especiais, mas nunca parei para pesquisar sobre. E você? Sabe a origem da sua?
- Sim, meu pai é descendente de uma linhagem real da Escócia. Minha mãe descende de uma família tradicional de juízes do século XVII.
- Nossa! Que interessante!
- E fica mais interessante ainda. Alguns desses juízes foram os responsáveis pelo julgamento das bruxas de Salém, chocante né?!
Fiquei de boca aberta.
- Uau! Estudei isso na faculdade, fomos até Salém para fazer uma visita didática e a história é impressionante.
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- Pois é, foi a maior episódio de superstição e de matança que teve na história de Massachusetts, pelo que li na internet, foram 20 pessoas acusadas de bruxaria e todas foram executadas. Também assisti ao filme, você assistiu?
- Assisti sim, duas vezes: uma em casa e outra na faculdade. Você acredita em bruxas, magia, essas coisas do tipo?
Adam gargalhou bastante.
- Não, nadinha! Acho isso puro folclore, magia não existe. Essa é minha opinião, e você?
- Também não acredito, sou realista demais para acreditar em bruxas ou contos de fada. Cass acredita fielmente que magia existe, ela sempre diz:” Ali, a magia sempre está presente em nossas vidas, basta você acreditar”.
Olhamos um para o outro e começamos a rir muito.
- Vamos atacar a torta que minha mãe fez?
- Sim, já ia sugerir isso.
Comemos a torta e voltamos a conversar sobre outros assuntos. Depois de um tempo, Adam me olha e diz:
- Ali, este está sendo o melhor encontro da minha vida.
Fico surpresa com a declaração, meu coração batendo a mil por hora.
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- Então temos algo em comum Adam, porque este está sendo o melhor encontro que tive na vida também.
- Você é encantadora, linda, meiga. É inteligente e espirituosa ao mesmo tempo, e tem um sorriso que é maravilhosamente lindo.
Meu rosto ficou todo vermelho. Nunca havia recebido um elogio tão sincero assim, resolvi abrir meu coração.
- Adam, você é maravilhoso, gentil, encantador também. Seu sorriso não sai da minha cabeça, fico feliz quando escuto sua voz. Acho que estou me apaixonando por você.
- Eu não acho que estou me apaixonando por você, eu estou realmente apaixonado por você. Desde o dia e que te atropelei com a minha bicicleta, foi à primeira vista.
De repente, parece que o tempo parou que só existia nós dois no mundo. Adam me olhou docemente, e acariciou meu rosto. Pegou em meu queixo e aproximou sua boca da minha...E nos beijamos.
Um beijo suave, doce, sereno. Um beijo apaixonado, daqueles que te deixam nas nuvens, que fazem as pernas ficarem trêmulas, o coração querer soltar pela boca. Senti como se tivesse levitando, o mundo ficou resumido apenas a nós dois.
Ficamos nos olhando, passei a mão nos seus cabelos e depois fui descendo em direção ao seu rosto, e dessa vez foi a minha vez de começar o beijo. Novamente aquela onda de emoções surgiu em
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nossos corpos, um beijo cheio de carinho, amor e ternura. Passaria horas beijando Adam, ficando em nosso mundo maravilhoso.
- Uau! Além de linda, inteligente e espirituosa, você ainda beija bem Alice!
Olho para o céu e começo a rir.
- Seu beijo também é delicioso Adam!
- É?
- É sim.
- Quer provar mais para ter certeza? – Me dá uma piscadinha.
- Acho que preciso provar novamente só para me certificar.
- Seu desejo é uma ordem senhorita.
E novamente nos beijamos. Nossa! Estou apaixonada! Como nunca fiquei na minha vida, nem Matt me deixou desse jeito. É ótimo, é maravilhoso. Voltamos ao mundo real quando ouvimos ao longe o barulho de trovão.
- Acho melhor voltarmos, não quero que você pegue uma tempestade de inverno Ali.
- É melhor irmos mesmo.
Começamos a voltar, depois de 20 minutos chegamos à margem. Adam colocou o barco na estrutura de ferro que ele deixou amarrada na rampa. Ele pulou para o píer e em seguida me
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estendeu a mão e me ajudou a sair do barco. Adam foi à rampa e puxou o barco na estrutura com uma corda. Depois engatou no guincho na traseira do carro, guardou a cesta e os remos.
Entramos no carro, manobramos e pegamos a vicinal em direção a Rua Topázio. O caminho de volta para casa foi mais maravilhoso ainda, Adam e eu trocamos olhares e sorrisos bobos o tempo todo. Também conversamos assuntos triviais.
Chegamos em casa depois de uma hora. Sai do carro com a tigela na mão, Adam correu pela frente do carro e ficou na minha frente.
- Foi uma tarde maravilhosa, um encontro lindo.
- Foi realmente adorável. – Sorri como uma boba.
- Não posso deixar você entrar sem te fazer uma pergunta antes.
Meu coração está batendo forte, minha respiração está ofegante e minhas pernas tremem.
- Alice Miller, você quer ser minha namorada? – Adam estava vermelho, com a respiração ofegante e com um olhar ansioso.
- Eu...
- Você...
- Eu...É claro que quero Adam! Quero sim!
Meu Deus pareço uma adolescente quando namora pela primeira vez.
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- Ali, sua levada! Quase me mata de ansiedade, pensei que ia dizer não!
Adam sorri, me abraça e me gira.
- Adam. – Começo a rir. – Estou ficando tonta e a torta de limão está querendo voltar.
Ele para rapidamente.
- Ops! Desculpa Ali.- E começa a rir da minha cara.
- Meus pais não chegaram ainda, não posso te convidar para entrar.
- Eu sei, não ia ser legal, seus pais poderiam ficar chateados comigo.
- Exatamente. Vou contar para eles na hora do jantar, com certeza minha mãe vai querer marcar um almoço ou jantar para você.
- Hum, torta de limão a vista. – Começamos a rir. Outro trovão nos avisa da tempestade.
-Vou indo Ali, quero chegar antes da chuva. Te ligo mais tarde meu anjo.
Meu anjo, essas palavras soaram como melodia aos meus ouvidos.
- Vou esperar. – Dou um beijo suave nele, Adam me abraça e me beija mais forte.
- Tenho que ir, mas não quero. – Sua testa encostada na minha testa.
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- Também não quero que você vá, mas você precisa ir.
Nos olhamos, nada existia ao nosso redor.
- Não tenho o número do seu celular Ali.
- Verdade, me dê seu celular. – Anoto meu número e salvo com na agenda como “Meu Anjo”
- Te ligo depois do jantar. – Ele me beija e contorna o carro. Antes de sair da tchauzinho e vai embora. Fico olhando a pick-up dobrar a esquerda, olho para casa da Cassandra para ver se ela está olhando pela cortina, mas não vejo sinal dela.
Entro em casa, vou na direção da cozinha para preparar o jantar.
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Capítulo 8
Fecho a porta e fico encostada nela de olhos fechados, fico revivendo cada momento do meu encontro com Adam. Está tudo acontecendo de forma tão intensa que às vezes chega a dar medo. Mas estou adorando cada segundo, sempre quis viver uma paixão arrebatadora, que me deixasse boba e nas nuvens. E estou tendo, é tão maravilhoso e apavorante ao mesmo tempo, sei que meu coração está dando todas as ordens no momento, mas tenho que manter minha cabeça no lugar também. Não quero me machucar e muito menos machucar o Adam.
Vou para a cozinha preparar um jantar, minha mãe vai ficar surpresa. Não sou uma expert na cozinha, mas tento me esforçar a fazer um prato descente, então vou fazer a minha especialidade: macarronada. É fácil e rápido de se fazer. Vou ao armário e procuro uma panela grande para colocar a água para ferver, pego o macarrão que está no pote perto da pia e deixo próximo do fogão. Vou à geladeira procurar carne, molho de tomate, abro a porta da cozinha e vou para o quintal, no canteiro da minha mãe tem bastantes temperos que posso usar no molho.
Colho alguns e entro, está ficando cada vez mais frio, será que vai nevar amanhã? Espero que sim, o natal é mais divertido quando tem neve.
Água fervendo, coloco o macarrão. Em outra panela preparo o molho bolonhesa para a macarronada. Depois de 15 minutos está
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tudo pronto, vou arrumar a mesa, estou ansiosa para meus pais chegarem, quero contar a novidade. Vou ligar para Cassandra.
- Alô. – Cass está com uma voz sonolenta.
- Oi Cass, é Ali, estava dormindo?
- Oi Ali, sim estava dormindo, que horas são?
- São quase 18:30.
- Caramba! Vou me atrasar para o jantar!
- Onde você está? – Já imaginando a resposta.
- Na casa do Phil.
- Ai...Não atrapalhei nada?
- Não, agora não, se fosse antes...- E solta uma gargalhada típica dela.
Não consigo resistir e rio também.
- Cass, tenho uma novidade: Adam e eu estamos namorando!
- Aaahhh! Essa é a melhor notícia do mundo! Que bom Ali! Phil, Alice e Adam estão namorando!
Phil pega o telefone
- Parabéns Ali! Adam é um cara sensacional!
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- Obrigada Phil!
- Ali, é Cass de novo. Precisamos conversar pessoalmente sobre isso, mas hoje não vai dá, pode ser depois do natal?
- Está combinado, precisamos conversar também sobre meu aniversário, quero fazer alguma coisa.
- Ok, então estamos combinadas!
- Ok, beijos Cass, mande abraços para o Phil, e tenha juízo tá?
- Juízo? Quando estou com Phil perco todo o juízo. – Escuto a gargalhada dos dois.
- Tchau Cass. – Desligo e vou para meu quarto tomar me arrumar.
Depois de 20 minutos desci e fiquei esperando meus pais. Liguei a televisão para assistir o jornal, queria saber como estaria o tempo durante a semana, a previsão era de neve para o dia seguinte. Isso explica o frio intenso e a tempestade que começava a cair.
Olhei pela janela, estava preocupada com meus pais, não me agradava nada a ideia deles na chuva e dirigindo. Depois de 10 minutos vejo o carro do meu pai dobrando a esquina, sorrio aliviada. Vou abrir a porta.
- Boa noite filha, desculpe atraso, mas seu pai ficou conversando com Robert e James e nos atrasamos. Já vou preparar o jantar, é rápido.
- Já preparei o jantar mãe, fiz macarronada.
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- Oba! Macarronada da minha filhota. - Meu pai entra e me dá um beijo no rosto.
- Que gentileza minha filha, e você arrumou a mesa também! – Minha mãe bate palminhas que nem criança quando ganha doce.
- Não foi nada mãe, vamos jantar?
- Vamos. – Respondem os dois.
- Como foi no sítio?
Minha mãe responde:
- Foi tranquilo, adiantamos algumas coisas para amanhã. Você vai conosco?
- Vou sim, quero visitar o sítio.
- Eu e Robert fomos cortar lenha, o velho James ficou preparando a lareira.
- Adoro aquela lareira. Hum, tenho uma novidade.
- Adoro novidades, conte. – Diz meu pai.
- Hoje sai com Adam para passear de barco no rio, e...Estamos namorando! – Minha voz era pura empolgação.
Meus pais pararam os garfos na metade do caminho, eles se olharam assustados, surpresos na verdade, fiquei tensa.
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- Oh Ali querida! Que bom! Adam é maravilhoso! – Minha mãe larga o garfo e segura minha mão.
- Fico feliz em sabe disso filha! Adam é um ótimo rapaz! – meu pai sacode meus ombros, às vezes ele me cumprimenta como um garoto, mas eu gosto disso.
Respirei aliviada:
- Que bom que gostaram, estava super preocupada com a reação de vocês.
- Sua vó vai ficar eufórica. – Disse minha mãe.
- Liza, precisamos marcar um jantar com Adam e a família.
- Sim, vou providenciar isso.
Comecei a rir, meus pais são realmente maravilhosos.
Terminamos o jantar e fui lavar a louça. Mesmo com minha mãe insistindo, eu disse que hoje era a noite de folga dela, e que deveria assistir a um filme com meu pai. Ela adorou a ideia, e agora está sentada ao lado dele na sala.
- Vou me recolher. – Dou um beijo em cada. – Boa noite.
- Boa noite filha.
- Boa noite filhota.
Subo para meu quarto. Corro para a cama e pego meu celular. Havia uma mensagem nele, era de Adam:
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“Louco para ouvir sua linda voz. Me mande uma mensagem quando terminar de jantar. Do seu, Adam”
Sorrio e mando outra:
“Terminei de jantar, esperando sua ligação. Do seu anjo, Ali.”
Depois de um minuto o celular toca.
- Alô.
- Oi meu anjo. – Sua voz é inebriante.
- Oi meu Adam.
- Não esquece de gravar meu número ok?
- Ok. Como você está?
- Com saudades de certa pessoa que estuda História na UESF, conhece?
- Hum, conheço. Uma mulher de cabelos longos e pretos, ela é sensacional sabia?
- Sabia sim, por isso que estou namorando ela.
Começamos a rir, parecemos dois bobos apaixonados. Na verdade, somos dois bobos apaixonados.
- Saudade de você Ali, passei o jantar inteiro pensando em você. Falei de você para meus pais, eles querem te conhecer.
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- Também estou com saudades de você Adam, meus pais ficaram felizes em saber que estou namorando com você. Minha mãe quer fazer um jantar.
- Minha mãe também quer fazer o mesmo, podíamos fazer uma reunião, o que achas?
- Acho ótimo! Quero te beijar de novo.
- Eu também Ali, seus lábios são uma loucura!
- Bom saber que te deixo louco. - Queria ficar séria, mas não consegui.
- Hum, achando isso engraçado Alice? Só porque sou um homem loucamente apaixonado pela namorada.
Aquela declaração me deixou super feliz.
- Adam, nunca me senti assim.
- Nem eu Ali, é tudo maravilhoso, encantador. Porque você não apareceu antes na minha vida?
- Porque não era o momento ainda.
- Você chegou no momento certo senhorita Alice Miller.
- Você também senhor Adam Johnson.
Rimos novamente.
- O que vai fazer amanhã anjo?
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- Vou para o sítio da minha vó, ajudar nas tarefas para o natal.
- Posso passar lá e te dá um oi?
- Só um oi?
- Um oi, um abraço e um beijo. Gostou? Ou quer mais?
- Hum...por enquanto me contento com isso, depois veremos. – E começo a rir.
- Adoro esse seu jeito espontâneo de falar. Você não tem frescura, gosto disso.
- Fico feliz em saber.
Bocejo.
- Hum, meu anjo está com sono...Vá dormir, sei que você está cansada, eu também estou.
- Sim, foram muita emoções hoje.
- Emoções maravilhosas!
- Boa noite meu querido! – Minha voz mais doce que mel.
- Boa noite meu lindo anjo.
Capítulo 9
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Hoje é véspera de natal, prometi para minha mãe que vou ajuda-la com os preparativos no sítio da minha avó. Faz um bom tempo que não vou ao sítio, me levanto um pouco relutante em sair da cama, mas preciso fazer isso.
O dia anterior foi um turbilhão de emoções, estou apaixonada por Adam. Sim, sei que estou apaixonada porque não tiro esse sorriso bobo do rosto, até escovando os dentes continuo com esse sorriso bobo. Tudo aconteceu de maneira tão rápida, foi tudo tão arrebatador, jamais ia imaginar que ia conhecer alguém em tão pouco tempo e me apaixonar do jeito que estou agora.
Termino meu banho, visto uma calça jeans azul, meu casaco rosa, e calço minhas botas e luvas pretas, está bem frio e acho que hoje a noite vai nevar. Adoro neve, fica tudo tão romântico, principalmente agora.
Desço as escadas calmamente, como se estivesse pisando em nuvens.
- Bom dia pai, bom dia mãe.
- Bom dia Ali! – Responderam os dois ao mesmo tempo.
- Preparada para ir ao sítio? Tem muitas coisas para fazer lá. – Diz minha mãe.
- Sim, estou. E também estou com fome. – E começo a me servir com o café da manhã. Primeiro panquecas com creme de chocolate, depois um ótimo chocolate quente, um suco de laranja, mais um
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pedaço de bolo e mais um pão bem quentinho. Estou com muita fome!
- Nossa Ali! Parece um operário comendo! – Diz brincando meu pai.
- Estou com fome pai, e tenho que me abastecer para poder encarar as tarefas. – Dou uma piscada para ele.
- Bom, está tudo pronto, só vou pegar minha maleta e podemos ir. – Diz minha mãe.
- Maleta? – Pergunto.
- Sim, Ali. Vamos passar a noite lá, esqueceu?
Nossa! Tinha esquecido completamente desse detalhe.
- Apronto a minha em cinco minutos.
Minha mãe me olha com aquela cara de “o que foi que eu fiz”, que todas as mães fazem.
- Termine seu café com calma e faça sua maleta bem rápida Alice. – Minha mãe falou com aquele tom de general.
- Sim, senhora! – E bato continência.
Meu pai não aguenta o tom da minha resposta e começa a rir.
- Só você mesmo Ali, para provocar sua mãe no momento general dela.
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Termino o café e subo para arrumar minha maleta. Abro meu armário...Sei que tem uma maleta por aqui...Achei!
Coloco roupas íntimas, um vestido para o almoço, mais uma calça, blusa, casaco e uma sapatilha. Também coloco itens de higiene pessoal, celular e carregador, maquiagem e escova de cabelo. Tudo pronto. Tenho que ligar para Cass, ligo do carro.
- Estou pronta, podemos ir.
- Finalmente! – Minha mãe quando tem coisas para fazer fica tão estressadinha.
- O que foi querida? Está com TPM? – Brinca meu pai. Não aguento e começo a rir.
- Se eu estivesse Joseph você estaria sem os dentes agora. – E então ela cai na gargalhada.
Meu pai e eu ficamos surpresos, que oscilação de humor doida. Vou na direção do meu carro.
- Você vai dirigindo Ali? – Pergunta meu pai.
- Sim pai, quero ir curtindo o caminho dirigindo, desde que cheguei aqui meu bebê ficou parado, tenho que leva-lo para passear. – E dou um sorriso para os dois.
- Ok, mas dirija com cuidado.- Diz minha mãe. Faço um sinal de positivo pra ela e entro no meu carro.
Eles saem primeiro. Antes de sair, pego o celular e ligo para Cass.
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- Ali!
- Cass! Tudo bom?
- Tudo e com você moça?
- Estou bem. Você vai passar o natal onde?
- Aqui em casa, depois vou na casa do Phil, porque?
- Depois que você sair da casa do Phil, passa no sítio da vovó, leva seus pais também!
- Obrigada! Passo sim, diz para sua vó guardar bolo de nozes com morango para mim, ela sabe que sou louca por esse bolo dela.
-Eu mesma guardo.
- Você e o Adam? Estão bem?
- Estamos ótimos! Nossa, Cassandra jamais pensei que fosse me apaixonar assim.
- Eu sempre disse para você que seu príncipe ia chegar. E Matt? Ele te ligou novamente?
- Não, e nem quero. Terminei tudo com ele Cass, não tem motivos para ele me ligar.
- Hum...Sei.
- O que foi?
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- Nada. – Esse nada da Cassandra parece mais “tudo”.
- Vamos Cass, desembucha.
- Ai Alice, eu disse que não é nada, que coisa!
- Sim, vou fingir que acredito.
- Tá bom, tá bom! Matt ligou para mim e...
- Ele te ligou?! Por que?!
- Se você não me interromper eu digo.
Solto todo o ar preso nos pulmões.
- Ele queria saber se você está bem, se você tinha conversado comigo sobre o término do namoro de vocês, se eu acho que ele ainda tem alguma chance.
- E?
- Eu disse que chance ele não tinha mais, que se o namoro acabou foi por culpa dele, ele não deu valor e que você estava cansada do egoísmo dele. Eu sempre quis falar essas coisas para o Matt...Foi um ótimo presente de natal.
- Ai Cass deixa disso. Jamais ia imaginar que o Matt ia ligar para você.
- Também fiquei surpresa, me deu uma vontade enorme de dizer que você já estava em outra.
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- Não! Isso não interessa para ele. Terminamos cada um faz o que quiser da sua vida! – Uma fúria enorme surgiu dentro de mim, que ele pensa que é para fazer isso?
- Calma mocinha! Ele fez isso porque com toda certeza você foi a primeira a dar um pé na bunda dele, e o ego dele não permite tal situação. Mas fique calma, agora você está namorando o Adam, então não se preocupe.
- Você tem razão, e tenho que me acalmar mesmo porque tenho que dirigir. Vou desligar te espero amanhã.
- Dirija com cuidado, Xau!
Ligo o carro e sigo meu caminho. Que audácia Matt ligar para Cass, se quisesse saber alguma coisa, que ligasse para mim. Idiota!
Sigo em direção a Rua Principal. Meus pensamentos estão a mil. Ligo o som do carro para ouvir uma música e me acalmar, não quero que Matt estrague meu dia. Adoro Greenday, é a minha trilha sonora, ao som de Boulevard of Broken Dreams vou curtindo a estrada. Depois de meia hora entro na Rua Topázio, os campos já começam a adquirir uma leve tonalidade branca, mais tarde tudo vai ficar coberto de neve. As últimas folhas das árvores ainda persistem em alguns galhos do carvalho, o inverno chega com a sua beleza branca. Os gados vão ficar um bom tempo nos estábulos quentinhos, se protegendo do frio.
Depois de 30 minutos viro a esquerda, na Vicinal 03. O sítio da minha vó fica no fim da Vicinal, e sua pequena propriedade é
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cortada pelo Rio Green, mais 20 minutos de carro e chego à entrada do sítio.
Eu sempre achei encantador aqui, é um pedaço do paraíso. A porteira é feita com madeira de cedro, com telhados vermelhos bem altos. Abaixo do telhado fica uma placa de madeira pendurada, nela está entalhado o nome do sítio:
“Meu paraíso”
Passo pela porteira e desço do carro para fecha-la. Percebo todo o carinho que minha vó e meu vô têm pelo lugar, de cada lado da entrada há plantinhas, que na primavera devem ficar cheia de flores. Mas mesmo no inverno, é possível perceber a beleza dessas plantas.
Entro no carro e vou devagar, admirando o sítio. Grandes árvores de carvalhos e cedros estão espalhadas, pequenos arbustos ocupam os espaços entre as árvores. Seixos são colocados ao longo do caminho, placas coloridas com dizeres de bem vindos são cuidadosamente posicionados.
O caminho dá acesso a uma bela casa feita de madeira nobre. É apenas um andar, mas é bem grande, com uma enorme varanda percorrendo ao redor da casa. Cadeiras de balanço bem posicionadas, grandes janelas de vidro completam o visual. Minha avó faz questão de manter um pequeno jardim na lateral da casa, meu avô James cuida da horta e do pequeno pomar. Por trás da casa corre o Rio Green, tio Robert fez um pequeno píer e atracado a ele tem um pequeno barco, que ele e meu avô saem para pescar de vez em quando. É o melhor lugar do mundo para mim.
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Capítulo 10
Estaciono o carro próximo às árvores.
- Ali! Finalmente você chegou! – Minha avó vem em minha direção.
- Oi Vózinha! – E a abraço. – Cadê o vovô e o tio Robert?
- Estão no píer com seu pai, estão planejando uma pescaria para a tarde, querem fazer peixe para o jantar. Sua mãe está na cozinha.
- Estava com tanta saudade daqui. Nem dá vontade de voltar para a cidade.
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- Então fique querida! Seu quarto está sempre arrumado! – Minha avó é um encanto mesmo.
- Um dia vó, eu me mudo de vez para cá.
Subimos as escadas que dá acesso a varanda. A casa está bem arrumada, a sala é bem espaçosa, com móveis creme e um belo tapete com motivos orientais no chão. A lareira dá um charme bem rustico ao ambiente. Em seguida fica a sala de jantar, com sua mesa de oito lugares e uma bela cristaleira com as pratarias e porcelanas da minha avó. O corredor dá acesso à cozinha e também aos seis quartos que a casa tem. Vou em direção à cozinha.
- Oi mãe. – Dou um beijo em seu rosto.
- Oi filha, já estava preocupada.
- É que eu liguei para Cass antes de sair, por isso demorei um pouco. Ia esquecendo, vó, convidei o Phil, a Cassandra e a família dela para comerem o seu famoso bolo amanhã.
- Que ótimo! Phil, Cass e sua família são sempre bem vindos! E Adam? Vai aparecer?
- Sim, ele disse que passaria por aqui. O que tenho que fazer?
Minha mãe se adianta.
- Bom, você corta os legumes para a salada. Depois quero que você ajude sua avó na sobremesa. Deixe que o peru e o filé eu faço.
- Ok.
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A cozinha da minha avó é linda. Tem uma bancada que corre a cozinha toda, armários de madeira, um belo fogão convencional e um fogão a lenha também. No meio tem uma “ilha” de bancadas, com bancos altos. Geralmente tomamos café da manhã nessa ilha, mas hoje vou cortar legumes nela.
Pego a cesta de legumes em cima da pia, olho pela janela e vejo os homens da casa arrumando o barco. Deixo a cesta em cima da ilha de bancadas e vou lá fora, desço da varanda e vou pelo caminho de cascalho que leva até o píer.
- Olá garotos!
- Olha quem chegou! – Diz meu tio Robert.
- Ali! Que bom que você está aqui! – Meu avô me abraça.
- E o pai? Não ganha abraço? – E faz uma cara de triste.
- Claro que sim pai! Todos os abraços do mundo!
- Quer pescar conosco Ali? - Pergunta meu tio.
- Gostaria muito tio. Mas estou ajudando a vovó e a mamãe na cozinha.
- Então vamos combinar de marcar outra pescaria para você ir com a gente. – Diz meu tio.
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- Combinado! Bom, só vim dar um oi. Deixa eu voltar para minhas tarefas, antes que o momento sargento da minha mãe volte. – Todos riem com a minha declaração.
Volto correndo para a cozinha, lavo minhas mãos e aproveito para lavar os legumes também. Fico olhando pela janela de vidro o entusiasmo deles, estão parecendo crianças com presente novo.
- Eles estão bem animados. – Comento.
- Sim, James não parava de falar dessa pescaria nenhum minuto. – Disse minha avó.
- Vamos marcar um dia para irmos juntos. – Falei.
- Que bom, mas agora se concentre em seus trabalhos mocinha. – Minha mãe novamente em seu momento sargento.
- Calma Lisa, sem pressão. Se você ficar desse jeito o trabalho vai ficar super chato. – Minha avó fala olhando para minha mãe.
- Já está chato vó, não vai ficar. – Resmungo, carregando a cesta de legumes de volta para a ilha de bancadas.
- Desculpe...Quero que saia tudo perfeito. – Diz minha mãe tentando disfarçar, mas sei que ela está escondendo algo.
- Mãe, sei que a senhora fica tensa quando tem que fazer recepções desse tipo, mas hoje está além do normal. Está acontecendo alguma coisa?
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- Não Ali querida! É só stress mesmo, sua avó convidou alguns amigos dela e quero que todos fiquem bem, é só isso. – Vira o rosto e me dá uma piscadela, mas fico com a pulga atrás da orelha.
- Tudo vai ficar bem Lisa, você sabe disso. – Minha avó afaga os ombros de minha mãe, aquela frase e atitude me incomodaram bastante, meu sexto sentido diz que tem alguma coisa bem estranha no ar.
Começo a cortar os legumes com a minha avó. Fica um silêncio tão constrangedor, finalmente foi quebrado pelo som do celular. É Adam.
- Oi Adam! – E saio da cozinha, vou na direção da sala.
- Oi Ali! Sabe, deu saudade e resolvi ligar.
Um sorriso de quinze para as três surgiu em meu rosto.
- Own, que fofo. Também estou com saudades. Não liguei antes porque assim que cheguei fui logo para a cozinha. Ia ligar para você depois.
- Hum, estou atrapalhando?
- Você não atrapalha em nada. Como você está?
- Bem, estou ajudando meu pai a fazer o peru, aqui em casa é ele que faz.
- Estou preparando os legumes para a salada.
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-Huumm, quero experimentar sua salada. Será que é tão boa quanto seu beijo? – Adam adora provocar.
- Você tem que provar primeiro. – meu tom também foi bem provocador.
- Posso passar de tardinha?
- Pode sim, já falei que você ia aparecer.
- Tá ótimo, então mais tarde encontro você.
- Vou te dá o endereço.
- Não precisa, esqueceu que meu pai é amigo de infância do seu pai?
Tinha esquecido esse detalhe.
- Verdade. Então nos vemos mais tarde?
- Sim, meu anjo. Beijos.
- Beijos meu lindo.
Termino a conversa e volto para a cozinha. Escuto minha avó e minha mãe conversando. Paro no corredor.
- Estou nervosa mãe, não sei como ela vai reagir.
- Calma Lisa, vai dá tudo certo. Ela vai ficar confusa no inicio, mas depois ela vai entender.
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Meu pai entra na cozinha, essa é a minha deixa para entrar também.
- Querida, você preparou as garrafas com água? – Pergunta meu pai.
- Sim Joseph, estão aqui. – Minha mãe pega as garrafas na pia.
- Já vai pai?
- Sim Ali, prometo trazer um belo peixe para o jantar. – Ele beija minha mãe, me dá um beijo e beija a testa da minha avó.
- Boa sorte na pescaria pai.
- Obrigada!
Volto para os legumes, que já estão quase todos cortados, graças a minha avó. O clima de mistério está se dissipando. Minha mãe está com um semblante mais tranquilo e minha avó puxa conversa.
- Adam vem aqui Ali?
- Sim vó. À tarde.
- Vou fazer um bolo para o lanche, espero que ele goste. – Diz minha avó.
Tento parecer normal, mas aquelas frases me deixaram incomodadas. Por que minha mãe ficaria nervosa? Era sobre mim? Sobre outra pessoa? Não sei, só sei que deve ser bem grave para deixar minha mãe tão angustiada. Não vou perguntar, se ela quisesse que eu soubesse teria me contado.
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Coloco os legumes para cozinhar, tem que ser tudo “Al dente”, senão vira uma pasta. Depois de 10 minutos, tiro os legumes do fogão e vou escorrê-los na pia, deixo um tempo secando para só depois misturar com a maionese e o molho tártaro. Começo a ajudar minha avó nas sobremesas, esse ano teremos seu tradicional bolo de nozes com morango, torta de limão, flan de chocolate e mouse de morango. Enquanto isso, minha mãe já tinha colocado o peru e o filé no forno.
Depois de quatro horas de tanto trabalho, finalmente chega a hora do almoço. Minha avó preparou uma deliciosa sopa de macarrão com verduras, fazia tanto tempo que não tomava, estava ótima.
- Lisa, depois vamos ao jardim, quero que você veja como está lindo aquele pé de violeta que você me deu.
- Deve está lindo mesmo mãe, você quer ver conosco Ali? Dei de presente para sua avó no dia das mães. – Diz minha mãe toda sorridente, bem diferente de algumas horas atrás.
- Ok, acompanho sim. A sopa está deliciosa vó.
- Sabia que você ia gostar. Tenho certeza que lá em SunsetFalls você não encontrará uma sopa como essa.
Todas riram na mesa.
- É, a senhora tem razão, não há outra sopa igual a essa. – E começamos a conversar sobre outras coisas.
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Mas a conversa entre minha mãe e minha avó não saia da minha cabeça.
Capitulo 11
Depois do almoço fomos ao jardim da minha avó. É lindo! Minha avó tem um cuidado todo especial com ele. São rosas, hortênsias, gardênias, cravos, até copos-de-leite tem em seu jardim.
- Olha Ali, essas são as violetas que dei para a mamãe.
São três pés belíssimos de violetas. As flores são tão mimosas e delicadas que dava até medo de tocar.
- Vocês vão rir do que vou dizer, mas eu pensava que só existiam violetas de coloração roxa. – Ao dizer isso, minha avó e minha mãe tiveram um acesso de riso, riram tanto que até choraram de rir.
- Claro que não Alice. – Diz minha avó – Há várias tonalidades, como você está vendo aqui, sua mãe me deu violetas roxas, rosas e brancas com bordas azuladas.
- Ai, essa minha filha...- Minha mãe não consegue parar de rir.
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Sacudo a cabeça e tento controlar meu riso, mas é impossível. Tento me concentrar.
- Seu jardim é lindo vó!
- Ele é cuidado com muito amor, carinho e também com muito adubo!
Esse jardim foi presente de casamento que meu avô James deu para minha avó, ele construiu um pequeno solário decorado com um pequeno jardim tropical, alguns bancos e o chão e coberto por seixos de jardim, o canteiro de flores fica ao lado esquerdo da casa, do lado direito fica o pomar do meu avô.
- Esse foi um presente de casamento e tanto. - Diz minha mãe, ao me observar admirando o jardim.
- Sim. – Respondo. – É simplesmente romântico e encantador. Bom, vou tomar um banho e me arrumar, daqui a pouco o Adam está chegando.
- Vou arrumar a mesa para o lanche. – Diz minha avó.
- Eu ajudo a senhora. – Diz minha mãe.
Entro no meu quarto, é a quarta porta a direita seguindo pelo corredor. É bem grande, com uma janela que dá a vista para o pomar. A cama é imensa, com uma linda colcha de retalhos que minha avó mesmo fez, os travesseiro combinando com a colcha. O chão é feito de madeira de lei, lindo! Meu armário é feito de madeira, tem uma escrivaninha perto da janela, estas são decoradas
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com lindas cortinas cor de rosa. Esse é meu quarto, minha avó não deixa ninguém ficar nele.
Pego uma muda de roupa e vou para o banheiro. Na casa da minha vó tem dois banheiros: um no quarto dela e outro no corredor, que fica bem de frente para o meu quarto. Tomo um banho bem demorado e relaxante, tem uma banheira ótima aqui, com sais de banho e aromatizantes, sempre que tomo banho de espuma me sinto uma diva...Estou no meu momento diva! Passo a espuma em minha perna, sopro ela das minhas mãos, uma delícia! Mas, tenho que terminar este momento e saio relutante da banheira. Me visto e vou para o quarto arrumar o cabelo e passar uma maquiagem.
De repente, o celular me avisa que chegou uma mensagem.
“Preciso falar com você. Matt.”
Ah não! De novo não! O que ele quer? Decido responder o SMS.
“Não temos nada para conversar, está tudo terminado, siga sua vida. Alice.”
Em menos de dois minutos chega a resposta.
“Terminou para você não para mim.”
É muita audácia!
“Terminou para nós! Vá encontrar garotinhas que dariam tudo para ser sua namorada. A fila anda Matthew!”
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Menos de um minuto.
“O que você quer dizer com isso Alice?! Você tem outra pessoa? Matt.”
Rá! Bem pensou que estava chorando por ele, só pode!
“Minha vida não te interessa, sou livre para me envolver com quem eu quiser, faça o mesmo Matthew, siga sua vida. Não me ligue mais! Alice.”
Menos de um minuto.
“Isso não vai ficar assim. EU TE AMO ALICE MILLER!”
Esta última mensagem me fez ficar de boca aberta. Matthew nunca me disse isso, em nenhum momento tinha dito que me amava. Teve que perder para dar valor? Ou é apenas orgulho ferido? Não sei, não esperava essa reação dele.
Bom, vou deixar de lado. Adam deve está chegando, não quero ficar com cara de preocupação perto dele.
Vou ligar para Cass, atende no segundo toque.
- Oi Ali! Tudo bom?
- Oi Cass! Matt me mandou uma mensagem dizendo que me ama.
- OMG! SÉRIO!
Afastei um pouco o celular do ouvido antes de ficar surda com os gritos de Cassandra.
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- Sim, é sério. Fiquei boba, ele me mandou várias mensagens me questionando, disse para ele que não interessava o que eu fazia da minha vida e que a fila estava andando. – Comecei a rir da situação, Cass riu também.
- Ah! Um barraco via SMS, esse mundo está cada vez mais evoluído mesmo! – E solta uma gargalhada.
- Você acha que eu deva contar ao Adam?
- Olha, sinceramente? Eu acho sim. Eu gostaria de saber se a ex do Phil estivesse mandando SMS para ele.
- Vou contar, ele está vindo para cá. E como estão os preparativos?
- Está uma loucura Ali! Mas está bem divertido! Amanhã vou passar ai com vocês.
- Ah! Que bom! – Escuto uma buzina, Adam chegou. – Vou desligar, Adam chegou.
- Ok, beijos Ali, manda beijos para todos ai.
- Ok, tchau.
Vou abrir a porta para Adam.
- Boa noite senhorita, foi daqui que pediram flores?
E detrás dele, surge um belo buquê de rosas cor-de-rosa.
- Own Adam! Que lindas! – E dou um abraço e um beijo nele.
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- Seus pais e seus avós?
- Meu pai, meu tio e meu avô foram pescar, devem está chegando. Minha mãe e minha avó devem está na cozinha, vamos lá?
- Sim, obrigado.
Adam também trouxe dois mini buquês de flores do campo para elas.
- Mãe, vó.
Elas olham, e o brilho de seus olhos iluminaram a cozinha. Elas realmente gostam do Adam.
- Adam! Seja bem vindo meu filho! – Minha avó o abraçou como se fosse um neto.
- D. Celina, D. Lisa. Essas flores são para as senhoras. – E Adam se curva respeitosamente em cumprimento. Ele é um cavalheiro.
Minha avó e minha mãe se derretem que sorvete diante de tanta cortesia.
- Aceita um pedaço de bolo Adam? – Pergunto.
- Adoraria anjo. – Adoro quando ele me chama assim.
- Vocês formam um casal tão lindo. – Suspira minha mãe. Minha avó já está com uma caneca de chocolate quente e bolo na frente de Adam.
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- Coma querido, fique a vontade. – Nunca vi elas tratarem um namorado meu tão bem assim.
- Huumm, que delícia. Quem foi que fez? – Pergunta Adam.
- Minha avó.
- D. Celina, a senhora tem mãos de fada, está divino.
- Ah...Obrigada meu filho! – Minha avó ficou toda vermelha.
- Começou a cair os primeiros flocos de neve. – Comenta minha mãe olhando pela janela. – Eles ainda não voltaram. – Fala com tom preocupado.
- Eles devem está chegando mãe, fica tranquila. – E vou à janela também.
- Está esfriando aqui, vou pegar a lenha na área de serviço. – Diz minha avó indo em direção a porta da cozinha.
- Não D. Celina, deixa que eu faço isso. – Adam se levanta. – Me diga onde tenho que pegar.
Momento sorvete da minha vó foi ativado.
- Aqui meu filho, me acompanhe.
Os dois saíram pela porta.
- Ele é um encanto mesmo. Entendo porque você se apaixonou. – Diz minha mãe.
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- Sim, ele é maravilhoso.
- Ele é uma raridade sabia. Sempre foi gentil, muitas moças da cidade são loucas por ele. Fico feliz por vocês estarem juntos.
Abraço minha mãe.
- Também estou feliz mãe, estou apaixonada!
Ela me olha e diz:
- Cuide desse amor Ali, ele é raro.
E abraço de novo minha mãe. Adam e minha avó entram com as lenhas, e ela o leva até a lareira. Nesse instante chega meu pai, meu tio e meu avô da pescaria.
- Graças a Deus! Estava preocupada com vocês! – Diz minha mãe.
- Estamos bem Lisa, pegamos três peixes. – Diz meu avô.
Minha avó e Adam voltam para a cozinha.
- Olha que está ai! Adam! – Meu pai todo sorridente o cumprimenta.
- Oi Sr. Miller, como está?
- Ótimo meu filho, pescamos três peixes. Fique para jantar conosco!
- Obrigado pelo convite! – Diz Adam.
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- Oi Adam, rapaz como você cresceu. – Agora foi a vez do tio Robert. Todos conhecem Adam, eu realmente fui a última a conhecê-lo.
- Olá Robert! Nem cresci tanto. – E os dois riram, Adam virou para mim. – Seu tio e eu jogamos tênis de vez em quando.
Nossa! Tênis! Essa eu não sabia.
- Não sabia que você joga tênis.
- Sim, jogo pela universidade. E aqui na cidade encontrei um parceiro muito bom. – E aponta para meu tio.
- Ele joga muito Ali, você precisa ver. – Diz meu tio.
- Querem ajuda? – Pergunta Adam.
- Não meu filho, obrigado. Deixa com a gente. – Responde meu tio.
- Vamos para a sala Adam. – E seguro em sua mão. Automaticamente sinto uma faísca quando minha mão toca na mão dele, meu coração pula dentro do meu peito.
Seguimos para sala e nos sentamos no sofá perto da lareira.
- Preciso te contar uma coisa. – E olho sério para ele.
- Que foi Ali? Você ficou com semblante tão pesado.
- Matthew ligou para Cass para perguntar sobre mim e depois enviou SMS para mim. Ele disse que me ama.
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Capítulo 12
Entre o Amor e a Magia
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Adam me olhou sério e fixamente.
- Ele disse o que Alice? – Sua voz calma e baixa.
- Que me ama. – Respondi quase em um sussurro.
- E você disse o quê?
- Nada, não respondi. – Estava olhando para o chão, mas podia sentir seu olhar sobre mim.
Adam respirou fundo e levantou meu rosto.
- Alice, quero que seja sincera comigo, você ainda sente alguma coisa pelo Matt?
- Não! Claro que não! Acabou, tudo o que eu tinha e sentia por Matt acabou.
- Certo.
- Você não acredita em mim Adam?
- Acredito Ali, mas é perturbador saber de algo assim. Se coloque em meu lugar, você ficaria pior do que eu.
Ele me abraça, seu abraço é reconfortante. Sinto-me segura em seus braços, parece que nada vai nos acontecer. Adam beija meus cabelos e levanta meu rosto:
- Eu te amo Alice, amo muito, jamais amei alguém como eu te amo. Sei que é cedo, você pode achar precipitado, mas...Não sei como
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dizer, o que sinto por você é grande demais. Só sei que te amo e não quero que nada abale o nosso amor.
Choque. Sem palavras. Acho que não senti o chão enquanto Adam me falava aquelas palavras. Ele me ama! Adam me ama! Suas doces palavras foram tão sinceras que não consegui segurar minhas lágrimas.
- Oh Ali...Que foi meu amor? Foi alguma coisa que eu disse? Te assustei?
- Não Adam. – Ele enxugava minhas lágrimas com suas mãos macias. - Eu estou feliz por ouvir isso! Eu também te amo Adam, te amo demais. Você me faz feliz desde o dia que fui atropelada por sua bicicleta, você é o anjo que entrou em minha vida. Te amo tanto meu amor! – E o beijei.
Beijei como se fosse a última vez, beijei como se existisse apenas ele e eu no mundo. Beijei como se fosse nosso primeiro beijo. Beijei porque eu amo! Amo mais que tudo, amo com cada força do meu ser. Ele é o amor da minha vida.
- Ali, você me encantou. E não é nenhum Matt que vai atrapalhar nosso amor.
- Nada vai atrapalhar o nosso amor.
- Nada mesmo. – Adam me envolve em seus abraços.
Minha vó grita do corredor:
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- O jantar está pronto!
Nos levantamos e seguimos para a cozinha. O jantar estava servido em cima da ilha de bancadas, cada um já ocupava seu lugar ao redor dela. No centro, estava uma bela caldeirada de peixe com legumes. Havia salada, arroz branco, vinho e suco.
- Sirva- se a vontade Adam. Não tenha vergonha. – Disse meu avô.
Adam e eu nos sentamos e começamos a nos servir, como ia voltar dirigindo, Adam preferiu tomar suco de laranja e eu o acompanhei. A caldeirada estava uma delícia! A conversa estava ótima, todos rimos felizes. Depois do jantar fui ajudar minha mãe e avó a lavar as louças. Adam e os outros foram para sala conversar sobre baseball.
- Bom, o jantar foi maravilhoso! Mas tenho que ir. – Diz Adam.
- Já? Mas nem comecei a contar minhas histórias de terror. – Disse meu avô.
- Posso vir outro dia e também conto as minhas para o senhor.
- Combinado meu rapaz! Vou cobrar essa promessa hein! – Meu avô se levanta e dá um abraço em Adam. – Volte sempre!
- Obrigado Sr. James.
Adam se despediu de todos na sala. O acompanhei até a varanda. Lá fora fazia bem frio e a nevasca estava ficando mais forte.
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- Tenha cuidado, a estrada pode está escorregadia.
- Vou ter sim minha querida. Se cuida tá, quando chegar eu te ligo.
- Que horas você vem amanhã?
- Depois do almoço, tenho que ir, te amo. – Me beija suavemente.
- Amo você também.
E ele sai em direção ao carro. Aceno da varanda e ele sai. Fico olhando até o carro sumir, depois entro.
- Minha filha, você tirou a sorte grande. – Disse meu avô. Fico surpresa com a declaração, meu avô sempre foi tão discreto em suas manifestações de afeto.
- Ele ótimo mesmo, um genro que todo pai quer para sua filha. – Meu pai complementa.
- Nos darão lindos bisnetos hein James? – Minha avó superou todos dessa vez.
- Ei! Calma gente! Estamos namorando e não noivando! Vocês me deixam assustada com esses comentários.
- É que vocês foram feitos um para o outro Alice. Qualquer pessoa que olhe vocês percebe isso. – Minha mãe fala com uma calma imensa.
- Adam é maravilhoso sim, mas vamos com calma tá? Estamos nos conhecendo, nos curtido e estamos aproveitando cada momento
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juntos. Você sabem, estudamos em universidades diferentes, e muita coisa pode acontecer...Mas do fundo do meu coração quero que dê tudo certo.
- Vai sim minha querida, tudo vai dá certo sim. – Diz minha vó com aquele ar de mistério.
- Que tal contarmos histórias hein? – Meu tio Robert é meu herói!
- Apoiado! – Digo. Finalmente uma mudança de assunto. O primeiro a contar foi o tio Robert.
- Vocês sabiam que há muito tempo atrás apareciam supostos fantasmas próximos ao rio Green?
- Ai credo tio, tinha que ser logo tão próximo de casa? As portas e janelas estão bem trancadas? – Todos começaram a rir. Me encolhi perto do meu pai, tio Robert continuou:
- Sério Ali, pode perguntar para qualquer morador mais velho. O Sr. Thomas me disse que quando era mais jovem tinha o hábito de pescar no rio. Certa vez ele resolveu tirar uma soneca no barco, e quando acordou já estava escurecendo. Quando ele olhou para a margem viu uma mulher de branco acenando para ele, então ele resolveu voltar e ver o que a mulher queria, quando ele chegou perto da margem a mulher desapareceu que nem fumaça.
- É sério, acho que vou dormir com vocês hoje, posso? – Olho para meus pais.
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- Pode sim filha. – Diz minha mãe sorrindo.
- River Green tem muita história misteriosa escondida. – Diz minha vó.
E a conversa continuou. Meu celular vibra, é Adam. Peço licença e vou atender na mesa de jantar. Poderia atender na cozinha, mas depois dessas histórias prefiro ficar perto de todos.
- Oi amor! – Atendo super feliz.
- Oi meu anjo, tudo bom?
- Sim, um pouco impressionada com os contos de terror do meu tio, mas estou bem.
Adam começa a rir.
- Ah! Sério Alice? Você está com medo?
- Medo não, só fiquei impressionada, normal.
Adam solta gargalhadas no outro lado da linha.
- Não tem graça nenhuma Adam.
- Ok, não vou mais zoar de você. Mas que foi engraçado foi.
- Nossa, estou rindo até agora. – Falo em tom de sarcasmo.
- Que lindo, você está brava.
Impossível ficar com raiva dele.
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- Ok, eu te perdoo.
- Sabe o que eu queria?
- O quê?
- Te raptar, roubar você da casa de seus avôs e ficar a noite inteira com você. Topas?
- Hum, é tentador. Passar a noite inteira com você deve ser ótimo. Mas se você me raptar vai perder pontos com algumas pessoas.
- Eu sei disso. Por isso não te raptei, ainda.
- Adoraria.
- Liguei para dizer boa noite e que te amo.
- Eu também amo você Adam.
- Vejo você amanhã. Boa noite meu anjo.
- Boa noite querido.
Levanto-me da mesa e volto para sala. Depois de várias horas de conversa, fomos dormir. Minha mãe colocou um colchonete entre a cama dela e a parede, não quis ficar perto da janela. Jamais contarei isso para o Adam. E claro, nem para Cass. Para ninguém.
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Capítulo 13
Acordo com a risada de meus avós. Abro devagar os olhos e vejo a cama de meus pais. Lembrei que por causa dos meus medos pedi para dormir no quarto deles. Que vergonha, com quase 21 anos e dormindo com os pais porque ficou com medo de contos d fantasmas.
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Levanto-me, meus pais já saíram do quarto, vou até a janela. Está nevando, adoro o inverno. É tudo tão lindo, o chão todo branco, os flocos de neve caindo, as plantas ficam encobertas de neve. Me lembrei quando era criança, adorava brincar de trenó, fazer bolinhas de neve, bons tempos.
Vou para meu quarto tomar banho e colocar meu vestido. Hoje é natal. Um dia bem especial. Na minha família não decoramos a casa com árvores de natal e também não temos o hábito de troca presente. Sempre falamos que o maior presente é estarmos juntos, valorizando nossos laços familiares. Mas, mesmo assim, minha vó gosta de dar presentes. Esse ano não comprei nada para ninguém, ia fazer as compras com a Cassandra, mas o último mês foi tão corrido, com provas e trabalhos da universidade, que acaba nos esquecendo. Mas tudo isso é detalhe, o bom mesmo é estar aqui, com as pessoas que eu amo.
Depois de arrumada fui encontrar meus familiares na sala.
- Feliz natal família querida! Acho que está na hora de um abraço em conjunto! – E abro os braços na direção de todos.
Todos ficam surpresos e começam a rir, e logo todos estão no abraço em conjunto.
- Feliz Natal minha neta! - Diz vovô James.
- Feliz Natal vôzinho.
Minha avó organiza uma roda e diz:
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- O maior presente que temos é a nossa família reunida, com saúde e alegria. Todos somos presentes um do outro, porque todos são importantes aqui.
Ela vai atrás do sofá e pega uma sacola.
- Sei que não seguimos alguns detalhes do natal tradicional, mas eu gosto de dar presentes, e não perco a oportunidade de fazer isso.- Rimos, porque a vovó sempre quer um motivo para nos presentear.
Ela deu para cada um de nós uma caixinha com presente.
- Para você meu marido. – Meu avô ganhou um belo relógio. Ele abraçou e beijou minha vó, foi lindo!
- Para meu filho Robert, uma nova raquete de tênis. – Tio Robert ficou pulando que nem criança.
- Para minha filha Lisa, você vai amar. – Minha mãe ganhou um lindo sapato alto preto envernizado. Seus olhos brilharam.
- Meu genro, você é meu terceiro filho. – Meu pai beijou a testa da minha avó, ele ganhou uma camisa oficial do seu time de baseball. O sorriso do meu pai de um canto a outro do rosto.
- E para minha amada netinha, espero que goste. – Ela me dá uma caixa linda, dentro há um belo vestido branco, muito parecido com os vestidos que as deusas gregas usavam, meu queixo caiu.
- Meu Deus! Que lindo! Obrigada Vó! – E abracei bem forte.
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- Para você usar em uma ocasião mais do que especial. – Ela diz, novamente com um ar de mistério.
- E você acha que esquecemos da senhora? – Pergunta meu pai.
- Feche os olhos Celina, e pegue na minha mão. – Diz meu avô.
Meu avô, meu pai e meu tio estavam construindo uma área perto do solário da vovó, ninguém podia entrar lá, nem mesmo minha mãe. É para lá que estavam levando a vovó. Saímos da casa em direção ao jardim, passamos por ele, eu e minha mãe nos sentamos nos banco do solário, os rapazes levaram a minha avó para frente da área. E finalmente eles tiram o pano.
- Pode abrir! – Diz todo eufórico meu tio.
Grudado ao solário foi montado um atelier de pintura, com tudo que tinha direito. Aquarelas, tintas, pinceis, telas de vários tamanhos. Um sonho da minha avó realizado.
O atelier estava pintado de branco, com detalhes em madeira. As paredes tem decalques de flores de várias formas e tamanhos. O piso é todo coberto por madeira de lei e as paredes da frente são todas de vidro, com vista para o belo jardim. É encantador.
Minha vó não consegue segurar as lágrimas, na verdade, ninguém conseguiu.
- Oh meu Deus que lindo! Rapazes vocês são maravilhosos, isso é um sonho! – Diz minha vó emocionada.
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- Entre Celina, é seu! – Diz meu avô. Antes de entrar minha avó dá um lindo beijo apaixonado em meu avô. Foi lindo que eu comecei a gritar.
- Uhu! É isso ai vó! Agarra ele!
- Isso mamãe! Beija mais. – Minha mãe complementa.
- Te amo meu velho!
- Também te amo minha velha. – E todos entraram no atelier da minha avó.
Meu maior presente é ter uma família linda, a melhor amiga do mundo e um namorado maravilhoso. Sou muito abençoada.
Depois de ficarmos admirando o atelier, entramos para arrumar a mesa do almoço. Íamos receber visitas de amigos a tarde toda. Depois de uma hora estava tudo arrumado e nos sentamos para comer. Foi uma ceia linda! A mesa estava farta, a conversa era mais do que agradável, um natal inesquecível.
- Esse peru está divino. – Diz meu pai.
- Prove o filé, está ótimo também. – Eu digo.
- Nossa, nunca comi tanto assim. – Meu tio Robert sempre fala isso.
Escutamos uma buzina. Meu avô se levanta.
- É a Cassandra com a família e o Phil! – Ele abre a porta.
- Bem vindos!
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- Feliz natal Sr. James! – E Cassandra abraça meu avô. Em seguida entra Phil, o senhor e senhora Lee e o irmão de Cass, Andrew.
Vou na direção de Cass.
- Ali!
- Cass! Feliz natal! Que bom que vocês vieram! – abraço Phil e Andrew. Cumprimento os pais da Cass.
- Olá Senhor e senhora Lee, feliz natal!
- Obrigada Ali. – Disse o pai de Cass, seu nome é Antony. Sua esposa se chama Lucy.
- D. Lucy, está linda. – E a braço.
- Você que está linda Ali.- Cassandra é a versão miniatura da mãe.
- Queridos, que bom que chegaram! Vamos, entrem, sirvam-se! – Diz minha avó toda feliz, ela adora a casa cheia.
Todos se juntam a mesa, meu tio Robert foi buscar os bancos na cozinha.
- Não pude deixar de reparar em uma bela construção que há no jardim. – Comentou a mãe da Cass.
- Foi meu presente Lucy, os rapazes fizeram um atelier para mim. – Fala minha avó toda contente.
- Que legal! Foi um presente e tanto. – Comentou Andrew.
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O almoço foi ótimo, conversamos sobre diversas coisas. Depois fomos nos sentar perto da lareira. E ficamos relembrando coisas passadas, situações engraçadas. Também brincamos de mímica. Fazia tempo que não me divertia assim.
- Cass, vamos lá no quarto, vou te mostrar o que a minha avó me deu.
Cass e eu pedimos licença e fomos para o quarto. Entro, em cima da cama está a caixa.
- Abre logo! – Cass e sua insistência.
- Olha que lindo!
Cass abre a boca surpresa.
- Uau! Que lindo Alice! – Ela pega e encosta em seu corpo. – Totalmente lindo e sexy!
- É sim. Ela disse que é para vestir em uma ocasião super especial.
- Sim, ele está bem adequado mesmo.
- Adequado para quê?
Cassandra me olha assustada, como se tivesse acabado de falar um segredo.
- Adequado para uma situação especial, oras.
- Cassandra Lee sei quando está me escondendo algo.
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- Ai Alice, lá vem você. Não estou escondendo nada. E ai? Contou pro Adam da mensagem do Matt?
Nossa, que cortada de assunto. Ela está me escondendo algo, tenho certeza e vou descobrir.
- Sim, ele não gostou, é claro. Só que ele fez uma coisa que me surpreendeu.
- O quê? Conta!
- Ele disse que me ama!
- Own! Ai que lindo! Ai amiga você é sortuda mesmo. Tanta coisa legal acontecendo para você, tantas coisa novas por vir, estou tão feliz por você! – E Cass me abraça forte.
- Cass, que coisas novas?
- Hum. – Cass tenta procurar uma resposta. – Com Adam, com quem seria mais? Coisas novas com ele.
- Bom, é natal. Vou relevar essa sua atitude estranha. E você e Phil?
- Tudo as mil maravilhas. Ali, acho que ele vai me pedir em casamento! – Ela bate palminhas de felicidade, que nem foca.
- Jura! Ai parabéns! Vocês são perfeitos! – e começo a pular na cama, que nem criança.
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- Ali você vai quebrar isso aqui.- E Cass começa a pular também. Depois nos jogamos e ficamos deitadas olhando para teto.
- Ali.
- Oi.
- Você e o Adam já aconteceu?
- Aconteceu o quê?
- Ai Alice. Vocês já fizeram amor?
Fui pega de surpresa e fiquei vermelha.
- Claro que não Cass!
- Calma, é só uma pergunta.
- Ele disse que quer me raptar para passar noite comigo.
- Isso é legal e romântico.
- Também acho. – E começamos a rir. Meu celular avisa que chegou um SMS.
“Estou indo meu anjo. Adam.”
- Ele está vindo.
- Ajeita seu cabelo e passa um batom. Vou ficar com o Phil na sala.
- Ok.
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Fiquei pensando no que Cass falou. A ideia de ir para a cama com Adam é fascinante, mas será que é o momento certo? Com Matt não foi tão bom, se acontecer com Adam espero que seja melhor.
Escovo meus cabelos e passo um batom. Vou para a sala esperar o Adam.
Capítulo 14
Depois de 30 minutos escuto um carro chegando. Fui para a porta e fiquei esperando Adam na varanda. Ele estava lindo vestido com um casaco marrom, gorro e cachecol preto. Adam traz consigo um embrulho e dois buques de tulipas, as flores tenho certeza que são para minha avó e minha mãe, não é a toa que elas ficam derretidas quando falam dele.
- Feliz natal minha doce Alice. – E me dá um beijo e um abraço maravilhoso.
- Feliz natal meu amado Adam.
- Isto é para você, espero que goste. – É uma linda caixa vermelha decorada com corações brancos e para completar, um lindo laço rosa.
- Que lindo! Nossa, estou sem graça, não comprei nada para você. – Tenho certeza que meu rosto ficou corado. Adam ri da situação.
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- Não se preocupe com isso anjo, eu passei em frente de uma loja, e achei que você ia gostar. Mas só abra quando eu for embora.
Olho para ele surpresa.
- Porque não posso abrir agora?
- Porque sim Alice, segure sua curiosidade.
- Isso não é justo, estou me coçando de curiosidade.
- Calma mocinha, mas tarde você vai descobrir. – E me dá outro beijo – Acho melhor entrarmos, fica estranho ficar aqui na varanda, e também está muito frio aqui.
- Ops, perdão. Vamos entrar.
Todos estavam conversando na sala, perto da lareira. Minha avó estava servindo seu famoso bolo de nozes. Cass estava que nem criança comendo sua fatia é o bolo preferido dela.
- Olá! Feliz natal a todos! – Adam vai abraçando cada pessoa que está na sala.
- Adam, pensei que não ia mais aparecer, pensei que ia perder o bolo de nozes. – Diz minha avó super simpática.
- Não perderia esse bolo por nada D.Celina, seu bolo é bem famoso. Essas flores são para a senhora. – E virou-se em direção a minha mãe – E estas para senhora.
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- Quanta gentileza Adam, muito obrigada. – É notável que Adam está aprovado para a minha mãe, não apenas para ela, mas sim para a família toda.
- Pode se servir Adam, fique a vontade. Vou buscar talheres para você. – Meu pai se levanta e vai em direção à cozinha.
- Adam é o seguinte. – Começa Cassandra – Vá com calma nesse bolo, entendeu? Esse bolo tem uma fã de carteirinha e ela gosta de provar desse bolo várias vezes. – E dá uma piscada para Adam.
Essa Cass é uma piada, ela consegue fazer todos rirem de suas gracinhas.
- Ok Cass, terei calma com esta preciosidade. – Responde Adam.
- Muito bem Adam, você é um homem sábio. – Cass se levanta e tira mais uma fatia de bolo.
- Aqui Adam, seus talheres. – Entrega meu pai.
Depois de algumas horas de conversa, Adam, eu, Cass e Phil fomos para a cozinha. Nos disponibilizamos a lavar as louças.
- E ai Adam, saudades do nosso dormitório na faculdade? - Phil começa a rir.
- Hum, deixe-me pensar, não, nadinha. Aqui está ótimo. E você? Saudade das líderes de torcida? – Adam começa a rir e olha para Cass, Phil sacode a cabeça rindo.
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- Quer dizer que o senhor fica de olho nas garotas de pompom? – Cass olha para Phil com ar sério, mas no fundo é tudo fingimento.
- Sabe como é amor, elas ficam pulando, dançando com aquelas sainhas...- Ninguém aguenta e começa a rir, exceto Cass, parece que ficou com ciúmes.
- Phil! – Jogou um guardanapo nele. Ele vai para perto dela e lhe dá um abraço.
- Cassandra, nenhuma líder de torcida, por mais gostosa que seja, vai tomar seu lugar no meu coração. – E Phil lhe dá um beijo.
- Own que lindo! – Digo.
- Na verdade, me deu vontade de vomitar. – Andrew entrou na cozinha.
- Andrew, sei que você tem queda por garotas de pompom, eu já vi suas ações na Georgetown. – Adam cutuca.
- Sabe como é Adam, elas não resistem ao encanto do papai aqui. – Andrew é tão hilário quanto Cass, ele está no segundo ano de medicina na universidade.
- Fica tranquila Cass, eu não passo nenhuma líder gostosa para o Phil, deixo ele pegar só as mais ou menos. – Essa declaração deixou Cass vermelha, mas tirou risada de todos.
- Andrew, vou te bater tanto, que nem suas musas do pompom vão te reconhecer. – Cass está com ciúmes, é tão engraçada.
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- Calma Cass, é tudo brincadeira! É está mais divertido porque você está irritadinha. – Falo para ela.
- Oh! Que boba sou! – E põe as mãos no rosto de forma dramática – Torturada por esses seres que ficam felizes em me ver sofrendo.
Sua interpretação foi digna de um Oscar.
As brincadeiras continuam, e depois de um tempo Cass, Phil e Andrew vão para a sala. Adam chega perto de mim e me abraça.
- Sabia que eu passei a noite pensando em você, deu uma vontade louca de te raptar.
- Hum, o senhor está muito engraçadinho, não pode raptar as pessoas assim, sabia? - E dou um beijo nele.
- Sei disso, mas sou um homem apaixonado, que não consegue esquecer sua linda namorada.
- E sua namorada também não consegue esquece-lo.
E começamos a nos beijar. Um beijo calmo e doce, que depois foi ficando mais intenso, cheio de paixão. Afasto-me, um pouco tonta.
- Que foi?
- Nada. – Minha respiração está ofegante. – Nada não, é que alguém pode entrar e nos ver, não ia ser legal, ia ficar sem graça.
- É só isso mesmo? – Adam sabe que estou mentindo.
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- É só isso sim. – Dou um sorriso amarelo para ele.
Adam pega em minhas mãos.
- Alice, jamais vou fazer algo que você não queira, jamais. Sempre vou te respeitar, não passarei dos limites com você, entendeu?
- Entendi sim Adam, desculpa, fiquei nervosa. – E volta a abraça-lo.
- Eu sei, percebi. Vamos para a sala?
- Vamos.
Nos dirigimos para a sala, e nos reunimos com os outros. O clima entre todos estava ótimo, cheio de alegria. As risadas enchiam o ambiente, é maravilhoso ficar próximos de quem a gente ama.
É esse carinho, esse aconchego que sinto falta quando volto da SunsetFalls, Cass se sente assim também. Só temos uma a outra, conversamos e brincamos, mas quando a saudade aperta fica difícil, já choramos muito com saudades de casa. Mas graças a nossa grande amizade conseguimos superar os momentos de dificuldades.
Já são 22:00, e todos começam a se despedir. Phil, Cass e sua família são os primeiros a saírem, depois Adam se levanta e se despede da minha família, o levo até a varanda.
- Depois que eu sair, você pode abrir seu presente. – Ele aperta meu nariz.
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- Com toda certeza, é só você entrar no carro que vou correndo para o meu quarto abri-lo.
- Menina curiosa hein? – Me dá um beijo. – Tenho que ir, a estrada com neve não é muito segura de noite, tenho que dirigir bem devagar.
- Eu sei, então você me liga amanhã?
- Ligo sim, obrigado.
- Pelo o quê? – Olho com curiosidade para ele.
- Por ser tão maravilhosa, por ter me proporcionado um natal tão especial, por me fazer te amar. – E ele me puxa para perto dele e me beija. Seu beijo deixa meu coração acelerado.
- Uau! Que beijo. – Digo.
Ele ri.
- Já vou, te amo Ali.
- Te amo Adam.
E ele sai em direção ao carro, fico esperando ele manobrar e ir em direção à porteira.
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Capítulo 15
Entro na sala e dou boa noite a todos, sigo super ansiosa para o meu quarto. O que será que Adam me presenteou? Nossa, se demorasse mais um pouco iria explodir de tanta curiosidade. Lá está ele, em cima da minha cama, me chamando. Sento na cama e delicadamente desfaço o belo laço cor de rosa, abro a caixa e lá está...Um lindo vaso com uma orquídea lilás, amarrado a um laço que envolve o vaso está um lindo anel com uma pedra de cor azul, uma Safira. E posto cuidadosamente no vaso há um bilhete.
“Querida Ali,
Este é o melhor natal que tive, sabe por quê? Por que você apareceu na minha vida.
Escolhi lhe presentear com esta orquídea, pois foi por causa dela que te conheci...Calma, eu explico.
No dia que te atropelei, tinha saído para dar umas voltas pela cidade. Ao chegar na praça, fiquei prestando atenção nas belas flores da floricultura da praça, e uma delas me chamou atenção por sua beleza. Fiquei apreciando esta flor e não vi você surgir na frente e foi assim que atropelei...Foi por causa de uma bela flor que encontrei o amor da minha vida, se não fosse por esta orquídea nada disso teria acontecido. Ela se tornou especial, se tornou a Nossa Flor, a flor do nosso amor. Cuide dela com
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carinho, o mesmo carinho que você tem por mim, pois ela vai ser um símbolo do nosso amor.
Este anel é para lhe mostrar que o sentimento que tenho por você é verdadeiro e puro. Ele representa o novo ciclo de nossas vidas. Sim, Alice Miller, estou louco de amor por você e quero te ter na minha vida sempre.
Feliz Natal!
Com muito amor...
Do seu Adam.
Lágrimas invadiram meu rosto. Ele me ama! E como eu o amo também!
Peguei a linda orquídea, a orquídea que nos uniu e coloquei em minha janela, ficou perfeita, sento perto dela e fico admirando sua beleza. Delicadamente, desfaço o laço para poder libertar o anel e o coloco em meu dedo. Releio a carta de novo e novas lágrimas surgem. São lágrimas de alegria, de amor, de felicidade.
Nunca me senti tão feliz como estou agora, jamais ia imaginar que fosse encontrar um amor tão verdadeiro assim...Sem egoísmos, sem exibições. Mas um amor mútuo, que se completa. Não consigo
Suh Chaves Linhares
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tirar os olhos da minha orquídea, vou andando de costas para a cama com a carta apertada ao peito.
De repente, sinto um calafrio percorrer o meu corpo. Um vento estranho surge no meu quarto, as cortinas da janela balança em direção ao vaso, ele balança para frente...Corro...E consigo agarra-lo antes dele cair no chão.
Fico ofegante, agarrada com vaso em minhas mãos. Que coisa estranha, as janelas estão fechadas, de onde veio esse vento?
Levanto-me e decido colocar a orquídea no criado-mudo da minha cama. Guardo a carta na minha maleta. Vou até as janelas e certifico se estão bem fechadas, vou na porta e faço o mesmo. Dou mais uma olhada na flor e me deito na cama.
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Capítulo 16
Acho que acordei cedo demais. Olhei para minha orquídea e lembrei do Adam, lembrei da sua linda carta, olhei para minha mão e fiquei admirando o belo anel de Safira. Senti novamente uma leve brisa no meu quarto, olhei para a janela e as cortinas estavam balançando levemente. É estranho.
Levantei-me e fui até a janela, abri um pouco a cortina e olhei para fora. A nevasca havia passado, o chão estava coberto pelo branco da neve, assim como as plantas e rochas também. Mas havia uma névoa estranha, não cobria todo o sítio, apenas uma parte. Parecia que se movimenta, e a cada movimento sentia a brisa dentro do meu quarto.
Me afastei da janela, fui olhar as horas no celular. São 7:00 da manhã do dia 26 de dezembro. Saio do meu quarto e vou na direção da porta da sala, quando estou chegando a porta se abre. Minha avó aparece.
- Bom dia Ali! Caiu da cama?
O susto quase me faz cair.
- Ai vó! Que susto!
- Sou tão feia assim?
Sacudo a cabeça, tentando me localizar.
- Não, claro que não. É que eu ia ver uma coisa ai fora.
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- Que coisa? – Minha vó ficou séria.
- Desde ontem estou sentindo uma brisa no quarto, e hoje quando fui olhar na janela vi uma névoa...Mas era estranha, não cobria o sítio todo...Era restrita, e toda vez que ela se movimentava eu sentia como se fosse dentro do meu quarto.
Fui em direção à porta. Minha avó me segura pelo braço.
- Não vá Alice!
Olho assustada para ela. Sua voz saiu em um tom de preocupação.
- Por quê?
- Porque está muito frio lá fora, e você está de pijama. É só por isso. – Me deu um sorriso forçado.
- Então vou por um casaco, preciso ver isso. - Vou na porta, pego o casaco do meu pai que é bem grande e saio na varanda. Minha avó vem atrás.
O frio está de matar, mas preciso ver que névoa estranha é essa. Circundo a frente da casa e vou pela lateral esquerda, em direção ao pomar do meu avô. Do meu quarto consigo ver a trilha para o pomar e essa névoa estranha estava bem em frente à trilha.
- Alice, volte! – Ouvi minha avó gritar da varanda. Não voltei, estava decidida.
Ao me aproximar, senti novamente o vento frio. Mas não o vento frio do inverno, é um vento que dá a sensação de atingir a alma.
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Parei. Olhei para a lateral da casa, fui em direção à janela do meu quarto, me posicionei e virei em direção à trilha.
E lá estava. Parecia que me chamava, era densa, era grande e se movia suavemente. Fui na sua direção. Cada vez que me aproximava sentia que a brisa ficava mais forte. Ao longe escutava a voz da minha avó suplicando para voltar para dentro. Mas não liguei. Não conseguia controlar meus passos, estava hipnotizada, era assim que estava me sentindo.
A brisa se transformou em vento, era forte demais. Estava dentro da névoa. Sentia uma força enorme, parecia que estava me tirando do chão. Um medo tomou conta de mim, queria sair, mas não conseguia. Meu corpo estava flutuando e girava lentamente, foi como se estivesse em um pequeno tornado, não conseguia enxergar nada além da névoa. De repente, comecei a girar mais rápido e sentia que estava a mais de um metro do chão, queria gritar, mas não conseguia. Precisava sair daquela situação estranha, mentalmente gritei:
- ME SOLTE AGORA!
E fui jogada no chão.
Capítulo 17
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Senti uma dor terrível nas minhas costas, na minha cabeça. Parecia que eu tinha pulado de um arranha-céu. Abro os olhos devagar, e pouco a pouco as imagens vão se definindo. Estou em meu quarto, minha mãe está ao meu lado, com olhar apreensivo, meu pai está ao telefone.
Tento me levantar, mas a dor me impede.
- Ali, querida. Não faça nenhum esforço. – Diz minha mãe, ela se aproxima mais de mim, passando as mãos carinhosamente em meu cabelo.
- Mãe...O que aconteceu? Eu estava flutuando e...
- Shiii...Descanse minha filha, descanse. Tudo vai ficar bem.
- Cadê a vovó? Ela viu, acho que ela sabia...Ai!
- Sua avó está bem, ela está fazendo um chá para você.
- Oi querida, não se mecha. – Meu pai sentou aos pés da cama – Liguei para o médico, vamos te levar ao hospital e fazer uma radiografia e uma tomografia também.
Sacudi a cabeça em negativa. Odeio hospitais.
- Não...não quero...Ai minha cabeça.
- Sem teimosias Alice, a ambulância está a caminho. – Meu pai estava com o semblante muito tenso.
Nossa, ambulância, era só o que faltava.
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- Sem sirenes, por favor.
- Ok Ali – Meu pai ri – Sem sirenes.
Minha avó entra no quarto. Nem tinha percebido que meu avô e o tio Robert estavam em um canto do quarto.
- Oi minha netinha, trouxe um chá para você. – Os olhos de minha avó eram um misto de culpa e preocupação.
Minha cabeça rodava, queria entender o que tinha acontecido. Minha avó sabe de alguma coisa, ela tentou me impedir.
- Vó, o que foi que aconteceu?
Meu pai interviu.
- Alice, preste bem atenção. Vamos ao hospital fazer esses exames, depois que você for medicada e liberada pelos médicos você vai poder conversar com sua avó.
Sacudi a cabeça concordando. Depois de um tempo escuto um carro chegando.
- Chegou a ambulância, vou atendê-los. – Disse tio Robert.
Os paramédicos chegam, fazem uns exames preliminares, colocam uma proteção em meu pescoço e com todo cuidado me colocam na maca. Sou conduzida para a ambulância. Minha mãe vem comigo, o resto da minha família vai de carro.
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Depois de uma hora e meia, chego ao hospital de River Green. Fui levada direto para a sala de exames, um médico já me aguardava.
- Sr. Miller, falamos ao telefone, sou o Dr. Reagan. – Ele aperta a mão do meu pai. – Fique tranquilo, vamos cuidar de sua filha.
- Obrigada. – Respondeu meu pai.
Fomo em direção à sala de exames. Primeiro foi no raios-X, várias radiografias tiradas. Em seguida, a tomografia, várias imagens da minha cabeça foram feitas. Espero que tudo esteja bem, que nada esteja quebrado.
- Srtª. Miller, vou lhe medicar agora e a senhorita vai ficar em observação. A enfermeira vai leva-la ao quarto, seus familiares já estão esperando lá. – Disse o médico muito gentil.
- Obrigada.
Ele fez medicação intravenosa e algumas via oral. Fui levada ao meu quarto, minha família já estava lá, Cass e Adam também. Os remédios já estão fazendo efeito, me sinto dopada. Me tiraram da maca e me colocaram na cama.
- Olá. – Foi o máximo que consegui dizer antes de apagar.
......
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Não sei quanto tempo eu passei dormindo, mas quando acordei, minha avó estava sentada na poltrona ao lado da minha cama fazendo tricô.
- Vó.
- Ali!
- Estou com sede. – Minha voz era um sussurro.
- Vou pegar água para você. – Ela se levanta e vai em direção ao frigobar do quarto – Aqui está querida, deixa eu ajudar você.
Minha avó me ajuda a levantar para beber água. As dores diminuíram bastante.
- Como você está?
- Parece que um caminhão passou por cima de mim. Mas as dores estão menos intensas. Quando vou para casa?
- Ainda não sei querida, seus pais voltarão mais tarde, eles falaram com os médicos sobre os resultados dos exames. Agora é importante você descansar.
- Vó, o que era aquilo? O que realmente aconteceu?
Minha avó suspira e pacientemente me responde
- Alice, combinamos que assim que você sair do hospital vamos conversar sobre o que aconteceu, sem mistérios, sem mentiras, ok?
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- Ok. Ligue a tv por favor, quero me distrair.
Minha avó liga a tv e põe no canal de desenho. Está passando Looney Tunes.
......
Depois de algumas horas meus pais chegaram.
- Olá querida! – Minha mãe me abraça.
- Filha, que bom que já está acordada. – Meu pai me abraça também.
- Olá, quero ir para casa.
- Calma, vamos ver o que médico vai dizer. – Diz meu pai.
Depois de 15 minutos, o médico entra.
- Boa noite a todos.
- Boa noite. – Respondemos.
- Sr. e Sr.ª Miller, os exames de sua filha deram negativos para traumas cranianos, também não houve nenhuma lesão em suas costelas ou nos ossos dos braços e pernas. Ela teve sorte, pois cair de uma árvore do jeito que ela caiu poderia ter tido consequências nada agradáveis.
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Queda de árvore foi essa a justificativa dada ao médico. Bem pensado.
- Quando vou poder voltar para casa?
- Amanhã. Quero que passe esta noite no hospital. Você ainda vai sentir algumas dores, mas nada insuportável. Vou prescrever os medicamentos e deixar sua alta assinada para amanhã. Mais alguma dúvida?
- Não, muito obrigado por ter nos ajudado. – Meu pai foi muito sincero e emotivo em seus agradecimentos.
O médico cumprimenta a todos e sai do quarto. E decido falar.
- Assim que voltarmos vamos conversar sobre tudo que aconteceu, e eu quero a verdade.
- Calma Ali, você tem que descansar. – Diz minha mãe.
- Vamos conversar sim mãe! A única certeza que tenho é que eu não cai de uma árvore.
- Sabemos disso filha. - Diz meu pai – Quando chegarmos em casa vamos conversar, eu prometo.
- Quando entrei no quarto mais cedo, vi o Adam e a Cass.
- Sim, eles estavam aqui, falaram que iam voltar depois. – Diz minha avó, concentrada em seu tricô.
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Ficamos em silêncio vendo televisão. Ouvimos uma batida na porta. Cass põe a cabeça pela porta.
- Olha quem está acordada! – e me dá um beijo na testa.
- Cass!
- Não vim sozinha.
Adam, Phil e Andrew passam pela porta com balões.
- Surpresa! – Os três falam ao mesmo tempo.
Não consigo segurar o riso. Na verdade, ninguém conseguiu segurar.
- Verdade que você queria descobrir se podia voar e se jogou do telhado da casa? – Andrew não nega que é irmão da Cassandra.
- Andrew, juro que quando sair daqui vou bater em você! – Falo isso enquanto o abraço.
- Calma Andrew. – Diz Phil – Ela devia está com vontade de virar Jane.
- Nossa, que foi que vocês tomaram ao longo do caminho para cá, hein? – Pergunto.
- Calma amor. Eu sei que lhe chamo de anjo, mas você não pode se jogar assim das árvores. – Até Adam resolveu tirar brincadeira com o meu acidente.
- Até você Adam! – Ele vem e me beija.
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- Isso se chama terapia do riso, li na internet. Então combinei com os três patetas aqui para fazermos uma terapia para você. – Comenta Cass.
- Own que lindo! Estou me sentindo bem melhor mesmo, já saio amanhã.
- Funcionou! – Diz Cass levantando os braços para o alto. Risos invadiram o quarto.
- Mas, meu anjo. Como aconteceu isso?
Meus pais e minha avó se entreolharam, achei isso tão estranho.
- Hã...Eu fui tentar pegar um...ninho de passarinho. Mas estava escorregadio e cai.
- Estranho. – Diz Adam, ele sabe que não estou dizendo a verdade.
- Estranho porque Adam? – Pergunta Cass - Vai ver a Ali acordou com o barulho de algum filhote de passarinho chorando fora do ninho e resolveu ajudar.
Cass me socorreu na hora certa. Não sei o que faria sem ela.
- Foi isso mesmo que aconteceu amor, fui colocar um filhote de volta no ninho. Ai aconteceu isso.
- Ok, mas não faça mais isso tá. – E ele me beija.
- Prometo.
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Conversamos por várias horas. Rimos bastante, mas eles tiveram que ir embora. Minha mãe ficou comigo para passar a noite.
- Durma minha filha, amanhã já estaremos em casa. – Minha mãe me beija a testa.
- Eu te amo mãe.
- Também te amo filha.
Ela desliga a luz e eu pego rápido no sono.
Capítulo 18
- Alice, acorde querida.
Acordo com minha mãe me chamando, os remédios são bem fortes mesmo. Não ia conseguir acordar mesmo se uma banda de colegial tocasse perto de mim.
- Papai já chegou?
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- Está a caminho. Venha, vou lhe ajudar no banho. Como se sente?
- As dores estão bem menores, já consigo me mexer sem tantas dificuldades. Vamos para o sítio?
- Sim, é melhor e mais calmo para você.
Levanto-me de cama e com ajuda da minha mãe vou para o banho. Depois de alguns minutos já estou pronta para ir para casa. Alguém bate na porta.
- Bom dia! – Era Adam.
- Oi amor! – Lhe retribuo o abraço.
- Vim para te acompanhar. Posso passar o dia com a Ali Sr.ª Miller?
- Pode sim Adam, vai ser bom para ela. Seu pai já está subindo. – Minha mãe recebeu uma mensagem de celular do meu pai.
- Graças a Deus, não ia conseguir ficar nem mais um minuto aqui. Detesto hospital.
- Calma amor, você já está indo para casa, tenha paciência.
Meu pai chega empurrando uma cadeira de rodas.
- Ah não! Não vou sair de cadeira de rodas!
- São recomendações médicas Alice, sem tolices. É só até a saída. – Disse meu pai com voz zangada.
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Levanto-me e vou sentar na cadeira. Adam vai empurrando até a saída, meus pais vêm logo atrás. Me levanto e entro no carro, Adam senta ao meu lado.
- Sua avó está preparando uma sopa, ela disse que você vai ficar boa bem rápido. – Disse meu pai, já estava mais relaxado.
Não digo nenhuma palavra, minha mente estava ansiosa pela conversa que ia ter. Mas é claro que ia ter que esperar o Adam ir embora, pela primeira vez na vida queria que ele estivesse na casa dele e não comigo. Preciso saber o que realmente aconteceu comigo.
Meu pai foi dirigindo devagar por minha causa, e por causa levamos meia hora a mais para chegar ao sítio. Minha avó estava nos esperando na varanda. Tio Robert e meu avô estavam vindo do pomar com uma cesta de uvas. Meu pai estacionou bem próximo da varanda.
- Oi! – Dei um cumprimento geral.
- Olá minha neta. – Meu avô veio e me abraçou, tio Robert fez o mesmo.
- Que bom que está em casa. – Disse tio Robert.
- Me falaram que a senhora fez uma sopa? – Abraço a minha vó.
- Sim minha querida. Uma sopa deliciosa para você. Cass ligou, disse que vai passar aqui mais tarde.
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Entramos e fui para o meu quarto, Adam me acompanhou. Assim que entramos sua visão foi direto para a orquídea.
- Gostou? – Perguntou ele.
Nem me lembrei de agradecê-lo. Lhe abracei, depois lhe dei um beijo bem carinhoso.
- Amei! Ela é linda, amei o anel...Foi por causa dela que nos conhecemos, ela sempre será especial.
Nos sentamos na cama, ele se encostou para perto da parede e eu me encostei nele. Ficamos ali juntinhos, sem dizer nada por um bom tempo.
- Quando sua mãe me ligou dizendo que estava no hospital fiquei doido. Pensei que ia te perder.
- Mas está tudo bem agora. – Me virei e beijei seus doces lábios.
- Não sei o que faria se algo mais grave acontecesse.
- Mas nada aconteceu. Estou aqui, inteira. Um pouco dolorida, mais inteira.
Ele sorriu.
- Pelo menos seu senso de humor não foi afetado.
Conversamos por várias horas, até que minha mãe entra no quarto.
- Vamos almoçar?
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- Vamos sim, estou morrendo de fome. Vem amor.
Puxo Adam pelas mãos e vamos em direção à cozinha. Todos já estão lá.
- Sente minha querida, vou colocar sua sopa. Adam, sinta-se a vontade e pode se servir.
Minha avó pega um prato e vai em direção ao fogão a lenha para pegar minha sopa.
- Como estão seus pais Adam? – Meu pai puxa assunto.
- Estão bem Sr. Miller. Meu pai disse que vai ligar para o senhor, ele disse que vai marcar uma pescaria com vocês.
- Hum, é verdade. Ele me disse isso no dia do natal. Como vou à cidade mais tarde, dá uma olhada na casa, aproveito e falo com ele.
- Vai na cidade pai?
- Sim, filha. Vou dá uma limpada na casa, molhar as plantas. Seu avô e sei tio vão comigo.
O almoço correu sem nenhum problema. Os assuntos foram agradáveis. Depois fomos para a sala assistir a um filme. A tarde passou bem tranquila. Escutamos um carro chegar, me levantei e fui na janela, era Cass. Fui abrir a porta.
- Oi menina! – Ela me abraça.
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- Oi Cass, adorei seu gorro. – Ela estava com um gorro com orelhas do Pateta.
- Gostou? Achei em uma loja perto da praça, achei fofo. – Ela fala rindo, que nem uma criança.
- Estamos na sala, vem.
- Olá família!
Cass é uma figura e tanto. Todos respondem com muita simpatia. Cassandra é como um membro da família.
- Preciso ir amor. Combinei de sair com o Phil, vamos procurar uns livros que vamos precisar para o próximo semestre. Você precisa de algum? Posso procurar para você.
- Na verdade preciso sim, mas vou ter que procurar.
- Fica tranquila Ali. Eu dei uma lista dos livros que vamos precisar para o Phil. – Diz Cass.
- Não sei o que seria de mim sem você Cass.
- Sinceramente? Ia ser sem sentido.
Risadas geral. O engraçado é que ele fala séria, sem nenhum esboço de riso, e isso fica bem mais engraçado.
- Bom, então vou indo. Até logo, obrigada pelo almoço.
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Adam se levanta e se despede de cada um. Já estou esperando na porta.
- Tchau, dirija com cuidado. – Dou um beijo nele.
- Se cuida tá, nada de subir em árvores de novo.
- Ok.
Meu pai, tio Robert e meu avô também estão de saída. Dou adeus a todos, espero os carros sumirem em direção a porteira, fecho a porta e vou para sala.
- Bom, Cass é minha melhor amiga. Seja o que for que aconteceu pode ser dito na frente dela. Estou esperando as explicações. – Falo bem séria. Olhando para minha avó e para minha mãe.
- Acho melhor você se sentar Alice, a conversa será bem longa.
Capítulo 19
- Você sabe de alguma coisa Cassandra? – Perguntei, meus olhos estavam fixos nela.
- Senta Ali. E sim, sei sim. – Cassandra ficou me olhando bem séria – É melhor você sentar e escutar o que temos para te dizer.
O clima na sala ficou tenso. Meu coração batia forte demais, mil coisas se passavam em minha cabeça. O que estava acontecendo? O que minha família escondia de mim? O que Cass escondia de mim?
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- Estou esperando. Desembuche.
Minha avó suspira e começa.
- Ali, a nossa família é muito especial. Somos descendentes de um povo forte, que lutou bastante e conquistou muitas terras. Somos descendentes dos Celtas.
- O quê? Celtas? O povo nórdico?
- Sim, esses mesmos Ali. – Disse Cass – Mais precisamente os Celtas oriundos da Áustria.
- Como estudante de História, você sabe que os Celtas eram povos que viviam próximos de florestas. Eram bons caçadores e agricultores. Respeitavam a natureza e principalmente as mulheres. – Disse minha avó.
- Sim, sei disso. As mulheres tinham um papel importante na sociedade Celta. Eram mais respeitadas que os homens, eram elas que escolhiam os maridos e não ao contrário. Os bens eram passados de mãe para filha. Também eram muito respeitadas com sacerdotisas.
- Eles também faziam uso das forças telúricas, as forças que veem da terra. Essas forças podem ser controladas com o poder da mente, faziam rituais para celebrar as fases da lua, estações do ano e também cultuavam suas deusas. Esses rituais eram praticados em locais especiais onde somente membros iniciados da sociedade Celta poderiam participar. – Completa minha mãe.
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- Sou descendente de Celtas, até ai tudo bem. Mas e essa história de forças telúricas, poder da mente, rituais? O que isso tem haver com aquela névoa? – Minha mente estava lenta demais para processar as informações que estavam sendo despejadas em mim.
- Tem tudo haver Alice, você não percebe? Não entendeu o que aconteceu com você ontem? – Cass me olha com uma cara de decepção enorme – Você não imagina a magnitude do evento né? Conte-nos o que aconteceu com você ontem.
- Bom, eu senti uma brisa dentro do meu quarto, olhei pela janela e vi uma névoa. À medida que ela se movia a brisa ficava mais forte, decidi verificar o que era. Quando cheguei lá fora senti que estava sendo levada involuntariamente para dentro daquela névoa...Parecia que estava sendo hipnotizada, de repente me senti levantada do chão, depois comecei a girar, fiquei com muito medo. Tentava gritar e não conseguia, até que mentalmente pedi para me soltar e fui jogada ao chão. Quando acordei estava no meu quarto.
- Impressionante! – Minha avó olha maravilhada para minha mãe e para Cass.
- O que está acontecendo hein?! Podem parar com esse mistério todo! EU EXIJO SABER O QUE ESTÁ ACONTECENDO!
- Alice, minha querida. – Minha mãe se levanta e segura minhas mãos – Você é muito especial. Você é abençoada pelas deusas!
- Deusas? – Olho confusa e com medo para minha mãe.
- Alice, você é uma bruxa.
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Capítulo 20
Olho para minha mãe. Escutei mesmo o que ela acabou de dizer? Isso é sacanagem com a minha cara? Ou todas estão bêbadas ou drogadas nessa sala? Me seguro no beiral da lareira, minha cabeça está rodando, fecho meus olhos e penso que tudo isso não passa de um sonho ruim.
- Alice? Você está bem? – Pergunta Cass.
- Bem? Eu que bato minha cabeça e vocês que ficam loucas?
- Loucas? Você não acredita né? – Cass se levanta ofendida.
- Você ouviu o que minha mãe disse? Ela disse que sou uma bruxa! BRUXAS NÃO EXISTEM!
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Estava descontrolada. Que palhaçada é essa? O que elas estão querendo fazer? Me deixar louca, me fazer de idiota? Só pode ser brincadeira de mau gosto.
- Vamos parar com a palhaçada ok? Você falaram que iam me contar a verdade e estão me enrolando. – Ando de um lado para outro. Minha avó me segura pelos ombros.
- Calma Alice! Calma! Presta atenção em mim!
Ela me faz sentar no sofá e se ajoelha na minha frente.
- Minha querida, jamais íamos brincar com tal assunto. Sim, você é uma bruxa. Pode parecer loucura? Sim, pode. Principalmente quando não sabemos de nossas origens. Todas nós passamos por esse estado de confusão que você está. Mas depois que o susto passa percebemos que é uma benção em nossas vidas.
- Você disse: todas nós? Cass, você também?
Cassandra sacode a cabeça em afirmativa. Estava em choque, minha melhor amiga é uma bruxa. Minha mãe e minha avó são bruxas. EU sou uma bruxa. Será que algum remédio que tomei no hospital afetou minha sanidade? Não, infelizmente era tudo real.
- Por que não me contaram antes? Porque me esconderam isso? Cass, como pode?
- Não podia contar Ali. – A voz da Cass era um misto de culpa e dor. – Uma bruxa não pode saber de sua origem antes da idade certa.
Entre o Amor e a Magia
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- Qual a idade certa? – Olho para minha avó.
- 21 anos. Você só pode ficar sabendo uma semana antes do seu aniversário de 21 anos.
- Mas porque 21 vovó? – Estou ficando mais calma.
- Por que o número 21 representa segurança, realização, equilíbrio entre o espirito e a matéria, mudanças e triunfos.
- Meu aniversário é daqui a três dias. Vou me transformar?
- Não Alice. – Cass ri da minha bobagem – Você vai se transformar, mas de maneira espiritual. Você não vai ficar com narigão, isso é lenda. Você vai aprender sobre o que é ser bruxa, ou seja, você será iniciada. Vai aprender a controlar seus poderes e saber usa-los.
- Poderes? ! – Olho assustada.
- Sim minha filha. Aquilo que aconteceu com você ontem foi a manifestação dos seus poderes. – Minha mãe explica – Você deveria está muito alegre, muito triste ou com muita raiva, e com esses sentimentos você liberou seus poderes elementais, mas é claro que não conseguiu controla-los.
- Estava feliz ontem. O presente que o Adam me deu me deixou muito feliz. – E foi ai que eu lembrei – Meu Deus! Adam!
- O que tem o Adam? – Perguntou minha mãe.
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- Ele descende de caçadores de bruxas. – Soltei como quem solta uma pedra nos pés de alguém.
- Como assim? – Pergunta Cass assustada?
- A família dele descende dos juízes inquisidores responsáveis pelo julgamento de Salém. Mas ele não acredita em bruxas, nem em magias.
- Alice, você tem que conversar com ele sobre isso. Tem que ser justa. - Minha mãe senta ao meu lado e me abraça.
- O papai, o vó e o tio Robert sabem de tudo isso?
- Claro que sabem. – Responde minha avó – No início ficaram assustados, mas depois entenderam e acharam até legal.
- Mas, e se Adam não reagir da mesma forma deles? E se ele se afastar de mim? Eu o amo tanto.
Nesse momento, as lágrimas romperam. Não consegui segurar, foi muita emoção em um dia só. Minha vida mudará completamente. Estou com medo, medo de não saber lidar com tudo isso, medo de me transformar em algo diferente, medo de machucar alguém...Medo de perder o Adam. Chorei, solucei bastante. Minha mãe tentava me acalmar.
- Alice, quero que saiba de um detalhe muito importante. Me olhe querida. – Minha mãe levanta meu rosto e enxuga minhas lágrimas – Você pode escolher não ser bruxa.
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Olho assustada para ela.
- Como assim?
- Você pode abrir mão do seu dom, da sua herança mágica. Todo futuro bruxo, antes de ser iniciado, tem o direito de pensar sobre o assunto e de escolher se quer ou não se tornar um bruxo. É uma decisão muito séria, por isso é necessário fazer essa reflexão.
- Você tem que pensar bem Alice, isso é bem sério. Você tem que está disposta a ser uma bruxa, sem arrependimentos. Se for virar uma bruxa, vai ter que contar ao Adam. Se ele não concordar, você vai ter que escolher entre o amor e a magia. – Cassandra falou com muita autoridade.
- Phil? Ele aceitou?
- No inicio ele ficou pensando que eu estava louca. Mas depois que mostrei alguns poderes para ele, e passou a acreditar. Foi difícil no inicio, mas depois ele entendeu que eu era especial e que me amava do mesmo jeito.
- Então eu posso pensar?
- Pode sim minha filha. Mas lembre-se que o mais difícil vai ser falar com Adam, principalmente levando em conta a origem dele.
Minha avó me abraça.
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- Tudo vai ficar bem Ali, vá se deitar. O dia foi intenso demais para você. E lembre-se, seja qual for sua decisão vamos está ao seu lado sempre.
- Obrigada vó. – Abraço ela, depois minha mãe e a Cass.
Vou para meu quarto, me jogo na cama e olho para a orquídea. A nossa orquídea, o símbolo do nosso amor, foi por causa dela que tudo começou. Leio novamente a carta que Adam escreveu, não consigo segurar as lágrimas. Eu o amo, amo muito! Não posso ficar sem ele, ele é o amor da minha vida...O celular toca, era Adam. Não consigo atender. Chega um SMS dele:
“Saudades do meu anjo...Te amo minha Ali...Adam”
O choro fica descontrolado, não consigo parar. Dói muito saber que posso perde-lo, dói na alma. Sinto que algo vai dar errado...Será que isso é algum indicio da minha herança mágica? Não sei, só sei que meu coração me diz que problemas virão e em dose dupla.
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Capítulo 21
Mais um dia. Bem que tudo poderia ser um pesadelo, bem que eu poderia acordar e tudo voltar ao normal. Ser apenas Alice Miller, a estudante de História da UESF, uma mulher normal. Mas é tudo real. Sou Alice Miller, descendente de Celtas, uma bruxa.
Vou tomar banho, quem sabe um bom banho faz essa tensão no meu corpo diminuir. Tenho que enfrentar esse problema de frente, não posso fugir. É minha origem, é minha herança. Posso abrir mão...Mas, será que ia poder fugir da minha essência? Não sei, na verdade estou confusa e com medo. O desconhecido sempre é ameaçador.
Bom, tenho que seguir minha vida, sendo bruxa ou não. Vou para cozinha, estou morrendo de fome.
- Bom dia.
- Bom dia. – Todos respondem.
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- Como você está Alice? – Pergunta meu pai.
- Confusa.
- Sei que é difícil, mas você vai saber que decisão tomar. – Meu pai toca em minhas mãos.
- Cadê a Cass?
- Está no píer. – Responde minha mãe.
Vou atrás dela, preciso fazer algumas perguntas. Cass está sentada no píer com os pés dentro da água. Meu avô, minha avó e meu tio estão conversando com ela.
- Olá.
- Oi Ali. – Responde Cass.
- Oi minha neta. – Meu avô me abraça – Você está bem?
- Estou tentando vô.
- Tenha calma Alice, tente ver as coisas de outro ângulo. Quem sabe vai ser legal hein? – Tio Robert sempre é positivo em tudo.
- A preocupação dela é com o Adam. Mas minha querida, se ele te amar de verdade, ele vai te entender. – Minha avó falou com muita propriedade.
- Cass, quero conversar com você, vamos para o atelier da vovó?
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- Ok, depois a gente conversa mais sobre peixes. – Diz ela para o meu tio.
Seguimos até o atelier em silêncio.
- Diga o que você quer saber.
- Temos algum grau de parentesco?
Cass começa a rir e senta em um puff rosado que minha avó comprou.
- Não temos nenhum grau de parentesco. Nossas famílias são amigas há muitos anos, era comum que alguns clãs criassem laços de amizades fortes. Eram alianças formadas, casamentos arranjados...Coisas do tipo. A ligação entre nossas famílias foi realizada através de alianças, quando houve as primeiras imigrações do povo Celta, ao longo do continente europeu, ficou acertado de que alguns clãs iam seguir viajem juntos. Justamente para proteger nossas culturas, ritos e também seriam mais fortes juntos.
- Hã...Entendi. E Phil? Como ele reagiu?
- Ele desmaiou.
Não aguentei e comecei a rir.
- Foi sério Alice. Eu dei a notícia e ele pensou que fosse algum tipo de brincadeira, ele disse para provar. Então eu fiz um mini redemoinho de folhas...E ele caiu, desmaiado no jardim. – Cass
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soltou uma gargalhada super engraçada, rimos juntas. Só Cass para levantar meu astral.
- E você? Como reagiu quando te disseram que era bruxa.
- Fiquei em choque, não fiquei tão histérica como você. Na verdade fiquei curiosa, queria saber sobre poderes, ritual. Esse dom é passado de mãe para filha, e geralmente é a primogênita que trás o dom.
- Quer dizer se não for primogênita não é bruxa?
- Eu disse geralmente. Há casos de filhas não primogênitas nascerem com o dom.
- Estou com medo Cass, estou confusa.
- É normal Ali. Mas você tem que seguir seu coração.
- Sinceridade? A ideia de ser uma bruxa me atrai, mas não sei se o Adam vai reagir da mesma forma que o Phil.
- Você só vai saber contando. Mas, vamos deixar essa melancolia de lado, vamos ao pomar, quero te mostrar uma coisinha.
- O que é? Conta!
- Vamos ao pomar e você vai ver.
Seguimos rumo ao pomar. Seguimos a trilha de pedregulhos, as árvores ao redor estavam sem folhas, só seus longos troncos e galhos coberto pela brancura da neve. A trilha devia ter um 100
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metros de extensão. Depois disso, ela se abre em uma área ampla cheias de árvores frutíferas, no inverno apenas pés de peras e pêssegos dão frutos deliciosos.
O pomar tem um formato circular, em seu centro há um descampado, agora coberto de neve. Na primavera, esse descampado é coberto por gramíneas bem rasteiras e pequenas flores, fazendo o chão virar um belo tapete multicolorido.
Cassandra vai até o meio do descampado.
- Isso é mais legal quando é outono, o efeito com as folhas é muito lindo!
Cass ergue as mãos para frente, fecha os olhos e começa a falar alguma coisa bem baixinho...Tentei ouvir, mas não consegui. De repente, algumas bolotas pequenas de neve começaram a sair lentamente do chão, foram subindo até a altura da cintura de Cass. Ela movimenta as mãos como um maestro que rege sua orquestra, as bolotas de neve começam a se movimentar seguindo os movimentos das mãos da Cassandra.
Com um das mãos ela aponta o dedo indicador para o céu, depois ela começa a roda-lo em torno de seu próprio eixo. As bolotas começam a rodopiar como se estivessem em um redemoinho, Cass baixou as mãos e as bolotas continuaram a girar no ar, presa por uma força infinita...Foi lindo! E num estalar dos dedos da Cass, as bolotas caem no chão.
- Uau!
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- Gostou? Com folhas é mais legal, foi assim que eu fiz o Phil desmaiar.
- Me ensina! Por favor!
Cass ri muito.
- Só podes aprender magias depois que você decidir ser uma bruxa. Antes disso é proibido.
- Foi lindo. – Estava eufórica, não fiquei com medo. Fiquei fascinada, louca para fazer também.
- Seus estão brilhando Alice, mesmo que você não queira a magia já faz parte de você.
Eu apenas sorrio para ela. Acho que Cass tem razão, a magia está dentro de mim.
- Preciso ligar para o Adam, você está com celular ai?
- Aqui. – Cassandra me entrega seu celular.
Ligo para Adam, ele atende no segundo toque.
- Oi anjo, tudo bem?
- Oi Adam, estou sim. Preciso conversar com você.
- Claro passo ai no sítio.
- Não! Vá para minha casa, te encontro lá as 18:00 horas.
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- Aconteceu algo? – pergunta Adam preocupado.
- Sim, te encontro mais tarde. Tchau.
- Ok, tchau.
Nem percebi que tinha prendido a respiração. Soltei de uma vez, Cassandra estava me olhando sério.
- Já tomou sua decisão?
- Sim, estou certa do que vou fazer. Sei que posso perdê-lo, mas não posso negar que eu sou.
Cass me abraça.
- Se tiver que ser seu, ele voltará.
- Gostei dessa frase Cass, tirou de algum livro de auto ajuda? – Olho para ela com um riso bem cínico.
- Era para ser um momento de amizade marcante, mas você estragou tudo Alice! – Cass finge cara de brava.
Sei que a decisão que tomei vai mudar o rumo da minha vida, mas era preciso fazê-la. As consequências podem ser fortes, mas não posso voltar atrás.
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Capítulo 22
Voltei para casa bem mais animada, bem mais leve. Entrei rindo na sala, Cass tinha contado uma piada e eu não parava de rir, deu para escutar na cozinha. Fomos direto para lá.
- Nossa, fico feliz por te ver sorrindo filha! – Minha mãe fala emocionada.
- Já tomei minha decisão mãe. – Toda a família estava reunida, era hora do almoço.
- Então nos diga. – Minha avó estava bastante séria.
- Eu decidi que quero ser iniciada como bruxa. É um dom repassado por gerações, nenhuma mulher da minha família renunciou sua herança mágica. Vou aceitar minha linhagem.
Os olhos de minha avó e de minha mãe estavam brilhando. A tradição está sendo repassada, a linhagem de bruxas terá continuidade.
- E quanto ao Adam. – Pergunta meu pai. Os homens estavam quietos e me olhando.
- Vou contar para ele hoje. Não sei qual será a reação dele.
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Meu avô se levanta, fica na minha frente e coloca as mãos em meus ombros.
- Alice, não vai ser fácil. Mas se você está segura da sua decisão, siga em frente. Te desejo sorte e felicidades...Minha neta será uma bruxinha linda.
Todos riem e ganho um lindo abraço do meu avô.
- Está tudo lindo, todos estão felizes...Mas, eu estou com fome, vamos almoçar? – Tio Robert sempre com seu humor maravilhoso.
- Ok, vamos! – Diz Cass.
......
São 17:00 horas, já estou pronta. Também estou nervosa. A tão temida conversa com Adam vai acontecer. Pego as chaves do meu carro na minha maleta e vou para a sala.
- Estou indo. Me desejem sorte.
- Boa sorte querida, tudo vai dar certo. – Minha mãe me dá um beijo.
Pego meu cachecol e meu casaco preto e vou na direção do meu carro. Respiro fundo, preciso estar tranquila, tenho que ter pensamento positivo. Ligo o carro e saio do sítio.
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Depois de uma hora, chego à rua da minha casa. O carro de Adam está estacionado na frente de casa, entro na garagem. Ele sai e vai na direção da varanda, faço o mesmo.
- Olá meu anjo. –Me dá um beijo. Eu o agarro e lhe dou um beijo forte, ardente, cheio de paixão...Talvez seja nosso último beijo.
Ele me olha assustado.
- Tanta saudade assim? – Ele me pergunta, mas não consigo exibir nenhum sorriso em meu rosto.
- Vamos entrar, preciso conversar com você.
Entramos e fomos para a sala.
- O que foi Ali? O que aconteceu?
- Senta Adam. – Meu tom saiu um pouco ríspido.
Ele me olha assustado e senta.
- Lembra quando você me perguntou sobre as origens da minha família? – Ele balança a cabeça em afirmativa – Eu descobri ontem.
- E qual é o problema?
- Descendo dos Celtas.
- Uau..Legal! Mas porque você está com esse semblante sério? Não estou entendendo.
- Você acredita em magias?
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- Você sabe que não Ali. Não acredito em fadas, duendes ou bruxas...Isso é só folclore.
- E se existissem fadas...ou...bruxas? O que você faria? Já que sua família descende de juízes inquisidores.
- Não sei Alice, não sei...O que está acontecendo?
Não conseguia me acalmar, as palavras caiam da minha boca e meu tom de voz estava ríspido demais.
- Eu não cai da árvore. Menti para você.
Adam me olha surpreso.
- O q-quê?
- Como eu te falei, descendo dos Celtas. Eles acreditavam em magias, em rituais e bruxas. O que aconteceu comigo não foi um acidente Adam. Foi magia.
Adam me olha estranho.
- Ali? O que você tem? Tomou analgésico demais? Que bobagem é essa?
Me levanto nervosa e com raiva.
- Não é bobagem Adam! É a mais pura verdade. Eu segui uma névoa, não era uma névoa comum, ela era restrita e fazia surgir uma brisa no meu quarto. Decidi verificar o que era aquilo, quando cheguei do lado de fora fui atraída para dentro dessa névoa...Fui
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erguida do chão por uma força invisível, fui girada por essa força, não conseguia me soltar e nem gritar...A única coisa que pude fazer foi pedir mentalmente para ela me soltar e fui jogada ao chão.
Adam está parado, me olhando como se eu fosse uma louca.
- Já chega Alice! Não tem nenhuma graça, me conta o que está realmente acontecendo com você! – Adam está nervoso e confuso.
- Não estou mentindo Adam! Estou falando sério. – Lágrimas começam a rolar no meu rosto – Você pensa que estou brincando, vá perguntar para minha família, para Cass e até mesmo para o Phil! Será que todos estão loucos como eu?
- Está me dizendo que você é uma...- Ele não conseguiu completar.
- Sim, Adam. Sou uma bruxa.
Capítulo 23
- Não...Isso não é possível. Isso não existe!
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- Eu também pensava que não existia. Pensei que era brincadeira de mau gosto...Mas não é...É a realidade.
Adam coloca as mãos na cabeça e olha para o teto.
- Só você é desse... jeito?
O modo como ele falou me deixou triste.
- Você quer dizer bruxa? Não, minha mãe, minha avó e Cassandra também são.
Ele me olha assustado.
- Cass é? Phil sabe disso?
- Sabe, e ele aceitou. Ficou confuso, mas aceitou. Cass é formidável, ele me explicou muitas coisas hoje, e até fez uma demonstração para mim.
- Demonstração do quê?
- Da sua magia. Ela fez bolotas de neves flutuarem no ar.
Adam senta no sofá como se fosse um saco de batatas. Seus olhos estavam longe, pude ver a confusão e o medo em seus olhos. Aproximo-me dele.
- Adam, preciso saber se você está comigo, se ainda vai ser meu namorado...Se vai me aceitar do jeito que sou.
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Seu olhar era frio e vazio. Meu coração se acelerou, já imaginava a resposta.
- Não sei se posso com tudo isso Alice...Não sei se posso aceitar isso, não sei se saberia lidar... – Lágrimas escorriam de seus olhos.
- Nada vai mudar Adam...
- Como nada vai mudar? Vai mudar tudo Alice!
- Você está sendo intolerante Adam!
- Vai ver é a minha origem Alice! Cresci ouvindo que bruxas não existem e que se existissem eram obras do mal! Que deveriam ser exterminadas!
Aquelas palavras foram como facas no meu coração. Como ele podia pensar desse jeito ainda? Como ele pode pensar isso de mim? Lágrimas de dor e desespero brotavam em meus olhos.
- Meu Deus Adam! Como você pode pensar assim? Veja Phil e Cassandra, você acha que ela é coisa ruim? Você acha que Phil ficaria com ela se fosse uma ameaça?
- Eu não sou o Phil! Ele pode curtir essas coisas estranhas, mas eu não! Não posso!
- Eu te amo Adam...Pelo nosso amor...Me entenda!
- Eu te amo Alice, mas não posso, eu não consigo aceitar isso.
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Não consigo controlar meu choro. Não, não acredito que vai acabar...Vou perder o amor da minha vida.
- Você é obrigada a aceitar isso Alice?
- Tenho o direito de escolher se quero ou não ser.
Adam se ajoelha na minha frente e pega em meu rosto.
- Então desista Alice! Esqueça essa bobagem de magia, de bruxaria. Esquece isso, vamos viver nossas vidas sem essa loucura.
Não acredito no que eu estava ouvindo.
- Não...não vou abrir mão da minha linhagem.
Adam se levanta furioso.
- Então você não me ama! Você prefere essa bobagem do que ficar comigo!
- Não é bobagem! Eu te amo muito! Mas você não me ama, se me amasse de verdade não ia me abandonar, não ia pedir para renegar minhas origens...Não ia ter vergonha do que eu sou! Não ia ter medo de mim!
- É assim então? Você prefere ser bruxa do que ficar comigo?
- Você prefere me perder do que me entender?
- Não posso, não posso. Isso é demais para mim. Acabou Alice.
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Fecho meus olhos, as palavras que eu tanto temia.
- Adam, por favor! Eu te amo, não quero te perder!
Eu o abraço forte. Ele me abraça.
- Eu te amo Ali...mas não consigo aceitar isso, é demais para minha cabeça. Sinto muito.
Nos afastamos. Ele vai na direção da porta. Não consigo olhar ele ir embora. A porta fecha. É o fim. Tive que fazer uma escolha, escolhi a magia.
Perdi Adam para sempre.
Capítulo 24
Entre o Amor e a Magia
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Sentei no sofá. Encolhi minhas pernas junto ao corpo, encostei minha cabeça nos joelhos e chorei descontroladamente. Acho que meus soluços podiam se ouvidos da rua, estava sem chão...Tudo aconteceu rápido demais, há algumas semanas eu era uma pessoa normal como qualquer outra, namorava o rapaz de uma família aristocrata...E tudo muda.
Apaixono-me por um rapaz que transformou meu mundo, que era gentil, romântico e companheiro. E depois descubro que sou uma bruxa, que sou descendente de Celtas...E que por causa dessa linhagem tive que fazer uma escolha...A escolha mais dolorida da minha vida.
Subo as escadas e vou para meu quarto. Meu celular toca, era Cass. Se eu não atender tenho certeza que ela vai aparecer aqui, e hoje quero ficar sozinha.
- Oi Cass.
- Ali, pelo tom da sua voz não está nada bem. Acertei?
Começo a chorar de novo.
- Acabou Cass, ele não entendeu, ele não aceitou. Acabou.
- Oh Ali...Sinto muito minha amiga. Quer que eu vá ficar com você?
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- Não, obrigada. Mas quero ficar sozinha. Avisa a minha mãe, e diz que preciso ficar sozinha, estou em casa. Não vou fazer nenhuma besteira, mas eu preciso desse tempo para mim. Você faz isso?
- Faço sim, fique tranquila. Se cuida.
- Você também.
Jogo-me na cama, Olho para o anel em meus dedos, lembro da orquídea que Adam me deu... São as únicas lembranças do amor que tive com o Adam. Não posso ficar desse jeito, ele preferiu me perder a me aceitar. Se ele fosse um bruxo e eu fosse uma pessoa comum, iria entender...Não ficaria com medo, o aceitaria de qualquer jeito, porque o amor que tenho por ele é maior que coisa...Mas, infelizmente ele não pensa assim.
Preciso seguir minha vida, preciso superar isso. Um novo ciclo vai ser iniciado, pelo que eu entendi minha iniciação vai começar no dia do meu aniversário...Daqui a três dias. Vou em direção ao meu armário, pego minha mala para pegar meu notebook, preciso de mais informações do que é ser bruxa.
Começos a fazer pesquisas, vários sites sobe o assunto surgem. Entro em vários, o assunto é fascinante, é uma cultura muito rica e misteriosa. Será que vou voar de vassoura? Começo a rir da minha bobagem, é claro que não Alice Miller...Mas vou procurar, descobri que o mito da vassoura surgiu porque as mulheres participavam de rituais dançando e cantando com as vassouras nas mãos. Soldados templários ficavam escondidos observando, e imaginavam que elas estavam montadas nas vassouras e voando...
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Na verdade, a vassoura significa a relação entre o masculino e o masculino, representados pelo cabo da vassoura e pela palha da mesma.
Fiquei imaginando a cena: As mulheres dançando alegremente, e os soldados imaginando que elas voavam. Com certeza fugiram de medo.
Descobri que a palavra bruxa significa “aquela que cuida”. É uma palavra que se refere às mulheres que sempre cuidavam de suas famílias, elas também tinha conhecimentos de cura através da manipulação de ervas. Elas usavam chás, xaropes, remédios e sopas...Hum, por isso que as sopas da minha avó me deixavam novinha em folha, agora está tudo explicado.
Os Celtas tinham uma boa relação com a natureza. Estudavam as fases da lua, as plantas, rochas e animais. As bruxas celtas podiam fazer magia com fogo, água, terra e ar...Será que vou fazer tudo isso? Espero que sim.
Estou com sono e cansada. Foi coisa demais para um dia só. Olho meu celular na esperança de ter alguma mensagem de Adam, nada. Quero ligar para ele, quem sabe de cabeça fria a gente possa se entender...Não custa nada tentar.
Ligo para ele...Caixa postal...Ele desligou o celular. Procuro as fotos que tiramos no celular, a primeira foto que tiramos foi no barco, no nosso primeiro encontro...Lágrimas teimam em rolar no meu rosto.
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Por que Adam? Por que teve que ser assim? Nos amamos, merecemos ser felizes...Que ironia do destino: uma descendente de bruxas se apaixonar por um descendente de juízes inquisidores...Parece até piada.
Bom, nada pode ser feito. Ele decidiu assim, ele quis assim. Não sei se vou consegui encontrar em outra pessoas todos os atributos que encontrei no Adam...Mas tenho que seguir em frente.
Desligo meu notebook e vou dormir. Amanhã é um novo dia.
......
Acordo com a campainha de casa tocando. Olho o relógio, são 10:00 horas...Dormi demais. Quem será? Jogo uma água no rosto e desço as escadas. Abro a porta , não acredito no que vejo.
- Oi Ali. Tudo bom?
Estava em choque, jamais imaginaria que isso um dia fosse acontecer. Fiquei sem palavras. Parado na porta da minha casa estava Matt.
Capítulo 25
- Não vai me convidar para entrar?
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- Entre.
Ele entra, deixa o casaco na porta e vai para a sala.
- Está sozinha?
- Sim. Minha família está no sítio da minha avó, tive que resolver uns problemas e aqui na cidade. O que você faz aqui?
- Calma Ali, temos assuntos pendentes.
- Não lembro de ter assuntos pendentes com você. Pensei que tinha sido bem clara, mas acho que não.
- Não podemos acabar desse jeito Alice.
- Já acabou Matt, acabou no momento que eu sai de SunsetFalls.
- Fui tão ruim assim?
- Foi, você me magoou demais.
- Sinto muito. Você se envolveu com alguém?
Não esperava aquela pergunta
- Sim, estava namorando. E você?
- Não. Não me envolvi com ninguém, desde que você terminou comigo não consegui pensar em outra garota. Só pensava em você, o tempo todo.
Não esperava aquela resposta. Não consegui falar nada.
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- Ele foi melhor namorado que eu?
- Sim, na maior parte sim...Mas foi o egoísmo e a intolerância dele que acabou nosso namoro...Um pouco parecido com você nesse ponto.
Ele não fala nada. Apenas fica me olhando.
- Quer tomar café comigo? – Pergunto
- Seria ótimo, estou com fome.
Nos dirigimos para a cozinha. Fiz um café, suco de laranjas, panquecas e torrei uns pães.
- Pode se servir.
- Obrigado. – Matt começa a comer – Está delicioso Alice.
Não falo nada. Terminamos o café em silêncio. Depois fomos para a sala.
- O que você quer Matthew?
- Você. Apenas você.
- Deve está sendo difícil para você né. Ser deixado, ser trocado. Geralmente quem faz isso é você. – Meu tom foi bem sarcástico.
- Não é nada disso Alice. Não tem nada haver com orgulho.
- Então o que é? De repente descobriu que me ama e que não pode viver sem mim? Conta outra.
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- É isso sim Alice! É difícil de você entender? Tive que te perder para poder te dá valor, eu te amo Alice! Quero voltar com você!
Aquelas palavras pareceram tapas em meu rosto. Jamais iria imaginar que Matt Campbell falaria isso para mim.
- Não Matt, não diga isso...
- Por que Ali? Se eu te amo, porque não posso te dizer isso? – Ele fica na frente.
- Porque eu não te amo mais Matt. Eu amo o Adam.
Matt ficou me olhando e se aproxima mais de mim, tão perto que posso sentir sua respiração.
- Não me importa se você ama outro cara, não me importa se ele foi melhor do que eu. O que importa é que vou te reconquistar, errei uma vez, te perdi uma vez...Não vou te perder de novo Alice.
E Matt me dá um suave beijo, um selinho e sai. Fico surpresa com essa atitude.
- Estou hospedado no Central Hotel...Você sabe onde me encontrar, se você não me procurar, eu te procuro...Se esse tal de Adam não sabe a besteira que fez em terminar com você e não vou dar chance para ele te reconquistar.
E sai.
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Fico parada no meio da sala tentando processar tudo que aconteceu comigo nas últimas 48 horas. Descobri que sou bruxa, meu namorado terminou comigo e meu ex-namorado se declara para mim. Minha avó sempre disse que bons tempos estavam chegando, mas na verdade é que furacões estão chegando...Minha vida está de pernas para o ar.
Preciso ligar para Cass.
- Oi Ali! Como você está?
- Se eu te contar o que acabou de acontecer, você não vai acreditar.
- Me conta, pelo amor de Deus! – Se sou curiosa, Cassandra é o dobro.
- Ainda está no sítio?
- Sim.
- Vem para minha casa agora.
- Já estou indo.
......
Estou na varanda esperando Cass, depois de uma hora ela chega.
- Vamos, me conta tudo!
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- Vamos para dentro. Não quero correr o risco de ver o Adam.
Entramos e levei Cass para cozinha.
- Fiz o almoço, lasanha.
- Ótimo, toda essa curiosidade me deixou com fome. Vamos comece a me contar.
- Adivinha que veio aqui hoje de manhã?
- Adam?
- Não...Antes fosse. O Matt.
Cass parou o garfo no ar e me olhou como se seus olhos fossem sair do rosto.
- Matt? Matthew Campbell?
- Esse mesmo.
Cass mastigando e me olhando.
- O que ele queria?
- Resumindo. Ele disse que me ama, que não me tirou da cabeça, que não tinha se envolvido com ninguém, que precisou me perder para saber o valor que eu tinha para ele.
- Deus...Nem parece Matt falando, e você?
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- Disse que não o amava que amava o Adam. Mas não importava, ele está disposta a me reconquistar, está hospedado no Central Hotel.
- E você?
- Estou surpresa Cass, surpresa demais. Parece que um furacão está passando na minha vida...Não sei o que fazer.
- Você ficou balançado com as palavras do Matt?
- Fiquei surpresa, essa é a verdade.
- Ele reagiria da mesma forma que Adam reagiu ao descobrir que você é uma bruxa?
- Não sei, não sei mesmo.
- E Adam?
- Tentei ligar para ele, mas o telefone estava desligado...Ai Cass, estou sofrendo muito, mas eu tenho que seguir em frente. Se fosse fazer vontade, me trancaria no quarto e ficaria dias chorando...Mas não posso fazer isso, tenho que ser forte.
- Liguei pro Phil ontem, disse para ele conversar com o Adam. Phil pode contar como foi a experiência dele, quem sabe isso vai ajudar.
- Quero tanto ver o Adam, quero tanto abraça-lo, dizer que eu o amo. – Senti as lágrimas subirem, tive que me fazer de forte para não chorar.
Entre o Amor e a Magia
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- Isso tudo vai passar Ali, você vai ver.
- Espero. Quando posso começar a minha iniciação?
Cass me olha surpresa.
- Hoje mesmo, se você quiser. É bom começar cedo, para poder preparar seu rito de passagem.
- Ontem fiz umas pesquisas, fiquei fascinada. – Cass me olha curiosa – O que foi Cassandra? Precisa me ocupar com algo, senão ia ficar doida.
- Ok, vamos lavar essas louças e voltar para o sítio. Sua iniciação começa hoje.
Capítulo 26
Chegamos ao sítio depois do almoço. Estava ansiosa para começar. Entro e todos estavam na sala.
- Olá!
- Ali! Meu bem, como você está? – Minha mãe vem correndo me abraçar.
- Estou bem mãe, tenho que está bem né?
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- Isso mesmo minha filha, não se abata. Se for o destino de vocês ficarem juntos, ele voltará.
- Adivinha que apareceu atrás da pequena Alice? – Cassandra tem que relatar isso.
- Quem foi? – Pergunta meu pai.
- Seu ex-namorado. Matthew Campbell.
Todos ficaram com a boca aberta.
- Verdade Ali? – Minha mãe pergunta.
- É sim mãe, ele apareceu hoje de manhã lá em casa.
- O que ele queria Ali? Ele te importunou? – Meu pai fica em alerta.
- Não pai, está tudo bem. Ele disse que ainda me ama e que quer me reconquistar, mesmo sabendo que gosto de outro.
- Esse ganhou meu respeito – Disse tio Robert – Mesmo sabendo que sua amada está pensando em outro homem, ele quer reconquista-la.
Começo a rir, esse meu tio até parece irmão da Cass.
- E você minha filha? – Pergunta meu avô.
- Fiquei muito surpresa, jamais imaginaria que Matt ia aparecer aqui. Mas de uma coisa estou certa: Não estou confusa, o amor que sinto por Adam não acabou ontem.
Entre o Amor e a Magia
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Minha avó vem em minha direção
- Se for para ser seu, ele voltará. E quanto a Matt, seja sincera. Não alimente falsas esperanças.
- Eu sei vozinha, eu sei.
- Bom, vamos acabar com esse clima tenso. Alice disse que quer ser iniciada, então eu a trouxe para começarmos logo. Caso tenham esquecido, hoje são 29 de dezembro, e esta moça faz aniversário depois de amanhã. Viva! – Cass ergue os braços e sacode no ar, lembrou um boneco de posto.
- É verdade, com toda essa loucura tinha esquecido. Tenho que providenciar as coisas. Cass, você pode fazer a iniciação dela? Você sabe que o rito de passagem é na zero hora do dia 31, ou seja, amanhã tudo tem que está pronto. – Minha mãe fala como se fosse explodir.
- Fica tranquila Sra. Miller, deixe comigo. Vem Alice, vamos para seu quarto.
Obedeço às ordens de Cass e vou atrás. Minha avó e minha mãe vão para cozinha discutir sobre a organização de tudo. Já os rapazes ficam na sala assistindo baseball...Rotina normal em uma família normal, quer dizer, quase normal.
- E ai? Por onde começamos.
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- Bom, você fez a lição de casa ontem por vontade própria. Já sabe que não voamos em vassouras e nem transformamos pessoas em sapo.
- Sim, sei! – Estava eufórica, parecia criança em seu primeiro dia de aula.
- Somos bruxas da natureza, é dela que tiramos energia para os nossos encantos. Para fabricar remédios, unguentos, caldos e sopas. Usamos a força telúrica, a que vem da mãe terra.
Cass continua.
- A motivo da existência dessa iniciação, é justamente para você conhecer a história da nossa linhagem, o que podemos fazer e o que não podemos. Você vai conhecer o livro de encantos. Nele há receitas que podem ser útil para ajudar as pessoas. Esse livro sempre vai está perto de você. Depois de você conhecer isso tudo, você vai começar a aprender suas primeiras magias. Já volto.
Sorrio que nem o gato de Alice no país das maravilhas. Cass volta com um livro grosso, de porte médio em suas mãos.
- Esse é o livro dos encantos. Nele está todas as receitas que as bruxas de nossa linhagem usaram, ele é passado de mãe para filha. Toque nele com bastante cuidado e carinho.
O livro tinha a capa uma moça sentada aos pés de uma árvore. Ele tinha a cor verde, as bordas da página eram douradas e as páginas eram amareladas, parecia papel de pergaminho. Nunca tinha visto um livro tão antigo e tão bem conservado como aquele.
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Delicadamente o abro, há ilustrações, textos e receitas...É encantador.
- A nossa cultura, cultua três deusas: a deusa jovem, que representa a lua crescente – Cass abre o livro e me mostra a figura de uma jovem mulher com um vestido fino e branco – A deusa mãe, que representa a lua cheia – Outra figura me é mostrada, uma mulher um pouco mais madura segurando flores de várias cores – E finalmente a deusa anciã, que representa a lua minguante – A imagem da senhora com seu vestido branco esvoaçante surgem no livro.
- Nossa! – Nem percebi que tinha prendido a respiração.
- As festas e cerimônias são dedicadas a elas, pois foi através delas que o conhecimento das magias chegou até nós. Todas as mulheres são filhas das essências das deusas, por isso que na sociedade Celta somos respeitadas...Toda mulher tem um poder mágico dentro de si.
- Não fazia noção do quanto é tão rico tudo isso.
- Alguma pergunta? Estou aqui para tirar suas dúvidas.
- Em relação aos encantos. Que materiais usamos?
- Esqueça essa história de que bruxas usam partes de animais para fazerem seus encantos. Isso é um erro grave, usamos somente plantas.
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- Você disse que somos bruxas da natureza. O que isso quer dizer?
- Nós respeitamos a natureza e a preservamos. Fazemos parte dela, a natureza não está a nossa disposição, mas, nós que estamos à disposição dela. Usamos a energia vital para nos recarregar, precisamos está em harmonia com a natureza sempre. Pois é ela que nós dá as ferramentas para ajudar os outros.
- Entendi. E quando vou começar a aprender meus encantos?
- Você entendeu toda essa introdução?
- Sim.
- Ótimo. Seu dever de casa é ler, mentalmente, esses encantos aqui. Você aprendendo esses, você pode fazer qualquer um. Mas lembre-se, só poderás fazer encantos e magia depois do rito. Esses encantos que pedi para você ler são de treinamento. Então, hoje você os lerá e amanhã vamos praticar, ok?
- Obrigada Cass.
- De nada Ali, eu já sabia que ia ficar para te ajudar, já tinha avisado lá em casa e para o Phil também.
Quando ela falou do Phil, me lembrei do Adam. Senti uma tristeza enorme.
- O que foi Ali? – Cass me olha.
- Nada, nada não. – E dou um sorriso amarelo para ela.
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Cass tira o celular do bolso e sai. Começo a ler o livro dos encantos.
Capítulo 27
Cassandra Lee
- Phil, preciso da sua ajuda.
- O que foi Cass?
- Preciso que você chame o Adam para sua casa. Invente alguma coisa. Eu preciso falar com ele.
- Amor, ele nem atende ao telefone.
- Então vá à casa dele! Diga que assunto da faculdade inventa alguma coisa Phil. E tem que ser agora.
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- Por que tudo isso agora?
- Não posso deixar minha melhor amiga do jeito que está. Alice está sofrendo muito Phil, ela disfarça, mas eu sei que ela está morrendo por dentro. E adivinha, Matt está na cidade, ele quer reconquista-la.
- Sério! Uau, coitada da Alice, não queria está na situação dela.
- É por isso que eu preciso falar com Adam. Preciso saber se ele realmente a ama, se há chances de volta. Porque se não houver, jamais pensei que fosse dizer isso, mas vou dizer para ela esquece-lo e tentar se reconciliar com Matt.
- Tá falando sério Cassandra?
- Muito Sério Phillip, não posso deixar minha amiga do jeito que está, não vou deixar Ali definhar. Ela é como se fosse uma irmã, tenho que ajudar de alguma forma. Posso contar com você?
- Pode sim, estou indo agora na casa dele.
- Estou saindo daqui. Estarei na sua casa em uma hora.
Caramba, preciso inventar uma desculpa para sair. Alice não pode saber que vou ter uma conversa com Adam. Volto no quarto.
- Tudo certo ai? – Faço uma cara de quem está super tranquila. Mas na verdade, estou muito nervosa.
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- Está sim, estou louca para falar tudo isso em voz alta. – Alice está que nem criança quando ganha seu primeiro brinquedo. Mas no fundo sei que seu coração está destroçado.
- Ali, vou precisar ir em casa. Preciso combinar os horários com a mamãe e nossas roupas para usar no rito.
- Que roupa vou usar? – Alice fica preocupada.
- Calma, sua avó já tinha providenciado, vou aproveitar e busca-la também. Estou saindo...Beijinhos.
- Beijinhos Cass.
Vou na cozinha para avisar.
- Olá belas moças. Vou na minha casa acertar os detalhes com a minha mãe, no fim da tarde estou voltando. Querem que eu pegue a roupa da Alice?
- Sim minha querida, nos faça esse favor. – D. Celina sempre muito gentil.
- Cass, como ela está. – A preocupação no rosto de Sra. Miller é bem grande.
- Ela está sendo forte. Claro que ela está sofrendo, mas ela está fazendo de tudo para superar.
- Espero que tudo acabe bem. – Suspira a mãe de Ali.
- Todos nós queremos isso. Bom, estou indo, beijos.
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Saio, passo pela sala.
- Beijos gatões.
- Beijo. – É impressionante como homem consegue falar em coro quando está vendo jogo. A ciência podia estudar isso.
Meu carro de preto está branco por causa da neve. Tenho que aquece-lo antes de sair. Depois de cinco minutos ele dá aquele som maravilhoso de que está tudo ok. Vou rumo à casa do Phil.
......
Tenho que dirigir devagar, a pista está escorregadia por causa do gelo. Espero que Phil tenha conseguido arrastar Adam até lá...Bom, se ele não fizer, faço eu mesma. Não o que se passa na cabeça do Adam, sinceramente, esperaria essa atitude de Matt e não dele. Mas fazer o quê, ninguém pode ser perfeito. Já estou dirigindo há uma hora e quarenta minutos, finalmente chego. Phil conseguiu cumprir sua missão, sabia que ele não ia me decepcionar.
Bato na porta e espero.
- Finalmente você chegou! – Phil está tenso – Não sabia mais o que inventar.
- Tem mais alguém em casa?
- Não, minha família foi para Independence, só voltam a noite.
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- Ótimo. – Me dirijo para o quarto, Phil vem logo atrás.
- Olá Adam.
Ele me olha assustado, como se tivesse visto um fantasma. Adam olha para Phil e se levanta da cama.
- Hã...Oi Cass. Já estou de saída. – O bobinho vai na direção da porta.
- Fique onde está Adam, ou te transformo em sapo. – Phil me olha assustado, dou uma piscadinha para ele. Adam fica que nem uma estátua, a cena é bem engraçada.
Tenho que manter o foco, vou deixar as brincadeiras para mais tarde. Recomposto do susto, Adam vira na minha direção.
- Você falou sério? Pode transformar pessoas em animais?
- Claro que não Adam! Isso é em contos de fadas...Mas ia ser bem interessante, porque algumas pessoas merecem.
- Olha Cass, sei que você está chateada, Alice é sua melhor amiga, mas você tem que entender...
O Interrompo antes de terminar a frase.
- Entender o que Adam? Que você agiu como um idiota? Que você foi egoísta, só pensou em si mesmo e em nenhum momento pensou na Ali?
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- Tenta me entender Cassandra. Isso não é uma coisa que acontece todos os dias, não é algo normal...
Novamente o interrompo.
- Normal? O que é normal para você? Você se acha normal? Eu não acho normal pessoas que descendem de caçadores de bruxas, não é nada normal caçar pessoas e acusa-las sem um julgamento justo...Isso te lembra alguma coisa?
- Eu sei que eu sou! Mas isso foi há muito tempo atrás! Te colocas em meu lugar, como você ia reagir se Phil fosse um bruxo? Não ia ficar com medo?
- Ia reagir da mesma forma que ele reagiu comigo! Quando contei para Phil ele ficou assustado sim, mas o amor que ele tem por mim é maior do que qualquer coisa, ele me ama do jeito que sou me aceita do jeito que sou! A propósito, você ama mesmo a Alice? Ou ela foi mais uma na sua lista de conquistas?
- Calma Cass, tenha calma. – Phil sabe como fico, e ele sabe que estou com uma vontade enorme de bater em Adam.
- Você acha que foi fácil para mim? Saber que minha namorada é um ser sobrenatural, que faz feitiços, rituais e voa em vassouras.
Aquilo foi demais para mim, não aguentei...Dei um tapa bem forte no rosto do Adam. Ele ficou me olhando assustado e Phil ficou estático que nem uma estátua.
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- Cass! Pelo amor de Deus tenha calma! – Phil me afasta de perto do Adam.
- Calma? Você quer que eu tenha calma? Você ouviu o que ele acabou de dizer?
- Ouvi sim. Adam, elas não são seres sobrenaturais, são pessoas normais como você e eu. Elas não voam em vassouras, é mito. Já conversamos sobre isso, seja mais racional cara. – Phil, mesmo em momentos de estresse ele consegue manter a calma.
- Alice está sofrendo, sofrendo muito. Ela disfarça, diz que está tudo bem, mas não está! Ele pensou em abrir mão do dom dela por você, mas também ela pensou nela...Isso que você chama de aberração é uma linda herança de família, passada por gerações. É a identidade dela, quem ela é...Se você a amasse de verdade não a abandonaria, ia ficar com ela.
- Estou confuso caramba!
- Olha, eu esperava essa atitude mesquinha e egoísta de Matt e não de você...Ah! E falando em Matt, sabia que ele está na cidade?
Adam me olha, em seus olhos pude vislumbrar surpresa e ciúme.
- O que ele veio fazer aqui?
- Curioso? Pensei que Alice não te interessasse mais. – Meu tom foi bem sarcástico.
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- Fala logo, o que ele veio fazer aqui! – Adam estava realmente com ciúmes.
- Veio reconquista-la.
- O quê?!
- Isso mesmo que você ouviu. Ele largou tudo para vir atrás dela, quem diria né, o egocêntrico Matthew Campbell veio se redimir com sua ex-namorada...Ele percebeu a besteira que fez em não dar valor a ela. Ele a ama de verdade, diferente de você.
- Quem disse que eu não a amo? Amo demais, Alice é a mulher da minha vida. Foi tudo muito rápido...Não sei no que pensar, não sei o que fazer. Eu amo, mas estou com medo de como vai ser no futuro.
- Medo de quê? Que ela se transforme em monstro? Ou que ela te transforme em sapo? Deixa de ser idiota Adam!
Adam olha para o teto e fecha os olhos, vejo lágrimas escorrendo em seu rosto.
- Acho que você pegou pesado demais. – Phil sussurra para mim.
- Era esse o efeito que eu queria. – Dou uma piscadinha para ele.
- Tenho que ir, tenho que buscar a roupa da iniciação da Alice.
- Quando vai acontecer? – Adam pergunta, ainda olhando para o teto.
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- Amanhã, às zero hora do dia 31, dia do aniversário dela. Vou te dar um conselho, se você realmente a ama, você tem que aceita-la do jeito que ela é. Não importa a linhagem e nem o dom que ela tem. O que realmente importa é que a Ali é uma pessoa maravilhosa...Isso cabe a você pensar, mas não demora a pensar não. Matt disse que está disposto a lutar por ela.
- Ela não ama o Matt. – Adam me olha com olhar furioso.
- Ela também não te amava, lembra? Você que sabe. Se demorar muito, você vai perder uma pessoa maravilhosa, e que não vai encontrar em canto algum. Não demore, senão serei a primeira pessoa a incentivar a Alice a voltar para o Matt.
Me despeço do Phil e saio do quarto. O sorriso no meu rosto é enorme, falei tudo que estava engasgado e ainda dei um tapa nele. Tenho certeza que ele vai pensar em tudo que falei.
Resultado de tudo isso: saldo mais que positivo. Cassandra Lee, você é o máximo!
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Capítulo 28
Adam Johnson
O tapa que levei da Cassandra ainda está ardendo. Não esperava essa reação dela, sempre soube que era espontânea, mas não desse jeito.
- Desculpa a Cass, quando ela está com raiva é difícil de segurar. – Phil fica olhando as marcas dos dedos da sua namorada em meu rosto.
- Ela bate em você Phil?
- Não! Claro que não! Mas, você a provocou. Aquela sua frase foi completamente infeliz.
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- Não sei o que passa na minha cabeça. Passei a vida toda dizendo que essa história de magia não existe que bruxas são más e precisam ser exterminadas. Duendes e fadas existem apenas em contos infantis...E de repente, minha namorada me diz que é uma bruxa!
- Eu sei cara, é complicado mesmo. Quando Cass me contou fiquei pensando que estava louco. Ela já era iniciada e para provar fez uma magia com folhas para mim...Foi lindo Adam!
- Magia com folhas?
- Ela fez um mini tornado com folhas, foi espetacular. Não é nada demais namorar uma bruxa Adam. Elas são normais como qualquer outra garota, e elas não podem sair fazendo magia por ai.
- Além das folhas, ela já fez outras coisas?
- Sim, quando estou doente ela sempre prepara uma sopa, como é mesmo que a Cass chama...Lembrei! Sopa Ancestral, essa sopa revigora até a alma. Mas são essas coisas, nada de extraordinário.
Fico pensando no que falei para Alice, no quanto que eu a machuquei. Imagino como ela deve está sofrendo.
- Fui um idiota!
- Sim, você foi idiota e egoísta.
- Não exagera Phil.
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- Cara, não estou exagerando, foi egoísta sim, e um tremendo idiota. Você praticamente está entregando sua namorada de mão beijada para o ex dela, percebeu sua burrice?
Matt tinha esquecido esse ai. Foi muito estranho ele ter aparecido aqui.
- Vou atrás da Ali, vou pedir perdão para ela...E se ela não me quiser, vou entender. Fui um completo canalha. Mas primeiro, vou falar com esse tal de Matt.
- Você tem certeza? Não quer falar com a Ali primeiro?
- Não. Vou saber qual é a dele. Com a Ali falo depois.
- A Cass me disse que ele está hospedado no Central Hotel.
- Vou lá agora. Valeu Phil, por todo o apoio e pelas broncas também.
- Você é meu irmão Adam, só quero sua felicidade.
Nos demos um abraço e sai para encontrar o Matthew.
......
O Central Hotel fica na Rua Principal, bem próximo da prefeitura de River Green. Na verdade, é o único hotel da cidade, mas é bem bonito. É um prédio clássico, com cinco andares. O revestimento
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externo é feito com mármores, todos os quartos da frente tem sacada para a praça. Há uma bela área coberta na frente do hotel, onde são estacionados os carros dos hóspedes, e logo na entrada há um belo jardim. As portas são de vidro fumê e tem abertura automática. A recepção é bem luxuosa, com piso em granito, balcões em mármore Carrara, as recepcionistas são moças belas e educadas.
Para uma cidade pequena o hotel é até luxuoso demais. Mas o prefeito queria que River Green fosse uma cidade hospitaleira e que recebesse bem seus visitantes. E qual a melhor forma de recebê-los bem? Dando o máximo de conforto possível. Além disso, o Central Hotel era parte integrante do complexo arquitetônico da cidade, junto com a prefeitura, o fórum, a escola e o hospital da cidade.
- Boa tarde. Gostaria de falar com o Matthew Campbell.
- Só um momento senhor. – Responde a recepcionista. – O Sr. Campbell está no bar, é na segunda porta a esquerda.
- Obrigado.
Sigo para o bar, ele fica a esquerda do balcão da recepção. As portas também são de vidro fumê, a decoração é bem moderna. Com cadeiras e bancos em couro, iluminação fraca. A música ambiente é ótima. Um local bem agradável. Chego ao balcão e pergunto ao barman que é o Matt, e ele me aponta para uma mesa reservada ao fundo.
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Matthew Campbell. Alto, atlético. Realmente um cara de boa aparência. Senti uma onda de ciúmes enorme dentro de mim
- Com licença, Matthew Campbell?
- Sim, e você é?
- Adam Johnson, namorado de Alice Miller.
- Você quer dizer, ex-namorado. Porque foi isso que Ali me disse. – Ao terminar a frase ele coloca no rosto um sorriso cínico.
Sentei-me na mesa, mesmo sem ser convidado.
- Vou te dizer uma coisa. Some daqui, deixa a Ali em paz.
- Ela está solteira, amigo. Vim reconquista-la, eu a conheço. Sabia que eu a namorei por um ano, e você? Duas semanas talvez? Você acha que ela vai preferir quem?
- Pelo que sei você nunca deu valor a ela, sempre pensou em si. Por isso ela terminou o namoro. – Foi a minha vez de rir cinicamente.
- Confesso que errei feio com a Ali. Mas é por isso que vim atrás dela. Porque me arrependo e descobri que a amo também.
- Alice não ama mais você. Ela me ama e... – Ele me interrompe.
- Ama mesmo? Se ama, porque não estão juntos?
- Porque eu fui um idiota completo e também um egoísta, assim como você foi com ela durante um ano...Só que sou diferente de você Matthew, eu amo de verdade e não por capricho.
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- Capricho? Você acha que eu larguei minhas férias, minha diversão e meu trabalho por capricho? É claro que não!
- Presta bem atenção. Se afaste da Alice, ela é minha namorada.
- E se eu não quiser me afastar? E se eu quiser chegar perto? E seu abraça-la e de repente beija-la? O que vai fazer?
Estava com uma vontade enorme de socar a cara dele, mas tive que me controlar.
- Se você ousar tocar em um fio do cabelo dela, eu quebro a sua cara.
Matthew dá uma risada desdenhosa.
- Acha que eu tenho medo de você? Eu chego perto dela a hora que eu quiser. Ela está carente porque o namoradinho imbecil dela a deixou. Eu conheço cada jeito da Ali melhor do que você. Conheço o jeito dela arrumar cabelo, conheço quando ela está brava, conheço cada curva do corpo dela...E você conhece tudo isso? Tenho certeza que você não passou dos beijos e abraços.
Ao falar essas coisas, principalmente quando ele mencionou detalhes íntimos da Ali, a raiva começou a subir. Não controlei meus impulsos e puxei Matthew pela gravata.
- Escuta aqui, seu playboyzinho de merda. A próxima vez que falar da Alice desse jeito eu vou arrancar seus dentes fora, entendeu?
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Matthew estava me olhando apavorado. Algumas pessoas no bar ficaram assustadas também. Me controlei bastante para não brigar com ele ali mesmo. O joguei de volta no banco.
- Se afaste da Alice.
- Isso ainda não acabou. – Respondeu Matthew.
- É o que veremos.
Sai do bar. Olhei no relógio, são quase 18:00 horas. Já está escuro por causa do tempo, seria perigoso pegar a estrada agora, e também estou de cabeça quente. Vou para minha casa e quando chegar ligo para Alice.
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Capítulo 29
Estou encantada e cansada. Não sabia que ser bruxa daria tanto trabalho. Gostei da parte das histórias, mas aprender esses encantos é um pouco complicado, principalmente porque não posso abrir minha boca para dizê-los. Mentalmente não tem graça, mas fazer o quê...Ordens são ordens. Caramba, a Cassandra está demorando. Vou comer alguma coisa, estudar tanto assim deu fome.
- Oi!
- Olá filha! Como anda os estudos? – Pergunta minha mãe.
- Está legal, mas é cansativo. – Pego um pedaço de bolo na geladeira.
- É verdade – Completa minha avó – Mas é bem gratificante, depois que você aprende os encantos tudo fica mais interessante.
- Estou doida para fazer encantos.
- Calma, estude e tenha paciência. – Minha mãe dá um beijo nos meus cabelos.
- Precisam de ajuda?
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- Não minha querida, está tudo certo por aqui. – Responde minha avó.
- Bom, enquanto a Cass não chega, vou para sala assisti tv com os rapazes. Beijos.
- Beijos. – Respondem juntas.
Vou pelo corredor, meu celular vibra, mensagem. Meu coração palpita forte, será que é o Adam?
“Posso te ver amanhã? Matt.”
Confesso que fiquei triste, queria que fosse Adam e não Matt. Será que o celular do Adam já está ligado? Vou tentar mais uma vez...Caixa postal, realmente ele não quer papo comigo. Vou responder a mensagem do Matt.
“Amanhã, 10:00. Na praça. Ali”
- Oi.
- Filha, sente aqui conosco. – Meu pai adora quando assisto jogo com ele.
- Como está o aprendizado? – Tio Robert pergunta sem tirar o olho da televisão.
- Está legal, estou esperando a Cass chegar.
- Três bruxas em minha vida. Se eu contar ninguém acredita. – Meu avô fala rindo.
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- O senhor é um homem de sorte hein vô?
- Sim, minha linda. Sortudo por ter três lindas bruxinhas em minha vida.
Não resisto a tanto carinho e dou um grande abraço de urso em meu avô. Fico assistindo o baseball com eles, mas a minha cabeça estava longe, estava Adam...O que ele estava fazendo? Será que ainda estava com raiva e confuso? Estaria pensando em mim?
Tantas perguntas sem resposta. Queria tanto está em seus braços, sentir seu cheiro, ter seus carinhos. Mas ele quis assim, tenho que respeitar sua decisão. Escuto o carro de Cass, vou abrir a porta.
- Você demorou Cass!
- Desculpe Ali, tive que fazer algumas coisas antes. Vem aqui na cozinha. Boa noite gatões.
- Boa noite Cass. – Impressionante como ocorre sincronia nessa casa.
Sigo Cass até a cozinha. Ela está agitada e estranha.
- Aconteceu alguma coisa?
- Não, nada de novo. – Sua resposta foi rápida e ríspida.
- Hum...Ok.
Chegamos na cozinha.
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- Aqui está D. Celina. – Cass entrega um pacote para minha avó.
- Obrigada minha querida. Alice, vamos para o quarto, quero que experimente isso aqui.
- O que é isso?
- Não ouviu sua avó? Vamos para o quarto. – Minha mãe me leva para meu quarto.
- Aqui está Ali, essa é a sua roupa especial para a noite da iniciação.
- Sério?! – Fiquei super agitada. Peguei o pacote e abri.
Um lindo vestido longo, branco, tomara- que – caia. Parece os vestidos usados pelas deusas gregas, o tecido é leve, delicado. Bastante fluido. A borda do vestido é rendada, assim como o busto.
- Vamos, experimente. – Minha mãe estava com os olhos brilhantes.
Fui para o banheiro e coloquei o meu belo vestido. Entrei no quarto e fui direto para o espelho...Uau, simplesmente lindo e encantador. Queria que o Adam pudesse me ver.
- Lindo, perfeito! – Minha avó estava muito alegre.
- Own Ali! Está linda, muito linda!
- Estou orgulhosa de você minha filha. Você está horando a nossa linhagem.
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Não abri mão da minha linhagem, mas tive que abrir mão do meu amor.
- Agora vamos tirar esse vestido. Você vai terminar sua lição com a Cass e depois vamos jantar.
- Ok. – Fui tirar o vestido e o guardei no armário.
- Vamos continuar. – Começou Cass.
- Matt me enviou um SMS – Cass me olha bem séria, esperando minha resposta – Vou encontra-lo amanhã na praça.
- O Quê? O que deu em você Alice! Está ficando doida?
Agora eu tive certeza que algo havia acontecendo. Cassandra estava tensa e estressada demais.
- Que foi Cass? Porque você está tão arisca?
- Nada Alice só tive uns problemas na cidade. Mas isso não vem ao caso. Porque você vai encontra-lo?
- Ele mandou uma mensagem. Cass tenho que tocar minha vida, ficou claro que o Adam não quer mais nada comigo. Tento ligar para ele, mas o celular só dá caixa postal. Ou seja, está bem claro o recado.
- Mas o Matthew Ali? Você acredita mesmo em tudo que ele te falou? Deixa de ser ingênua!
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- Ele pareceu bem verdadeiro. Ok é o Matt, o senhor egoísmo. Mas eu preciso tirar o Adam da minha cabeça. Todos os minutos penso nele, penso na decisão que tomei. Mas não posso me iludir, sei que não tem mais volta! – Não consigo segurar minhas lágrimas.
- Ali, desculpe...Pare de chorar. Nenhum dos dois merecem suas lágrimas. Só quero que você seja feliz minha amiga.
- Eu sei disso Cass, mas deixa para lá – Peguei o livro – Vamos continuar.
- Ok. Vamos começar, diga como se faz o encanto da purificação.
- Dois punhados de salvia, quatro pétalas de rosa branca, quatro pétalas de rosa amarela, um punhado de alecrim e três gotas de essência de jasmim. Coloco todos os itens no caldeirão e vou dizendo as palavras do encanto.
- Quais as palavras do encanto?
- “Afasto a tristeza, afasto o mal. Que alegria reine em teu ser, que reine neste local”.
- Muito bom!
- Preciso falar dos outros?
- Não, sei que você se dedicou bastante e que aprendeu.
Abraço a Cass, bem forte.
- Obrigada por tudo Cass!
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- Você é minha amiga-irmã, sempre vou está ao seu lado. Vamos jantar? Essa história de ser tutora me deu fome.
- Estou com fome também.
Fomos para cozinha. Ajudamos a arrumar a mesa e chamamos os rapazes para jantarem. O jantar está delicioso, o papo melhor ainda. Quando acabou, ajudei com as louças, dei boa noite e fui dormir. Vou tentar mais uma vez, espero que ele atenda.
Caixa postal.
Capítulo 30
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Alice Miller
Acordo com meu celular tocando. Ai que horas são? 8:30...Está cedo. Uma mensagem.
“Estarei te esperando as 10:00 na praça. Com amor, Matt”
Ai, o encontro com Matt. Minha cama está tão quentinha que nem dá vontade de sair. Levanto-me, relutante, e vou tomar meu banho. A água quente está maravilhosa, dá um up na hora de acordar. Termino de me arrumar e vou tomar café, estava com uma vontade enorme de sair.
- Bom dia! – Não consigo entender como minha avó consegue ter tanta disposição tão cedo em um dia frio.
- Bom dia vó.
- Nossa quanta animação hein?
- A senhora não imagina quanto estou animada. – Na verdade, estava mal humorada.
- Vai sair?
- Vou sim, quer que eu traga alguma coisa da cidade?
- Não...Só não fique muito tempo fora, não esqueça que hoje é o dia da sua iniciação.
- Eu sei. Estou saindo, vou almoçar fora. Beijo.
- Até logo!
Entre o Amor e a Magia
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Saio bem rápido, não quero encontrar a Cass. Sei que levarei um sermão dela, e não estou nenhum pouco a fim de ouvir broncas. Na verdade, nem sei por que aceitei esse convite, sou uma idiota mesmo.
Está bem frio, a neve cobre todo o terreno. Meu carro está branco, espero que o motor esteja ok. Dou a partida e ele funciona de primeira, manobro e vou rumo à cidade.
......
Adam Johnson
Não consegui dormir. As palavras de Cass estavam ecoando em minha mente, a conversa com Matthew não foi nada agradável. Realmente ele está disposto a reconquista-la, não posso permitir isso, tenho que encontrar Alice hoje. Tenho que ir a floricultura e vou aproveitar para ir ao sítio e pedi desculpas para Ali. Fui um idiota e não vou me perdoar se perde-la por causa do meu egoísmo.
- Estou saindo mãe. Vou à floricultura e depois vou encontrar a Alice.
- Mande um beijo para ela! – Grita minha mãe da cozinha.
- Ok! – Pego meu casaco e vou em direção ao meu carro.
......
Suh Chaves Linhares
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Matthew Campbell
É hoje Matt Campbell que você terá Alice de volta em seus braços. Sabia que ela não resistiria aos meus encantos. Na verdade, ela realmente me encantou. O que essa garota tem que me deixou tão confuso? E como ela ousou me dispensar?
Ninguém, em sã consciência terminaria comigo. Na verdade, mulher nenhuma me deu o fora, geralmente eu que faço esse tipo de coisa...Mas enfim, Alice tem seus encantos. É linda, inteligente, beija bem...
Até que a cidade é agradável. Faria esse esforço de visitar os pais dela algumas vezes, claro, se ela aceitar voltar para mim. O problema é esse tal de Adam, foi por causa dele que ela terminou comigo. O que ele tem que eu não tenho? Tenho certeza que não é tão rico como eu e também não deve ser nem popular...Mas ele deve ter algum atributo que não tenho, para ela terminar comigo, ele deve ter pegada.
Já são 9:55. Vou descer e esperar Alice na frente do hotel.
......
Alice Miller
Entre o Amor e a Magia
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Quando passar esse período de festas de fim de ano, vou convidar a Cass para uma tarde de compras aqui em River Green. As lojas vão ficar cheias de promoções, é ótimo para dar uma repaginada no figurino.
Hum, já são 10:00. Passou tão rápido, Matt disse que ele estaria na praça, mas acho difícil com todo esse frio. Bom, vou estacionar em frente a biblioteca e atravessar para a praça. A sorveteria do Sr. Thomas está fechada, com esse frio fica complicado vender sorvetes. Enquanto atravesso minha visão é atraída para a floricultura, a querida floricultura...Foi por causa de uma de suas flores que conheci o homem mais maravilhoso deste mundo, daria tudo para voltar para ele.
- Alice!
Saio de meus devaneios, escuto ao longe a voz de Matt. Ele está na frente do hotel.
- Olá, pensei que não viria. – Matt expõe um grande e lindo sorriso.
- Oi Matt. Disse que vinha né, estou aqui. – Meu tom foi bem ríspido.
- Calma Ali, pode baixar a guarda. É só uma conversa. Vamos subir, ficaremos mais a vontade na minha suíte.
Olho para o Matt assustada e indignada! Será que ele pensa que sou uma idiota?
Suh Chaves Linhares
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- Não quero ir para sua suíte, se quiser conversar comigo vai onde eu quiser. E eu quero conversar na cafeteria, estou morrendo de vontade de tomar um cappuccino.
- Ok, você que manda. – Matt aceita, mas sua cara é de frustação pura.
Vou andando em direção à cafeteria. Ela fica ao lado floricultura, é bem aconchegante. Tem um aspecto europeu, muito parecido com as cafeterias parisienses. Para mim, é o local mais charmoso da cidade.
- Gostei, bem charmoso. – Disse Matt fiscalizando o ambiente.
- Fico feliz que esteja a sua altura alteza.
- Sentiu sarcasmo no ar, Alice?
- Nadinha Matthew. Bom, vamos sentar aqui. – Peguei uma mesa que fica de frente para floricultura, assim posso admirar as orquídeas – Bom Matt, o que você quer tanto falar comigo?
- Sobre nós Alice. Apenas sobre nós.
- Matt, já te disse que não existe nós. Acabou. Entendeu ou quer que eu desenhe?
- Ali, me dê outra chance. Eu me abalei até aqui por você, sabe o que eu larguei para está aqui?
- Festas, iates, garotas? – Estou sendo irônica e dura demais com ele.
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- Meu estágio Alice. Você sabe o quanto isso é importante para mim, mas eu larguei porque você não sai da minha cabeça.
- Foi porque eu te larguei e você não aceita isso. Você me quer de volta para me largar depois.
- De onde você tirou essa ideia absurda?!
- Do tempo que namorei com você. Aprendi várias coisas e entre elas é que tudo gira em torno de você.
- De mim? Eu vim aqui por você! Sabe o quanto eu sofri, o quanto isso atrapalhou no meu trabalho, nas minhas férias?
- Olha quem apareceu? O Sr. egocêntrico, estava demorando!
- Lá vem você!
- Viu, é sempre você! Tudo tem que ser em torno de você! Parou para pensar em como eu estava sofrendo, parou para pensar nas palavras duras que você me disse ao telefone e que me deixou chorando a noite inteira? Não, é claro que não. Você só pensa em si mesmo Matt!
- Mentira! Se eu fosse tudo isso nem estaria aqui. Mas, você fala em sentimentos e que sofreu?
- Sim, você me fez sofrer!
- Interessante. Porque mal acabou comigo e já foi se jogando nos braços de outro!
Suh Chaves Linhares
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Algumas pessoas nos olharam. Foi ai que percebemos que o tom de nossas vozes tinha aumentado. A declaração de Matt me pegou desprevenida, fique sem palavras. Falei entre os dentes, minha raiva estava começando a aumentar.
- Eu já tinha terminado com você Matt. Não foi do jeito que você pensa.
- O que ele tem que eu não tenho? – Matt puxa a cadeira para perto de mim.
- Tudo...Não é egoísta, nem mandão. Me respeita, me entende, me ama de verdade.
- Nossa, Adam deve ser o máximo! Não foi o que me pareceu quando ele veio me agredir no hotel. – Matt exibia um sorriso irônico.
Não conseguia acreditar no que tinha escutado.
- O que você disse?
- Isso mesmo. Ele foi ao meu hotel e disse para me afastar de você, por que poderia me arrepender. Ficou todo nervosinho por saber que estou aqui.
Como ele soube? Já sei...Cass deve ter comentado com o Phil.
- Você deve ter dito alguma coisa que tirou ele do sério. Adam não te atacaria sem motivos.
Entre o Amor e a Magia
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- Hum, o senhor perfeito. Ele ficou com raiva porque eu disse que eu te conhecia mais do que ele...Em cada detalhe. – Matt sorriu.
A raiva foi tanta que eu não aguentei e fui para cima dele.
- Seu cretino!
Mas ele me segurou e me agarrou pela cintura.
- Adoro mulheres bravas. Me deixam com mais vontade de doma-las.
- Não sou seu animal de estimação para ser domada! Me solta!
Quem olhava pensava que era apenas um casal em cena romântica. Estava fazendo de tudo para não ter escândalo, por causa dos meus pais. Eles não iam ficar felizes em saber disso, em respeito a eles tive que me controlar.
- Eu te disse para me soltar.
- Calma gatinha. Estava com saudades de você tão pertinho de mim.
- Você não mudou nada mesmo, seu cafajeste!
Com o meu braço livre consigo me livrar de Matt e saio da cafeteria, vou em direção à praça, esta conversa já tinha dado o que tinha que dar. De repente, Matt corre atrás de mim e me puxa pelos braços. Foi tudo muito rápido, Matt prende meus braços e começa a me beijar. Viro meu rosto para não corresponder ao seu beijo, ele é forte e por isso não consigo me soltar. Ele continua beijando meu
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rosto, meu pescoço. Parecia que estava louco. Piso bem forte com o salto da minha bota no pé dele, consigo me soltar e corro.
Ele é atleta, conseguiu se recuperar rápido. Matt corre atrás de mim e consegue me alcançar. As pessoas na rua olham intrigadas, mas sem muita preocupação.
- Você pensa que vai fugir de mim Alice?
- Você é louco Matt, me solta!
- Não! Você é minha, e só vai deixar de ser minha quando eu quiser! Entendeu?!
- Nunca fui sua!
Ele segura meu rosto e me beija novamente. Luto para me soltar de seus braços, mas não consigo.
......
Adam Johnson
Já que vou à floricultura, vou aproveitar e levar um lindo buquê de rosas para Alice, ela vai amar. Vou estacionar meu carro longe do hotel, não estou a fim de encontrar aquele imbecil na minha frente. Vou manobrar e estaciona-lo aqui perto da praça, vou cortar
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caminho pela praça mesmo, vai ser mais rápido e assim ganho tempo para...Mas o que é isso!
- SOLTE ELA AGORA!
......
Alice, Adam e Matt
Viro a cabeça em direção ao grito...É o Adam!
- Solte ela agora seu idiota!
Adam veio em nossa direção correndo, seu rosto estava vermelho e com muita raiva. Ele me puxou dos braços de Matt.
- Você está bem Ali?
- Sim, estou.
- Ora, ora. O príncipe caipira chegou para resgatar sua amada – Matt bate palmas com desdém – Você ganhou pontos hein, deveria ter pensado nisso também.
Adam se aproxima mais de Matt. Algumas pessoas param para ver o que está acontecendo.
- Nunca mais encoste na Alice!
- Que pena, esse aviso chegou tarde. Acabei de sentir o gosto dos lábios dela.
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Adam não consegue se conter e dá um soco no rosto de Matt.
- Adam! – Grito assustada, meu coração está para sair pela boca.
- Não vou admitir que fale assim dela!
Matt se recupera e vai em cima do Adam, ele dá um soco no queixo do Adam, ele cai. Estou em choque, não consigo me mexer.
- Seu idiota! Eu encosto nela quantas vezes eu quiser, aliás, já encostei nela de vários jeitos, coisa que você nunca fez!
Adam se levanta e derruba Matt. Então a briga fica pior.
As pessoas estão se aglomerando, fico estática. Matt e Adam estão rolando pelo chão da praça, dando socos e pontapés um no outro.
- Ela é minha namorada! – Grita Adam
- Não seu imbecil! Ela será minha! – Matt, com a boca sagrando fala rindo.
Mais golpes e chutes ocorrem entre os dois, até que percebo que isso é tudo por minha causa e que apenas eu posso acabar com isso. Saio do meu estado de choque.
- JÁ CHEGA! – Grito bem alto. As pessoas que estavam na praça assistindo a briga se assustaram, eu mesma me assustei. Adam e Matt se viram para mim.
- Já chega! Parem com isso, olha o estado de vocês! Parecem dois gladiadores dando espetáculo! Estou cheia de vocês!
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- Como é que é? – Adam se levanta indignado, seu rosto estava machucado.
- Porque você está dizendo isso Alice? – Matt fica sentado no chão me olhando, sua boa e nariz estavam sangrando.
- Isso mesmo, estou cheia de vocês! Os dois são egoístas, não pensam no que eu sinto. Só pensam em vocês! É só vocês que sofrem, que ficam ofendidos...Já pararam para pensar em mim?
- Ali eu sei que errei, eu estava indo atrás de você, sei que magoei! – Diz Adam.
- Magoou? Você me feriu, destroçou meu coração – Não consegui segurar minhas lágrimas – Não parou para pensar nenhum minuto em nós, não acreditou no nosso amor Adam!
- Depois eu que sou egoísta. – Matt diz com riso irônico.
- Cala a sua boca Matt! Você conseguiu ser pior que o Adam, você nunca me valorizou, nunca me amou de verdade! Sempre fui seu brinquedo, seu troféu...E eu, ingênua acreditei nas suas mentiras! Estou cansada! Não aguento mais caras como vocês! Me esqueçam! Por que eu vou esquecer vocês!
- Ali! Espera! – Adam vem atrás de mim.
- Não entendeu o que eu disse Adam? Vai querer que eu desenhe? Me esquece!
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Adam e Matt ficam parados me olhando ir embora. Praticamente a cidade inteira viu aquela briga, meus pais vão odiar saber disso...Mas sinceramente, não ligo. Estou com raiva e indignada. Parecia dois lobos lutando por um pedaço de carne, não pararam para pensar em mim, só pensavam em que ia ficar comigo...Só isso.
- Está contente agora? – Matt encara Adam.
- Você some da minha frente.
- Conseguiu o que queria, ela não vai ficar comigo...E nem com você, irônico não?
- Só não te dou outro soco, porque estou preocupado com a Alice.
- Esquece, nem eu e nem você vamos fazê-la mudar de ideia. Conheço bem...Então, vou embora, não consegui o que eu queria...Mas, quando as aulas voltarem, posso fazer mais uma investida...Coisa que você não poderá, que pena...
- Você é mais imbecil do que eu pensava.
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Capítulo 31
Dou partida no carro e acelero. Só quero chegar em casa, só quero ficar longe de tudo isso. Como eles podem fazer isso comigo? Esperava isso do Matt, mas não do Adam.
Será que não tenho sorte no amor? Será meu destino me envolver com homens egoístas, ou eu que exijo demais das pessoas? O problema pode ser comigo também...Ah! Que se dane! Vou seguir minha vida, quem sabe um dia encontro alguém.
Diminuo a velocidade, não quero me matar. Tenho que me acalmar, não quero deixar minha família preocupada. Principalmente em um dia especial. Tenho que está calma, quero que tudo seja perfeito
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hoje. E amanhã será meu aniversário, mas não vou querer festa. Sem clima para isso.
Depois de uma hora chego. Olho meu rosto no retrovisor, um pouco inchado...Fazer o que? Vou inventar alguma desculpa.
- Finalmente você chegou! Já almoçou? - Cass me pergunta.
- Não, estou sem fome. – Minha voz foi muito ríspida.
- O que aconteceu?
- Nada! Por que você sempre acha que aconteceu alguma coisa?! – Explodi sem quere com a Cass. Fui pro meu quarto, Cassandra veio atrás.
- Se te perguntei foi porque alguma coisa aconteceu, foi o Matt?
- Foi o Matt, foi o Adam! – sento na cama e começo a chorar – Eu disse para eles me esquecerem Cass. Queria dizer isso só para o Matt, mas disse pro Adam também.
- Calma Ali, por que você disse isso para o Adam?
- Fiquei com raiva dos dois. Ele e Matt estavam brigando na praça – Cass me olha assustada – Ele brigaram por minha causa, teve socos e chute.
- Minha nossa! Mas porque aconteceu isso?
- Matt me agarrou e quis me beijara a força, Adam viu e partiu para cima dele.
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- Matt sempre tem que ser desagradável. Escuta Ali, descansa e depois você almoça. Hoje é um dia especial para você e tens que ficar fabulosa. Hoje é seu dia e não deixa nenhum cara acabar com isso.
- Ok.
Deito-me e fico pensando no que aconteceu. Cass fica comigo até eu pegar no sono.
......
- Alice, acorde.
- Não, deixa eu dormir Cass. – Me viro para o outro lado.
- Alice, você tem que comer alguma coisa e tem que se arrumar para sua iniciação.
Levanto-me, minha cabeça estava latejando. Estava sem vontade de comer, mas precisava está com uma aparência ótima...Hoje é o grande dia.
- Que horas são Cass?
- São 20:00.
- Nossa! Está tarde, porque não me acordou mais cedo?
- Sua mãe disse que era para te deixar descansar.
Suh Chaves Linhares
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- Vou tomar banho primeiro, depois vou comer. – Me levanto e vou para o banheiro.
- Ok, vou dizer para sua avó preparar o jantar.
Abro o chuveiro, a água estava ótima. Estava precisando disso, precisava relaxar depois de todo o estresse que aconteceu pela manhã. Será que Matt já foi embora? Será que Adam ficou muito machucado? Queria tanto ele aqui comigo...Ele disse que estava vindo atrás de mim, o que ele queria? É uma coisa que jamais saberei.
Termino meu banho e coloco meu pijama de flanela com estampas de pequenos carneiros, é meu preferido e bem quentinho. Meu estômago está roncado, preciso comer algo.
- Olá! – Tento parecer animada e fingir que nada aconteceu pela manhã.
- Oi filha, com fome? – Minha mãe nem espera minha resposta, vai logo preparando um prato com arroz, salada e bife.
- Morrendo de fome, cadê os homens dessa casa?
- Estão preparando o local que será a iniciação. – Responde minha avó.
- Eles vão participar?
- Não, na iniciação só bruxas e bruxos que participam. Minha mãe e algumas pessoas estão a caminho. – Responde Cass toda animada.
Entre o Amor e a Magia
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- Nossa, vai ser um evento então?
- Sim Alice! – Minha avó fiou surpresa com minha pergunta – A iniciação de um novo bruxo é algo muito sério e importante, não esqueça que você fará 21 anos. Além da iniciação é seu aniversário também, é uma dupla comemoração.
- Uau...Vou ganhar duas festas, gostei disso. Mas, cadê os balões e o bolo?
- Isso vai ficar na responsabilidade dos rapazes. Nossa atenção é para você. – Minha mãe estava visivelmente emocionada.
- Bom, terminei. Estou saciada.
- Ótimo vamos para seu quarto, você precisa se arrumar. – Minha avó sai na frente, seguimos ela até meu quarto.
- Primeiro vamos arrumar seu cabelo, depois a maquiagem e por último a roupa. Meninas vamos começar. – Minha mãe deu as ordens, os preparativos se iniciaram.
Cass pega o secador, em seguida pega uma mousse e passa com bastante agilidade no meu cabelo. Depois ela pega o babyliss e começa a fazer vários cachos abertos, foi um trabalho bem demorado e para finalizar espirrou um spray fixador para o penteado não desandar.
Minha mãe é a responsável pela maquiagem. Ela passa base em todo meu rosto, depois começa a passar delineador e rímel pretos
Suh Chaves Linhares
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em meus olhos. A sombra escolhida foi pérola e rosa queimado, tudo para ficar com um look bem sereno. O blush também foi um rosa mais claro e ela finalizou com um batom vermelho claro.
Minha avó aparece segurando uma espécie de coroa feita de flores...É linda, gentilmente coloca em minha cabeça e arruma os cachos feitos pela Cass. Finalmente coloco minha túnica branca linda. Fui me olhar no espelho e fique sem palavras.
Me senti uma mulher grega, a túnica era longa e cobria meus pés. Eu estava linda!
- Minha bebê, você está divina. – Minha mãe me abraça e sei que está chorando.
- Calma mãezinha, está tudo bem.
- Preciso tirar uma foto! – Cass pega o celular e tira um foto minha – Está linda Ali!
- Bom você fica aqui no quarto, eu e as meninas vamos nos preparar.
- Espera! Está frio lá fora, como vou ficar só com essa roupa? O tecido é fino, vou congelar!
- Calma Alice, isso já está resolvido. Fique quieta aqui – Minha avó falou bem sério – Vamos meninas, agora é a nossa vez. – E todas saem do quarto.
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Vou novamente me olhar no espelho. Queria que Adam me visse assim, na verdade queria que ele estivesse aqui. Seria tudo perfeito, mas acho que perfeição não existe.
......
Já se passaram três horas que me arrumei, e ainda estou presa no quarto. A minha única distração foi ficar navegando na internet e tive que fazer um esforço enorme para não ficar bagunçada.
- Oi. – Cass põe a cabeça na porta.
- Finalmente alguém veio dar sinal de vida!
- Olha como fala com a sua tutora hein. Vamos já são 23:00. Os convidados estão ai.
- Convidados?
- Sim minha querida. Hoje você será apresentada a um seleto grupo de bruxos celtas. – Cassandra falou com bastante respeito essa frase.
Fiquei nervosa.
- Ai meu Deus! Estou para ter um ataque!
- Calma Alice! Que coisa! Haja normalmente, são pessoas comuns como qualquer outra.
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- Você faça isso porque já é uma bruxa, eu não, vou me tornar uma ainda.
- Fique calma, vamos.
Quando cheguei na sala fiquei paralisada. Estava tudo decorado com balões transparentes e brancos. Havia vários arranjos de flores copo-de-leite na sala, a lareira estava acessa e na mesa de jantar um lindo bolo de dois andares. Meu pai, meu avô e meu tio Robert fizeram um belo trabalho.
Vou ao encontro de meus pais. Todas as mulheres estavam com túnicas longas e brancas, o que diferenciava da minha é que a delas era com alças.
Minha avó me leva para o centro da sala e me apresenta formalmente.
- Boa noite a todos! Hoje é um dia muito especial, minha neta Alice Miller será ordenada bruxa!
Todos batem palmas.
- Seja bem vinda Alice! – Eles falaram em uníssono.
- Obrigada por participarem deste momento especial. – É o máximo que consigo dizer.
Estava na presença de verdadeiros descendentes de celtas. Os homens estavam com calças brancas e túnicas vermelhas longas,
Entre o Amor e a Magia
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pareciam altos sacerdotes da Grécia antiga. Todos me cumprimentaram e me desejam sorte nesta nova fase.
- Filha, estou orgulhoso de você – Meu pai me abraça – Mais uma bruxinha na minha vida. – Começamos a rir.
- Obrigada pai, por ser tão maravilhoso e por me ensinar tantos princípios. – E nos abraçamos de novo. Meu avô e meu tio me abraçam também e me parabenizam.
- Ok, está na hora – Diz minha mãe – Convido a todos os membros consagrados para a cerimônia de iniciação.
Capítulo 32
A frente da casa estava linda! Mini lâmpadas decoravam toda a varanda, um caminho foi feito com pétalas de várias flores e era iluminado com tochas. Esse caminho ia em direção ao pomar do vovô.
Os bruxos mais velhos iam à frente, eu ia no meio e o restante vinha logo atrás. Não sei se havia alguma magia feita porque não estava sentido nenhum frio, ao contrário, a noite estava muito agradável. Entramos na trilha bem iluminada pelas tochas e chegamos à clareira. O que eu vi me deixou maravilhada.
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Até uns dias atrás, essa mesma clareira estava coberta de neve. Era só um grande tapete branco...Mas hoje não há nenhum floco de neve, a clareira está coberta de flores, muitas flores. Um grande círculo feito com as tochas iluminava para além do pomar e todas as árvores estavam frondosas...A magia, literalmente estava no ar.
Minha avó me leva para o centro da clareira, os outros membros fazem um círculo em volta. Um senhor, da idade do meu avô, se aproxima. Ele é o bruxo-mor.
- Nesta noite abençoada pelas deusas celtas, será realizada a iniciação de mais um membro celta – O bruxo-mor se vira para mim – Nesta noite ocorrerá a sua consagração no reino da magia. Alice, você conhecerá os mistérios da natureza, os mistérios da vida. Ajoelhe-se. Que comece a cerimônia!
Os outros bruxos e bruxas que formam o círculo se dão as mãos. Minha mãe, minha avó e Cass se aproximam do bruxo-mor. Ele ergue os braços para o céu.
- Deusas celtas, apresento sua mais nova filha Alice Miller. Pedimos que cuide dela e a oriente no mundo da magia. Oriente seus passos, abra sua mente e seu coração. Que ela seja justa e que saiba honrar os códigos celtas.
Os bruxos que estão no círculo soltam suas mãos e as levantam em direção ao centro. Nesse momento, uma luz forte invade a clareira, a luz vinha desses membros. Eram luzes brancas e lilás. Minha mãe, minha avó e Cass unem as mãos e quando fazem isso um redemoinho de folhas e flores surge ao meu redor. As luzes
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emitidas pelos outros se junta a esse redemoinho, e delicadamente, sou levantada do chão...Não estava com medo, estava sentindo uma tranquilidade e um poder bem grande.
- Receba, oh grandes deusas sua mais nova filha – Todos estavam em coro – Mostre seus segredos e seus conhecimentos. Oh lua crescente, oh lua cheia, oh lua nova, que teus raios concedam força e vitalidade a bruxa Alice Miller. Que seus poderes sejam aperfeiçoados e que sua magia seja usada com sabedoria.
Delicadamente, fui colocada no chão. O bruxo-mor fica na minha frente e diz:
- Erga sua mão direita Alice e leia o juramento. – Um grande livro, que nem o da minha avó, estava aberto na minha frente.
- Eu, Alice Miller, prometo servir as três grandes deusas celtas. Aprendendo seus códigos e seus ensinamentos. Prometo também, não usar meus poderes contra as pessoas e contra a natureza. Prometo usar minha magia para ajudar o próximo e cuidar da natureza. Prometo me dedicar aos estudos da magia, e proteger a todos que amo. Eu juro e assim tenho dito.
- Que seja jurado e que seja dito! – Todos falam juntos.
- Eu, como o bruxo-mor, descendente direto da linhagem celta nórdica, te consagro Alice Miller, como bruxa da natureza.
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Todos aplaudiram. Não consegui conter minha emoção, lágrimas de alegria rolavam em meu rosto. Minha mãe, vovó e Cass me abraçaram juntas. Foi perfeito!
......
A festa está ótima! O melhor aniversário que já tive. Assim que cheguei em casa, meu pai, vovô e tio Robert me abraçaram tão forte que quase fiquei sem ar. Além deles estavam Phil, Andrew e o Sr. Lee. Aproveitei para conversar com os outros membros sobre suas experiências, foi muito bom, eles me ensinaram várias coisas.
Dançamos, cantamos, brincamos e comemos muito. Estava muito feliz. A festa foi até o dia amanhecer. Fiz questão de ficar acordada até cada convidado ir embora...E depois que eles foram, a aura de magia que nos protegia do frio se dissipou, fiquei impressionada quanto poder eles tinham.
Estou eufórica, mas também muito cansada.
- Preciso dormir. Não posso ser uma bruxa descente com olheiras enormes no rosto.
- Você está certa – Diz minha vó – Para cama, todos!
E cada um foi para seu quarto.
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Capítulo 33
Não sei quantas horas eu dormir, olhei no celular e já eram 17:00. Foi tudo perfeito, minha iniciação, meu aniversário, chegada do ano novo. Levanto-me e vou tomar um banho para espantar o sonho, também estou com fome. Vou para cozinha, acho que deve ter sobrado bolo, encontro minha avó olhando pela janela da cozinha.
- Oi vozinha. – Dou um beijo em seu cabelo.
- Olá, minha neta bruxinha. Dormiu bem?
- Sim, estou com fome, ainda tem bolo?
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- Sim – Ela pega um prato e vai à geladeira e me serve uma fatia.
- A senhora está estranha, o que foi?
Ela senta ao meu lado e me olha.
- Alice, você deu um grande passo na sua vida agora, cheio de responsabilidades. Lembre-se que você é uma bruxa, mas que você também é humana. Pode se divertir e amar. Não feche seu coração, pense em todas as possibilidades. Um dos maiores dons de uma bruxa é a intuição. Saiba escuta-la sempre.
Dizendo isso, minha avó me beija na testa e vai para seu quarto. Aquelas palavras pesaram bastante e sei que isso foi um conselho de ouro. Decido ir até o pomar, preciso pensar, aprender a ouvir meu sexto sentido.
......
Depois de alguns minutos chego ao pomar. A cena que vejo é bem diferente do cenário visto ontem, o grande tapete de neve volta a reinar. Aprendi algumas magias ontem, e a minha conversa com os bruxos mais experientes foi bem produtiva. Eles me falaram que quanto mais concentrada for uma bruxa, mais forte ela será...Bom, sou muito concentrada em tudo que faço. Sei que preciso estudar muito, mas isso não vai ser problema para mim. O curso livre de latim que fim na faculdade vai ser bem útil agora, já que a maior parte dos encantamentos é em latim.
Vou para o meio da clareira e decido treinar as magias que aprendi. Vamos lá Alice, você consegue, se concentra.
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Vamos ver se eu consigo fazer algumas flores crescerem por debaixo desse gelo: flores excrescunt!
E a magia acontece. Devagar, pequenas flores vão surgindo da neve. Funcionou!
Agora, quero graminhas: herba!
E o tapete de neve vai dando lugar a um lindo tapete de gramas. Quero mais flores: concrescant flores!
E um belo jardim começa a se formar na minha frente. Começo a rir que nem criança, jamais imaginei que poderia fazer tal coisa, que fosse presenciar tanta beleza. Será que consigo fazer um redemoinho? Vou tentar, concentração.
Foliis supernatet vento, vento gurgite!
Consegui! Meu próprio redemoinho de folhas!
De repente, sinto uma presença. Fico alerta. Preciso parar a magia e prestar atenção ao meu redor.
Obturatio! - E o redemoinho cessa.
Nossa, fiquei um pouco cansada. Sabia que consumia muita energia, estou quase esgotada. Preciso treinar isso também.
Quando viro para ir na direção da trilha, levo um susto e paro. Não acredito no que vejo.
......
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Adam está parado, me olhando assustado. Acho que ele viu todos os encantos que fiz. Estou assustada também, senti sua presença. Não sei o que está passando na cabeça dele.
- Adam?!
- Hã...Oi Alice...Uau! Era você que estava fazendo tudo isso?
Hesitei um pouco, mas olhei firme para ele.
- Sim, fui eu. Minha iniciação foi ontem.
Ele ficou me olhando e começou a se aproximar de mim.
- Parabéns, duplamente. Pelo seu aniversário e pela sua iniciação. Deve ter sido lindo.
Sorrio ao lembrar de tudo.
- Sim, foi lindo. Belíssimo.
- Alice, quero conversar com você. Posso?
Meu coração bateu forte demais. Acho que até Adam escutava meus batimentos.
- Pode falar.
- Ali, me perdoa? Fui um idiota, não apenas ontem, mas desde que você me disse que era uma bruxa. Fiquei com medo, estava confuso. A conversa que a Cassandra teve comigo foi uma sacudida para realidade.
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- Cass? Não sabia que ela tinha ido conversar com você.
- Sim, até levei um tapa, mas foi um tapa positivo.
Fiquei surpresa, não sabia nem da conversa e nem do tapa. Olhando melhor, percebo um leve hematoma no rosto dele.
- Adam, não sabia disso. Sinto muito.
Adam se aproxima mais e pega na minha mão.
- Ali, quero reatar nosso namoro. Por favor me dê outra chance.
Solto minhas mãos.
- Você acha que pode chegar aqui, se desculpar, pedir para voltar e fingir que nada aconteceu?
- Eu seu, mas...- O interrompo.
- Mas o quê Adam? Eu me senti destroçada, você não ligou para o meu amor. Você agiu que nem o Matt, só pensou em si.
Não queria chorar, mas não consegui. Adam me abraça.
- Me perdoa Alice! Eu fui um canalha, um idiota. Mas percebi que eu te amo que sou louco por você.
Não consigo falar nada. Adam me olha nos olhos.
Suh Chaves Linhares
241
- Ali, só vou embora se você disser que não me ama. Que você me odeia que eu matei todo o amor que você tinha por mim. Mas quero que você diga isso olhando nos meus olhos.
Olho para Adam, e ele também chora.
- Alice, você ainda me ama?
Consigo me soltar e saio correndo para a trilha. Adam vai atrás e me alcança.
- Eu preciso saber Ali!
- Eu te amo Adam! Eu te amo muito!
- Oh Alice, eu te amo meu anjo. Você é o amor da minha vida!
Ele me abraça e nos beijamos. O melhor beijo da minha vida. Um beijo cheio de saudade, de amor. Um beijo intenso, onde cada canto de nossos lábios sentia o amor que emanava de nossos corações.
- Posso te contar um segredo? – Pergunta Adam.
- Pode.
- É a primeira vez que beijo uma bruxa.
- E como foi a experiência?
- A melhor de todas. – E voltamos a nos beijar.
- Já beijou alguém no ar? – Pergunto.
Entre o Amor e a Magia
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- No ar como assim? – Ele me pergunta intrigado.
Levitate!
E começamos a levitar suavemente. Adam me olha assustado.
- Ali, isso é seguro? – Me olha assustado.
Começo a rir.
- É seguro quando a energia está completa. Mas como estava exercitando, estou um pouco fraca.
- Alice Miller, não brinca com coisa séria!
- Adam.
- Oi. – Olhando para baixo.
- Cala a boa e me beija!
Ele me dá o mais lindo sorriso.
- Seu desejo é uma ordem, senhorita.
- Eu te amo Adam.
- Eu te amo Alice. Para sempre.
E foi assim, levitando, que demos o beijo mais mágico de nossas vidas.
Suh Chaves Linhares
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Epílogo
Dois meses se passaram desde a minha iniciação. As aulas começaram, voltei para SunsetFalls. E Adam voltou para Georgetown. Confesso que fico contando os dias para chegar o final de semana para poder vê-lo. Algumas vezes vou para Georgetown, outras ele vem para SunsetFalls...Mas o que realmente importa é que nosso namoro está maravilhoso e nosso amor cada vez mais forte.
Quanto a Matt, continua o mesmo idiota de sempre. Assim que as aulas começaram, ele ainda tentou me convencer que tinha feito a escolha errada, mas graças as boas deusas, ele viu que nada ia fazer eu terminar com o Adam e desistiu de mim. Agora esta namorando uma moça de uma família influente da cidade. Finalmente achou alguém parecido com ele.
Cass e Phil estão noivos. Cassandra está nas nuvens, afinal, Phil é seu amor de infância. Estou super feliz por eles!
Entre o Amor e a Magia
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Minha família está bem. Todo feriado vou encontra-los e meu lugar preferido continua sendo o sítio, especialmente um lugar em especial: o pomar. Foi lá que minha vida desabrochou, foi lá que me aceitei, aonde eu virei uma bruxa, onde recomecei com o amor da minha vida.
Escolher entre a o amor e a magia foi difícil, fiz as escolhas certas e percebo que preciso ter os dois para viver.
Aliás, o que seria do amor senão existisse a magia?

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